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SEREIAS CARECAS
Ao chegar no Hospital Federal da Lagoa (HFL) para realizar uma sessão de quimioterapia, Dona Maria escolheu o cordão que mais a agradou, entre os acessórios disponíveis no Projeto Lagoa Voluntário. “Isso faz com que a gente se sinta mais animada e eles (voluntários) dão muita atenção para a gente. Os acessórios são lindos”, comentou. A iniciativa, que se chama Sereias Carecas, disponibiliza perucas, sapatos e óculos, entre outros itens que ajudam a aumentar a autoestima das pacientes.
A projeto funciona no ambulatório de Oncologia e é direcionado para o público feminino, ajudando na autoestima e fazendo desse momento delicado um momento de acolhimento e conversa entre as mulheres. A atividade funciona às terças-feiras, a partir das 9 horas, durante as sessões de quimioterapia.
O Sereias Carecas é um projeto voluntário do Hospital Federal da Lagoa (HFL) chefiado pelo médico Paulo Cerdeira. A atividade foi criada em 2016. O objetivo é disponibilizar uma série de acessórios, em um carrinho móvel, para que as pacientes possam experimentar e levar, gratuitamente, o que quiserem.
Paulo Cerdeira conta que o projeto é mantido com doações e o aproveitamento sustentável de um carrinho para transportar o material: “Era carrinho de ferro velho que eu ressignifiquei. Agora, parece um camelódromo. Eu não quero um designer, quero que isso seja compatível com a realidade dos pacientes. Então, é um carrinho que tem sapato, pulseiras, cordões, óculos...”, acrescentou.
O HFL recebe a doação de cabelos e encaminha para a ONG Laço de Amor, que produz perucas e doa para a unidade. Cristiane Albuquerque, responsável pelo Departamento de Recursos Humanos do Setor Voluntariado, fala que as pacientes podem usufruir das perucas por empréstimo.
“As pacientes vêm aqui, experimentam a peruca, e pegam emprestado. Elas assinam um papel e ficam com ela até o término do tratamento. No fim, devolvem para que possam ser emprestadas para outros pacientes”, conta ela.
Maria Queiroz de Carvalho, 71 anos, paciente da quimioterapia e usuária do projeto diz que se sente muito acolhida com a ação voluntária: “ Eu acho muito bom. Isso faz com que a gente se sinta mais animada e eles dão muita atenção para a gente. Os acessórios são lindos”.
Além disso, há uma brinquedoteca no espaço, onde os filhos das pacientes podem ficar se divertindo enquanto elas estão no procedimento. A iniciativa foi do próprio Paulo Cerdeira e teve início em 2018.
“O filho da paciente diagnosticada capta tudo que está acontecendo em casa e interpreta de sua maneira. Então, eu aconselho que, pelo menos uma vez, a criança venha para saber aonde a mãe se trata além de se divertir na brinquedoteca. É uma forma de acompanhar e brincar. Isso vai ajudá-lo a elaborar esse momento de uma forma mais leve”, diz Paulo.
Como ser um voluntário do projeto Sereias Carecas
O Setor Voluntariado do HFL trabalha diretamente com a ONG Atados, a qual possui um site que oferece uma série de trabalhos voluntários. Por lá, o candidato preenche um formulário que, mais tarde, é encaminhado ao Hospital Federal da Lagoa.
Após a realização de uma entrevista, o voluntário tem um dia de experiência e, se tiver apto, o contrato é assinado. Após isso, o voluntário passa por um treinamento de infecção hospitalar e Covid-19, com Cristiane Albuquerque, responsável pelo Departamento de Recursos Humanos do Setor Voluntariado.
O candidato não precisa ser da área da saúde. As especificações são: ser mulher, maior de 18 anos e ter tomado as duas doses da vacina da Covid-19.
A voluntária Marise Fagundes, conta que além da questão da autoestima, é um momento de troca muito grande entre as pacientes.
“Percebemos que, às vezes, algumas pacientes estão mais tristes e a gente fica conversando. É um momento de falar sobre outras coisas. Você esquece um pouco a tensão do tratamento. E aí elas conversam sobre o que elas quiserem, é uma troca muito interessante”, conta a voluntária.
O Setor Voluntariado
Criado em 2007, pela assistente social Sandra Pacheco, o Lagoa Voluntário é um setor do HFL. Desde 2008, é chefiado pelo médico Paulo Cerdeira Campos e promove atividades alinhadas às ações da Coordenação de Humanização, tanto em prol da atenção aos pacientes quanto da gestão hospitalar.
O Setor Lagoa Voluntário não é uma ONG, não recebe doações em espécie, contudo promove intercâmbios e parcerias com ONGs, universidades, empresas públicas e privadas. Tais parcerias visam a captação de voluntariado e doações em materiais para uso nos projetos humanitários.
Texto: ASCOM MS/RJ
Fotos Alexandre Brum