Doenças Celíacas
A doença celíaca é causada pela intolerância permanente ao glúten, principal fração protéica presente no trigo, no centeio, na cevada e na aveia, e se expressa por inflamação das células intestinais em indivíduos geneticamente predispostos¹.
Estudos de prevalência têm demonstrado que é mais frequente do que se pensava, mas continua sendo subestimada. A falta de informação e a dificuldade para o diagnóstico prejudicam a adesão ao tratamento e limitam as possibilidades de melhora do quadro clínico. Pesquisas revelam que a doença atinge pessoas de todas as idades, mas compromete principalmente crianças de seis meses a cinco anos de idade. Foi também observada frequência maior em pacientes do sexo feminino, na proporção de duas mulheres para cada homem.
Quadro Clínico da doença
Clássico: É frequente na faixa pediátrica, surgindo entre o primeiro e terceiro ano de vida, com a introdução de alimentação complementar à base de pão, sopinhas de macarrão e bolachas, entre outros industrializados com cereais proibidos. Caracteriza-se pela diarreia crônica, desnutrição com déficit do crescimento, anemia ferropriva não curável, emagrecimento e falta de apetite, distensão e dor abdominal, vômitos, glúteos atrofiados, pernas e braços finos, apatia, desnutrição aguda que podem levar o paciente à morte na falta de diagnóstico e tratamento².
Não clássico: Apresenta manifestações monossintomáticas, e as alterações gastrintestinais não chamam tanto a atenção. Pode ser, por exemplo, anemia resistente a ferroterapia, irritabilidade, fadiga, baixo ganho de peso e estatura, prisão de ventre, constipação intestinal crônica, manchas e alteração do esmalte dental, esterilidade e osteoporose antes da menopausa².
Assintomático: São realizados nestes casos, exames (marcadores sorológicos) em familiares de primeiro grau do celíaco, que apresentam maior probabilidade de apresentar a doença (10%). Se não tratada a doença, podem surgir complicações como o câncer do intestino, anemia, osteoporose, abortos de repetição e esterilidade².
Tratamento
O tratamento clássico consiste em evitar por toda a vida alimentos que contenham glúten (tais como pães, cereais, bolos, pizzas, e outros produtos alimentícios, ou aditivos, que contenham trigo, centeio, aveia e cevada). Medicamentos e outros produtos também podem conter glúten. Assim que o glúten é removido da dieta, a cura costuma ser total. É possível substituir as farinhas proibidas por fécula de batata, farinha de milho, amido de milho, polvilho doce ou azedo, farinha ou creme de arroz, farinha de araruta ou fubá². A dieta imposta é restritiva, difícil e permanente, ocasionando alterações na rotina dos indivíduos e de sua família¹.
É importante enfatizar a necessidade da atenção por equipe multiprofissional e interdisciplinar aos portadores de doença celíaca. Os profissionais da Atenção Básica devem estar atentos aos usuários que apresentem os sintomas descritos acima e quando necessário ordenar o acesso desses usuários a outros pontos de atenção à saúde para confirmação do diagnóstico e tratamento adequado, mantendo a coordenação do cuidado.
Referências
1. Portaria SAS/MS n° 307/2009 - Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas: Doença Celíaca.
2. Associação dos Celíacos do Brasil (Acelbra). Doença Celíaca. Disponível em: . Acesso em 28 de maio de 2012.
3. Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil (FENACELBRA). Doença celíaca. Disponível em: . Acesso em 28 de maio de 2012.