Transplante de Córnea em recém nascida

O Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) realizou, no dia 24 de maio, um transplante de córnea com técnica inédita em bebê que nasceu cega sem a visão dos dois olhos. Maria Helena Novais Leal nasceu no HFB, em 17 de fevereiro de 2022, e foi diagnosticada com anomalia de Peters em ambos os olhos. Essa alteração congênita ocorre no desenvolvimento do globo ocular, no qual a parte central da córnea tem a aparência opaca (parece branca). Como o centro da córnea não mantem sua transparência, a consequência é a perda de visão.

De acordo com o cirurgião de Transplante de Córnea do HFB, Paulo Phillipe, a única forma possível de melhorar a acuidade visual do bebê era o transplante de córnea. Foi utilizada uma técnica inédita, criada pelo cirurgião do HFB, denominada IP-DSEK (Inverted Preparation – Descemet Striping Endothelial Keratoplasty), adaptada da técnica holandesa DSEK, que foi apresentada e publicada no XIX Congresso Internacional de Catarata e Cirurgia Refrativa, que aconteceu em Salvador.

O cirurgião explica a nova técnica: “a córnea é preparada, manualmente, de maneira invertida e assim fica menos espessa, o que significa melhor qualidade visual. O serviço de Oftalmologia do hospital pode oferecer um tratamento moderno e gratuito pelo SUS à população que necessita. O bebê realizou o primeiro procedimento em um dos olhos no dia 13 de abril e o resultado foi exitoso, com a córnea transparente, dando a possibilidade do bebê poder enxergar.

“É um grande orgulho lançar uma técnica pioneira do HFB, que é um hospital público de referência no Rio de Janeiro em transplantes de rim e córnea. Ficamos felizes por poder oferecer uma qualidade de vida melhor ao paciente. A unidade está preparada com infraestrutura e profissionais especialistas para esses procedimentos”, destaca o diretor-geral do hospital, Claudio Pena.

Maria Thuane dos Santos, mãe do bebê, conta como foi a descoberta do caso. “Assim que ela nasceu, o médico já identificou um problema e me encaminhou para a Oftalmologia do hospital, que me orientou que o transplante de córnea seria uma possibilidade dela enxergar. E eu resolvi fazer para dar essa chance a minha filha, que teria muitas dificuldades na vida sendo cega. E por isso, peço que as pessoas doem córnea para que possam ajudar outras pessoas que aguardam na fila. É importante os pais ficarem atentos a qualquer problema no olho no bebê e procure orientação e faça o que for necessário, concluiu”.

Sobre o serviço

O serviço de Oftalmologia do HFB foi criado há 74 anos, na fundação do hospital. No serviço são realizados, anualmente, mais de 11 mil consultas, transplantes de córnea e cirurgias para tratamento de doenças como catarata, glaucoma e estrabismo.

Para ser atendido no ambulatório da unidade, os pacientes precisam passar pela unidade básica (postos de saúde e/ou clínica da família) para serem inseridos na regulação do estado e do município do Rio de Janeiro.

Texto: Danielle Fernandes
Imagens: HFB