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Dia de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial
Em 26 de abril é comemorado o Dia de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a hipertensão, que é uma doença silenciosa, não tem atacado somente pessoas adultas ou idosas. Cada vez mais o público jovem (crianças e adolescentes) tem apresentado alteração na pressão arterial.
No Brasil, estima-se que a prevalência de hipertensos na população pediátrica varia de 3 a 15%. O diagnóstico preliminarmente deve ser avaliado pelo pediatra através do método simples de aferição da Pressão Arterial em consultas rotineira e de técnicas e materiais simples adequados para a estatura e a idade da criança e adolescente.
O médico Carlos Cesar Assef, responsável-técnico da Cardiopediatria e chefe da Divisão de Atenção à Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), fala sobre a doença, seu diagnóstico e a importância de os pais ficarem atentos aos sintomas.
“No ambulatório de Cardiologia Pediátrica do HFB, criamos um serviço para o acompanhamento e tratamento de pacientes com obesidade e Hipertensão Arterial Sistêmica. Atualmente, contamos com 540 pacientes em acompanhamento”, conclui Assef, que cuida com carinho de cada criança ou adolescente em tratamento.
Confira a entrevista, abaixo.
Pergunta: Criança pode nascer com pressão alta?
Carlos Assef: Sim. Normalmente relaciona-se com malformações congênitas renais ou cardíacas. Os bebês de muito baixo peso ao nascer (<1500 g), prematuros (< 32 semanas) ou que permaneceram internados em UTI Neonatal por tempo prolongado têm fatores de risco aumentados para o desenvolvimento da Hipertensão Arterial Sistêmica na infância, devido ao uso de cateteres de veia umbilical, ventilação mecânica e oxigenioterapia.
Pergunta: Como os pais podem perceber que a criança tem pressão alta?
Carlos Assef: Habitualmente, a HAS em crianças e adolescentes é assintomática, podendo cursar com sintomas inespecíficos como dor de cabeça, irritabilidade e alterações do sono.
Pergunta: Em que momento os pais devem ficar atentos?
Carlos Assef: Na existência de sintomas inespecíficos como dor de cabeça, irritabilidade e alteração do sono sem outras causas evidentes. Alterações nefro-urológicas como a hematúria (coloração avermelhada da urina) e edema (inchaço) ou alterações cardíacas (dor torácica, falta de ar ou palpitações) também devem chamar atenção.
Pergunta: Como é feito o diagnóstico?
Carlos Assef: Todas as crianças com idade igual ou superior a três anos de idade devem ter aferida a pressão arterial durante a consulta pediátrica de rotina. Abaixo dos três anos de idade, a aferição deve ser feita apenas quando as crianças apresentarem história de prematuridade, baixo peso ao nascer, internação prolongada em UIT Neonatal, anemia falciforme, malformações congênitas renais, cardíacas ou neurológicas, neoplasias, transplantes e uso prolongado de corticosteróides.
Acima dos seis anos de idade, fatores como obesidade, nutrição e HAS familiar tornam-se relevantes, ganhando expressão casuística, caracterizando o que chamamos de Hipertensão Arterial Primária ou Essencial.
Pergunta: O tratamento da HAS em crianças e adolescentes é o mesmo que é feito em um adulto?
Carlos Assef: No caso da HAS primária, o tratamento inicial envolve sempre a mudança de hábitos alimentares nocivos (diminuição de alimentos ricos em condimentos, gorduras saturadas, açúcares refinados e carne vermelha) e o estímulo a prática de atividade física.
Na HAS secundária, atribuída a outras doenças primárias, o tratamento da causa de base se faz essencial. O uso de medicamentos costuma ser mais precoce para o devido controle dos níveis pressóricos. A monoterapia, ou seja, o tratamento com um único remédio, é indicada, procurando otimizar a dosagem máxima de um medicamento antes da associação com outros medicamentos.
Pergunta: A mortalidade provocada por HAS em crianças e adolescentes é menor que em um adulto ou idoso?
Carlos Assef: A crise hipertensiva é definida como a elevação súbita da pressão arterial, que ameaça a integridade de órgãos-alvos como rins, coração e cérebro. É necessária ser tratada agressivamente com internação hospitalar, medicações endovenosas e monitorização contínua, idealmente na unidade de terapia intensiva. Felizmente, é rara na população pediátrica.
O médico Carlos Assef em atendimento no HFB.
Mais de 500 pacientes estão em acompanhamento no ambulatório de Cardiologia Pediátrica do HFB.
Assef coordena a equipe de Cardiologia Pediátrica do Hospital de Bonsucesso.
Texto: Thiago Tostes
Fotos: Alexandre Brum