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CRISE HUMANITÁRIA
Retomadas as obras na pista de pouso da Terra Yanomami em Surucucu
A ministra Sonia Guajajara durante coletiva de imprensa em Boa Vista (RR). Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, confirmou a retomada da reforma da pista de pouso na região de Surucucu, que faz parte da Reserva Indígena Yanomami em Roraima. Com as obras, será possível iniciar a montagem de um hospital de campanha dentro da região e uma abordagem mais próxima da comunidade. A previsão é de que as ações sejam finalizadas em até três semanas.
No domingo (5/02), a ministra visitou o polo base Surucucu e sobrevoou a região de Homoxi Hewetheu – onde ainda há concentração de garimpeiros. A comitiva contou com representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Articulação dos Povos Indígenas do brasil (Apib), além de representantes de lideranças indígenas. “Há uma grande destruição do território. É muito garimpo”, destacou a ministra.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, informou nesta segunda-feira que as operações de segurança voltadas para a retirada dos garimpeiros da região terá início nesta semana. Dino disse acreditar que aproximadamente 80% dos garimpeiros deixarão os territórios indígenas antes mesmo de a fase coercitiva ter início. "O fluxo de saída de garimpeiros está na casa de milhares e vai aumentar", disse.
COMBATE À FOME – Outra frente de trabalho essencial, segundo a ministra, é estabelecer um plano de reconstrução da capacidade dos indígenas de produzirem a própria alimentação. Isso envolve um trabalho com foco na recuperação dos rios e terrenos degradados e uma parceria para formular um plano de produção de alimentos, com entrega de ferramentas, sementes e insumos.
Segundo Sonia Guajajara, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate a Fome está providenciando os equipamentos para a perfuração dos poços artesianos e, também, para a construção de cisternas para armazenamento de água. “Nesse momento é urgente o acesso à água potável para o povo Yanomami beber dentro do território. Hoje eles são impedidos em função da presença do garimpo ilegal e da contaminação das águas. Estamos na missão de devolver a dignidade para este povo”, afirmou.
Sonia Guajajara permanece em Roraima até quarta-feira (8/02), quando está prevista a chegada dos ministros da Defesa, José Múcio; do ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida; e do secretário especial de Saúde Indígena, Weibe Tapeba.
BALANÇO – Até o momento, o Governo Federal entregou mais de 76,7 toneladas de mantimentos e medicamentos à população Yanomami. O número é referente a 3.839 cestas básicas. O trabalho é coordenado pelo Ministério da Defesa e executado pela Força Aérea Brasileira (FAB), que transporta suprimentos desde 21 de janeiro. Neste período, a FAB viabilizou cerca de 51 evacuações aeromédicas com indígenas em situação grave de saúde. No Hospital de Campanha da FAB, que está localizado ao lado da Casai, em Boa Vista (RR), os militares já realizaram cerca 720 atendimentos médicos
REFORÇO – No último domingo (5/02), mais 40 profissionais da Força Nacional do SUS chegaram a Boa Vista. Destes, 28 serão capacitados para fazer o diagnóstico de malária e desnutrição em três polos de atendimento sanitário dentro do território Yanomami: Auaris, Surucucu e Missão Catrimani. Os demais vão completar a equipe que realiza atendimentos na Casa de Saúde Indígena (Casai). No grupo há nutricionistas, farmacêuticos, assistentes sociais, médicos e enfermeiros – todos habilitados no programa do Ministério da Saúde.