Emergências Radiológicas
O aumento das aplicações de tecnologias que envolvem radiações ionizantes trouxe benefícios incontestáveis em diferentes atividades da sociedade nas áreas de energia, indústria, médica, farmacêutica, agricultura etc. Estas aplicações crescem a cada dia e, consequentemente, aumentam também a demanda para o planejamento e a preparação visando à resposta em emergências associadas a essas práticas, que, a exemplo de praticamente todas as demais, não são isentas de riscos à saúde humana e ao meio ambiente.
As radiações ionizantes, pelo seu poder de provocar efeitos celulares, podem ser usadas com grandes benefícios para a sociedade, como, por exemplo, no diagnóstico e tratamento médico. Por outro lado, se esses efeitos ocorrem de maneira indesejada, podem provocar danos ao ser humano, desde um simples eritema (vermelhidão) até a síndrome aguda da radiação e que, inclusive, pode ser letal.
Um fato de suma relevância é que as radiações ionizantes não são perceptíveis aos sentidos humanos, o que nos impossibilita de identificá-las no ambiente sem o emprego de instrumentos específicos. Atualmente, também é grande a preocupação de organismos internacionais com possíveis atos criminosos ou terroristas usando-se agentes químicos, biológicos, radionucleares e explosivos.
Cabe ressaltar que em todos os países há risco de ocorrência de acidentes com radiação ionizante, considerando principalmente que os materiais radioativos e outras fontes de radiação ionizante vêm sendo usados no tratamento e no diagnóstico de várias enfermidades, na melhoria de produtos agrícolas, na produção de eletricidade e na expansão do conhecimento científico. Suas aplicações crescem a cada dia e, consequentemente, aumentam a demanda para o planejamento e a preparação para resposta a situações de acidentes e emergências associadas a essas práticas.
Uma emergência radiológica é, em geral, um evento não intencional e inesperado, envolvendo uma fonte de radiação ionizante, que pode resultar em exposições não planejadas de profissionais e membros do público, que podem levar a sérias consequências à saúde, além de danos ao meio ambiente e a propriedades.
O Brasil, que foi palco do maior acidente radiológico do mundo, em Goiânia, em 1987, conta hoje em seu território com cerca de 3.391 instalações radioativas. Além disso, possui outras 20 instalações do ciclo do combustível nuclear, como a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em Angra dos Reis (RJ), a Fábrica de Combustíveis Nucleares, em Resende (RJ), a mina de urânio em Caetité (BA) e jazida de fosfato e urânio em Santa Quitéria (CE).
A experiência internacional mostra que a resposta a uma emergência envolvendo exposição à radiação pode exceder à capacidade técnica e logística de organizações, de cidades, estados e países. Diversas publicações de organismos das Nações Unidas, como da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), têm demonstrado que essa dificuldade só pode ser superada através de preparação e planejamento prévios, visando à aplicação integrada de ações, de maneira coordenada.
A depender das características do acidente (local, condições climáticas do ambiente, acesso, magnitude) e do produto liberado (potencial de perigo, quantidade, possibilidade de exposição humana e contaminação do ambiente), o evento pode resultar em:
- Óbitos, doenças (agudas e crônicas), intoxicações, ferimentos ou traumas, além de compromete a saúde mental.
- Contaminar água, solo e ar.
- Comprometer ou interromper os serviços públicos essenciais (água, energia e transporte).
- Alterar a rotina ou a capacidade de resposta dos serviços de saúde, em função da urgência do atendimento às vítimas pelas equipes de vigilância, assistência farmacêutica, assistência pré-hospitalar e hospitalar, bem como dos serviços laboratoriais e de diagnóstico.
- Alterar a economia do local em função da interrupção de atividades econômicas (industriais, comerciais, agrícolas, extrativistas e de subsistência), restrição à circulação de pessoas e mercadorias, contaminação de alimentos e encarecimento dos meios de sobrevivência.
As emergências radiológicas caracterizam-se por situações em que se identifica a presença ou a possibilidade de perigo, devido de exposição à radiação ionizante.
Conceitualmente as radiações ionizantes são “qualquer partícula ou radiação eletromagnética que, ao interagir com a matéria, ioniza seus átomos ou moléculas”, ou seja, por apresentarem níveis maiores de energia possuem a capacidade de remover os elétrons dos átomos.
Assim, para que tenha a pronta resposta de maneira efetiva e coordenada às emergências radiológicas, se faz necessário a integração interdisciplinar e interinstitucional dos respondedores, por meio de ações conjuntas nas três esferas de governo, visando a mitigação dos danos.
Desta forma, norteados pelas ações de preparação vigilância e resposta, o Ministério da Saúde desenvolve as seguintes ações:
- Apoiar a construção dos planos de contingência dos estados e municípios.
- Mapear as fontes radiológicas com maior risco no Brasil.
- Fortalecer a capacitação de trabalhadores de saúde para o atendimento em saúde das pessoas expostas à radiação.
- Apoiar a organização da Rede de Atenção à Saúde para o atendimento as vítimas, bem como, a articulação para referência no atendimento.
- Prestar apoio aos estados e municípios frente à uma emergência radiológica, a partir de orientação técnica, acompanhamento do evento até o encerramento da emergência.
- Articular a troca de experiências e boas práticas entre estados frente as emergências radiológicas.