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Hospital de Bonsucesso retoma transplante intervivos
O Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) retomou, no último dia 13 de abril, a realização de transplante renal intervivos (quando um doador vivo doa para outra pessoa). O procedimento foi realizado em uma paciente de 26 anos que recebeu o rim do pai de 59 anos.
De acordo com médica Maria Izabel de Holanda, chefe do Serviço de Nefrologia do HFB, "o transplante intervivos é uma alternativa mais rápida para o paciente não aguardar na fila por um doador falecido. Além disso, a compatibilidade é maior. O órgão será retirado do pai sem prejuízo a longo prazo, e ele vai ter uma vida normal, mesmo com apenas um rim. É necessário estimular ainda mais a doação intervivos, pois ainda há um déficit muito grande de pacientes que necessitam de órgão para transplante renal". Na legislação brasileira pode ser doador em vida parentes até o quarto grau e cônjuges. Não parentes, somente com autorização judicial.
Referência nacional em transplantes renais, o Hospital Federal de Bonsucesso possui 40 anos de experiência na área, com diversas técnicas inéditas e modalidades como o intervivos. Ao todo já foram realizados mais de 3 mil procedimentos. No ano passado foram feitos 93 e, em 2022, já são 30. "O Serviço possui marca histórica de excelência no ranking estadual e nacional, prestando assistência gratuita de qualidade à população. E estamos capacitados para receber mais pacientes. Lembrando sempre a importância de conscientização para aumentar a doação de órgãos", conclui o médico Claudio Pena, diretor-geral do HFB.
História de amor entre pai e filha
A paciente descobriu, em 2020, que possuía apenas um rim, e este estava apresentando problemas. Foi encaminhada ao HFB, onde inicialmente foi realizado tratamento medicamentoso, sem êxito. Com a insuficiência renal se agravando, a próxima etapa seria iniciar a hemodiálise (tratamento para a remoção do líquido e substâncias tóxicas do sangue, como se fosse um rim artificial, que se faz três vezes por semana). Antes disso, os profissionais do HFB apresentaram a opção do transplante intervivos. "O impacto de descobrir a doença foi grande e depois, apesar do risco existente em uma cirurgia, ele é menor do que sofrer na hemodiálise. Decidi fazer. Tive que ser forte pelos meus pais que ficaram emocionados", lembrou Larissa Castro de Carvalho.
O pai da menina, Ubiratan de Carvalho, não pensou duas vezes: "senti como se o mundo tivesse caído em cima de mim, quando descobri o problema dela, porque o rim dela poderia parar a qualquer momento e ela é minha filha única. Mas surgiu a esperança do transplante e me candidatei, fazendo todos os exames necessários. Quando veio o resultado que eu seria compatível foi um alívio saber que minha filha terá um futuro e eu vou poder contribuir para isso. Que outras famílias se conscientizem e façam esse gesto de amor e solidariedade, doando o órgão".