Biomonitoramento
Os poluentes ambientais oriundos das atividades humanas correspondem a uma das questões urgentes da contemporaneidade a ser enfrentada pela humanidade. As exposições às substâncias químicas provenientes de diferentes matrizes e contextos ambientais (ar, água, solo, meio urbano e doméstico etc.) representam risco para o desenvolvimento de doenças em pessoas em todos os ciclos de vida.
O biomonitoramento humano de substâncias químicas (BioH) é entendido como método de avaliação da exposição humana às substâncias químicas e seus efeitos e requer medições da concentração dessas substâncias e/ou seus metabólitos (biomarcadores) em tecidos e fluidos humanas como sangue, urina, saliva, leite, suor, fezes, cabelos, dentes, unhas etc.
Dessa maneira, os valores de concentrações encontrados no BioH podem refletir a carga corporal total ou o efeito biológico resultante de todas as vias de exposição, assim como a variabilidade interindividual para níveis de exposição, metabolismo e taxas de excreção.
Estratégias de vigilância que envolvem o BioH são desenvolvidas para identificar a proporção de indivíduos e populações expostas; para comparar subgrupos populacionais distintos e identificar aqueles de maior vulnerabilidade; para identificar e caracterizar padrões geográficos de exposição a químicos; para avaliar indicadores e tendências temporais de exposição; e para gerar informações que orientem a formulação de política públicas.
Sendo assim, Ministério da Saúde, por meio da CGVAM/DVSAT, tem trabalhado na elaboração e estruturação do projeto de BioH para o país, tendo sido instituído dois Grupos de Trabalho (Portaria GM/MS nº 919, de 25 de abril de 2022 e Portaria GM/MS nº 2.018, de 27 de novembro de 2023) com essa finalidade.
O escopo do BioH brasileiro focará em compreender o perfil de exposição da população brasileira às substâncias químicas potencialmente nocivas à saúde humana, visando à prevenção de doenças e agravos e a promoção da saúde da população, o que tornará o BioH uma ferramenta valiosa para a vigilância em saúde e ambiente, com potencial para qualificar as ações da VIGIPEQ.
Há expectativa de que o projeto de BioH do Brasil seja realizado em conjunto com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS/IBGE) e avalie em sua primeira rodada, prevista para 2025, biomarcadores para os seguintes metais pesados prioritários: mercúrio (Hg) e chumbo (Pb), em maiores de 18 anos residentes de capitais brasileiras.