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CRISE YANOMAMI
Parceria federal permite retorno de 174 indígenas à Terra Yanomami em Roraima
Base do Governo Federal no rio Uraricoera sofreu atentado. Foto: Ibama/ Divulgação
Entre o último sábado (18/2) e a quarta-feira (22/2), o Ministério da Saúde garantiu o retorno de 174 indígenas Yanomami aos seus territórios. A ação conjunta de deslocamento foi realizada por equipes da Secretaria Especial de Saúde Indígena e do Ministério da Defesa.
A fase um, que era de persuasão, foi cumprida, demos um tempo. Como há ainda duas ou três áreas em que as pessoas estão insistindo, vamos, nesta nova fase, fechar o tráfego aéreo e efetuar prisões e apreensões”
Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública
Ao todo, 74 Yanomami que eram atendidos na Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai) receberam alta e retornaram ao território. A articulação também garantiu o transporte de outros 100 indígenas que estavam no polo de Surucucu para comunidades de origem.
Atualmente, a Terra Indígena Yanomami (TIY) e a Casai contam com oito equipes da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) e, nesta quinta-feira (23/2), mais quatro serão enviadas aos polos de Waputha, Kataroa e Surucucu, totalizando 40 profissionais em atuação. O esforço dos profissionais já garantiu um total de 1,9 mil atendimentos nos polos bases. Na Casai, o total é de 434 atendimentos e 181 altas.
ESPAÇO AÉREO – Em outra frente do atendimento à crise nas Terras Indígenas Yanomami, os ministros da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e da Defesa, José Múcio, tiveram uma reunião nesta quinta, 23/2, para definir novas ações no desmonte da estrutura do garimpo ilegal e na expulsão de garimpeiros do território indígena em Roraima.
Anteriormente previsto para 6 de maio, o período de fechamento do espaço aéreo na região será antecipado para 6 de abril. Conforme os ministros, ainda ocorrem voos ilegais, embora o número tenha caído de 30 para cerca de dois por dia. Outra redução drástica foi a do número de garimpeiros: os antes 15 mil estimados agora não chegam a mil.
“Identificamos áreas onde há apoio a essas operações ilegais, e esses serão alvos de operações nos próximos dias, de modo que estamos atualizando o planejamento. O que estamos afirmando é que Defesa e Justiça, em conjunto, vão ampliar essas ações agora em março e, com certeza, até 6 de abril teremos o fim dessa atividade ilegal”, afirmou Flávio Dino.
Além de desestruturar garimpos, a operação efetuou prisões de envolvidos em empresas clandestinas, identificou criminosos e avançou no mapeamento sobre o destino do ouro ilegal. “A fase um, que era de persuasão, foi cumprida, demos um tempo. Como há ainda duas ou três áreas em que as pessoas estão insistindo, vamos, nesta nova fase, fechar o tráfego aéreo e efetuar prisões e apreensões”, ressaltou Dino.
BALANÇO - Na semana passada, foram apresentados os primeiros dados da Operação Yanomami. Entre eles está a inutilização de mais de 11 toneladas de cassiterita - óxido que constitui o principal minério de estanho - 37 balsas, duas aeronaves, uma embarcação e cinco motores utilizados por garimpeiros, além de três barracas.
A Operação da Polícia Federal também apreendeu duas máquinas de extração de cassiterita, quatro embarcações, oito motores, 1.150 litros de gasolina, meia tonelada de alimentos e itens como celulares, baterias e motosserra.
ATENTADO – Uma base federal instalada há duas semanas na aldeia Palimiú, na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, foi alvo de atentado na madrugada desta quinta-feira (23/2). Segundo informações do Ibama, criminosos armados furaram o bloqueio montado no rio Uraricoera e atiraram contra agentes que haviam abordado uma das embarcações. Os fiscais revidaram e um dos garimpeiros ficou ferido. Ele foi detido pela Polícia Federal (PF) por atacar servidores públicos e estava internado até o início da noite desta quinta.
Os criminosos desciam o rio em sete "voadeiras" de 12 metros carregadas de cassiterita. O carregamento de minério roubado foi identificado por drones operados pelo Ibama. Após o ataque, os criminosos fugiram. A segurança da base de controle, instalada no dia 7 de fevereiro, é realizada por agentes da Força Nacional de Segurança Pública, da Polícia Rodoviária Federal e do Ibama.
O objetivo principal da base é impedir a entrada de barcos com suprimentos e equipamentos para garimpos no território Yanomami. Desde a instalação de uma barreira física com cabos de aço, no último dia 20, nenhum barco carregado seguiu em direção aos garimpos.
A partir do evento desta quinta, a Força Nacional e a Polícia Federal decidiram reforçar o efetivo na região.
Fontes: Ministérios da Saúde, da Justiça e Segurança Pública e Ibama