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CRISE HUMANITÁRIA
Comitiva interministerial chega a RR para acompanhar trabalho de apoio aos povos indígenas
Foto: Igor Evangelista (MS)
Nesta quarta-feira (8/2), uma comitiva interministerial desembarcou em Boa Vista (RR) para acompanhar a ação emergencial que o Governo Federal tem realizado para reverter a crise de desassistência sanitária e nutricional que vive o povo Yanomami. O grupo foi integrado pelos ministros da Defesa, José Múcio; dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida; da presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, entre outros representantes da frente de apoio aos indígenas.
"É muito importante esta visita à Roraima. Demonstra a importância que o Estado brasileiro atribui à situação Yanomami. O fato de ministros de Estado estarem aqui, juntos, é sinal que há um ímpeto na resolução do problema. Vamos encontrar soluções para esta questão tão grave", ressaltou Silvio Almeida. José Múcio destacou o trabalho interministerial que tem sido feito para dar assistência aos povos indígenas na região. "Estamos aqui para reunir esforços para superar essa crise. O Hospital de Campanha da Força Aérea Brasileira, por exemplo, já realizou cerca de mil atendimentos, a maioria em pediatria. Também já foram realizadas mais de 30 cirurgias", reforçou o ministro da Defesa.
Durante o dia, a comitiva visitou a Casa de Saúde Indígena Yanomami (Casai). Nesta quinta-feira (9), está prevista a chegada de novos da comitiva do Governo Federal e uma visita à região de Surucucu, que fica dentro da Terra Indígena Yanomami, será realizada. A presidente da Funai reforçou o papel do órgão na garantia dos direitos dos indígenas. "É muito importante nossa atuação aqui. A missão tem o papel institucional de promover os direitos sociais, o direito à proteção territorial e, principalmente, fazer com que os povos indígenas sejam ouvidos em suas demandas", frisou Joenia Wapichana.
Representando o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, a secretária de Segurança Alimentar e Nutricional, Lilian Rahal, detalhou o trabalho que está sendo feito para garantir a qualidade da alimentação: "vimos verificar, principalmente, as condições de alimentação das famílias indígenas. Também estamos avaliando a situação dos alimentos para distribuição. Amanhã vamos visitar o polo base de Surucucu para verificar as condições de logística, além da implementação de tecnologias para fornecimento de água limpa", explicou.
Ainda integram a comitiva interministerial os comandantes do Exército, general Tomás Miguel Paiva; e da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno; além do chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), almirante de esquadra Renato Rodrigues de Aguiar Freire. A equipe também foi à Base de Operação Acolhida, em Boa Vista (RR), ao Centro de Coordenação de Interiorização, que recebem imigrantes, ao Abrigo Rondon 5 e ao Abrigo Indígena Waraotuma a Tuaranoko.
MEDIDAS – Até o momento, o Governo Federal entregou mais de 78,7 toneladas de mantimentos e medicamentos à população Yanomami. O número é referente a 3.939 cestas básicas. O trabalho é coordenado pelo Ministério da Defesa e executado pela Força Aérea Brasileira (FAB), que transporta suprimentos desde 21 de janeiro. Neste período, a FAB viabilizou cerca de 74 evacuações aeromédicas com indígenas em situação grave de saúde.
INFRAESTRUTURA – A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, confirmou a retomada, na última segunda-feira (6), da reforma da pista de pouso na região de Surucucu. Com as obras, será possível iniciar a montagem de um hospital de campanha dentro da região e uma abordagem mais próxima da comunidade. A previsão é de que as ações sejam finalizadas em até três semanas.
SEGURANÇA – O ministro José Múcio pediu reforço no policiamento aéreo para ampliar o combate ao garimpo ilegal na Terra Yanomami. Posteriormente, foram criados três corredores aéreos para a saída voluntária de garimpeiros da região. A decisão libera voos privados para buscar os garimpeiros. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, detalhou em entrevista coletiva, na segunda-feira (6), o plano para retirada dos garimpeiros ilegais. A ação será realizada em duas fases: a primeira, já em andamento, fecha o espaço aéreo e limita o transporte fluvial na região para interromper o abastecimento de grupos criminosos; a segunda, coercitiva, começa ainda nesta semana, de acordo com o ministro.