Químicos, Biológicos, Radiológicos e Nucleares
A equipe QBRN atua no desenvolvimento de ações de preparação, como na elaboração e atualização dos planos de contingências, capacitações e qualificações, ações de vigilância conjunta com outras áreas técnicas do Ministério da Saúde e na gestão de eventos e emergências em saúde pública relacionados à exposição humana aguda aos agentes químicos, biológicos, radiológicos e nucleares.
A redução dos riscos de adoecimento frente a desastres é uma função essencial de saúde pública. A atuação do Sistema Único de Saúde (SUS) deve considerar as vulnerabilidades locais e os cenários de risco relacionados a eventos de origem tecnológica, no intuito de promover ações a serem adotadas pelas autoridades de saúde pública para minimizar os impactos sobre a saúde da população e infraestrutura dos serviços de saúde a partir dos princípios da equidade, universalidade e integralidade.
Nesse sentido, além das estratégias de vigilância, ações de preparação e resposta às emergências em saúde pública devem ser desenvolvidas em todas as instâncias do SUS, mediante articulação e construção conjunta entre as suas três esferas de gestão entes parceiros. A integração dos serviços de saúde, defesa e meio ambiente é essencial para uma resposta oportuna.
Desastres tecnológicos
Eventos e emergências por agentes QBRN estão relacionados aos desastres tecnológicos. Esses são caracterizados como eventos originados de condições tecnológicas ou industriais relacionados aos agentes químicos, biológicos, radiológicos e nucleares (QBRN). Estes eventos incluem acidentes, incidentes ou atividades humanas específicas que podem implicar em perdas humanas ou outros impactos à saúde, além de danos ao meio ambiente e à propriedade, interrupção dos serviços e distúrbios sociais e econômicos, podendo ocorrer de forma intencional ou não. Frente à tais situações, medidas de prevenção, de controle e de contenção de riscos, de danos e de agravos a saúde pública devem ser estabelecidas em um processo contínuo no âmbito do SUS, em todos os níveis de gestão, considerando ações e estratégias relacionadas à atuação da vigilância em saúde.
Para as ações de Vigilância Baseada em Eventos (VBE) no contexto dos desastres tecnológicos é importante a realização das seguintes etapas:
- Levantamento de eventos que podem ocasionar emergências em saúde pública por agentes QBRN;
- Caracterização do território relacionada a identificação dos fatores de riscos das emergências aos agentes QBRN baseadas em dados e informações1;
- Levantamento de hospitais e rede de atenção de referência para atendimento em eventos de emergência por agentes QBRN;
- Estabelecimento da captura de rumores através de veículos de informação local sobre a ocorrência de desastres e os possíveis impactos na rede de saúde2;
- Articulação intra e intersetorial para adoção de estratégias que viabilizem ações integradas e oportunas em caso de eventos QBRN;
- Avaliação do impacto de desastres naturais em atividades econômicas potencialmente poluidoras, em laboratórios de níveis de biossegurança 3 e 4, em biobancos, em biorrepositório, em locais que possuem fontes de radiação3 e em instalações nucleares4;
- Identificação e caracterização das populações impactadas e vulnerabilizadas;
- Análise de dados sobre contaminação ambiental na perspectiva do impacto e risco à saúde humana.
Ações de preparação, de Vigilância Baseada em Indicadores (VBI) e de resposta devem ser realizadas em conjunto às ações acima listadas para responder aos eventos QBRN de forma oportuna, qualificada e efetiva de maneira a minimizar os impactos à saúde da população.
- Elaboração e atualização periódica dos Planos de Contingência para emergências em saúde pública por agentes QBRN;
- Análise da situação de saúde a partir dos dados de morbimortalidade. A análise é gerada a partir de recortes que sugerem exposições aos agentes QBRN agudas e relacionadas a circunstâncias de exposição acidental ou ambiental;
- Articulação e acompanhamento das ações realizadas pelos entes da defesa e militares em situações de ocorrência de eventos por agentes QBRN;
- Realização de qualificações e capacitações para trabalhadores da saúde, parceiros e sociedade civil sobre os fatores de risco, efeitos e agravos à saúde humana decorrentes de eventos QBRN;
- Elaboração e atualização de planos de ações específicos para situações que envolvam agentes QBRN;
- Instalação de Centros de Operações de Emergência em Saúde (COE) ou Salas de Situação em casos de eventos críticos que necessitem de uma gestão de risco rápida e integrada.
As ações de vigilância das emergências ocasionadas por agentes QBRN diferem das situações de rotina da vigilância de exposição humana em trabalhadores e população em geral, devido a diversos motivos:
- Possuem um caráter extraordinário, com exposição aguda da população aos agentes perigosos;
- Possuem uma magnitude diferenciada dada as circunstâncias acidentais ou ambientais que exigem uma resposta de saúde pública além das capacidades normais das áreas de vigilância em saúde ambiental e do trabalhador;
- Exigem o estabelecimento de um plano de resposta específico, a ser elaborado por cada esfera de gestão, considerando as vulnerabilidades e especificidades do seu território e cenários de risco.