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Você sabe o que é a tuberculose extrapulmonar?
No Brasil, a cada ano, cerca de 70 mil pessoas adoecem por tuberculose. A doença é responsável por mais de 4,5 mil mortes no país. O estado do Rio de Janeiro é o segundo do país em número de casos, e o primeiro em óbitos da doença. Embora os pulmões sejam o local inicial da infecção, a doença pode se disseminar para muitos órgãos, através da corrente sanguínea. Podem ser afetados a pele, os ossos e articulações, o estômago e o intestino, o fígado, os rins, a bexiga, a próstata, entre outros órgãos. O diagnóstico desses casos mais raros é feito em hospitais de grande porte, como o Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE), no Rio de Janeiro, onde são identificados cerca de 300 casos todos os anos.
“A grande maioria é de infecções extrapulmonares da tuberculose, já que os casos mais comuns são tratados na rede básica de saúde. Quando não há um diagnóstico certo, esses pacientes são encaminhados até o Hospital dos Servidores, que possui um laboratório equipado para realizar testes rápidos moleculares. Dessa forma, nós conseguimos confirmar o diagnóstico da doença de forma mais precisa e apurada”, explicou a pneumologista Silvana Romano, chefe do Programa de Controle da Tuberculose do Ministério da Saúde no HFSE.
Os atendimentos ambulatoriais do HFSE são realizados pelas pneumologistas Silvana Elena Romano e Janice Goncalves Subilhaga. Elas também contam com o apoio do técnico-administrativo Wagner Neves e do técnico de enfermagem César Antônio Guimarães, que realiza uma “busca ativa” por pacientes com sintomas suspeitos nas diferentes enfermarias e CTIs do hospital. Depois, os pacientes retornam à rede básica do SUS e continuam o tratamento em casa com a medicação receitada pelas especialistas. Casos mais graves, que incluam outras comorbidades ou a necessidade de internação, são acompanhados de perto pela equipe do HFSE.
“Mas, durante a pandemia de Covid-19, percebemos uma redução na chegada de pacientes. Devido à desinformação, muitos acreditavam que o nosso atendimento no ambulatório do hospitalar tinha sido suspenso”, declarou a médica.
Servidora pública há 40 anos e coordenadora do programa há cerca de vinte, a pneumologista Silvana Romano ressalta a importância do Programa de Controle da Tuberculose no HFSE, especialmente diante do cenário endêmico da doença no Rio de Janeiro.
“Vários fatores socioeconômicos ajudam a explicar esse quadro, especialmente a dificuldade de acesso dos agentes de saúde a muitas comunidades cariocas. Além disso, não é fácil para muitos pacientes de baixa renda manterem a rotina de tratamento ao longo dos meses. Mas nossa missão segue de pé”, destacou.
Da esquerda para a direita: o técnico de enfermagem César Guimarães,
de jaleco branco, as médicas Silvana Romano e Janice Subilhaga
e o técnico administrativo Wagner Neves, de camisa xadrez.
BRASIL LIVRE DA TUBERCULOSE
O Brasil está entre os países com melhores práticas na adaptação e implementação de iniciativas de engajamento multissetorial pelo fim da tuberculose (TB). Segundo um relatório da Organização Mundial da Saúde, o país é responsável por 34% de todos os casos da doença na região. E assumiu a meta, prevista no Plano Nacional de Saúde (PNS), de alcançar 77,5% de cura de casos novos de tuberculose e 70% de contatos examinados até o final de 2023. A OMS destaca que o Brasil possui um sistema de saúde de acesso universal (o Sistema Único de Saúde – SUS) e que os serviços de prevenção, diagnóstico e tratamento da TB são disponibilizados sem custos diretos aos usuários.
O “Plano Brasil livre da tuberculose”, lançado em 2017, tem o objetivo de reduzir em 90% o coeficiente de incidência da Tuberculose e uma redução de 95% no número de mortes pela doença no país até 2035, quando comparados aos dados de 2015. Para o Brasil, significa que é necessário reduzir o coeficiente de incidência para menos de 10 casos por 100 mil habitantes e reduzir o número de óbitos pela doença para menos de 230 ao ano, até 2035. O plano foi construído pelo Ministério da Saúde, com a participação de gestores estaduais e municipais, academia e sociedade civil. Ele possui quatro fases de execução (2017-2020, 2021-2025, 2026-2030 e 2031-2035) e é baseado em três pilares:
- Prevenção e cuidado integrado e centrado na pessoa;
- Políticas arrojadas e sistema de apoio;
-
Intensificação da pesquisa e inovação.
Texto: Rodrigo Costa
Fotos: Lilian Mendonça