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Dez anos de cirurgia bariátrica no Hospital Federal do Andaraí
O Serviço de Assistência ao Tratamento da Obesidade Mórbida do Hospital Federal do Andaraí (Satom/HFA) comemora os dez anos da realização da primeira cirurgia bariátrica na unidade. No dia 12 de junho de 2012, Ana Paula de Almeida Coutinho, que na época tinha 29 anos e pesava cerca de 120 quilos, foi submetida à cirurgia de redução de estômago no HFA. O procedimento foi realizado pela equipe do cirurgião Fernando Barros, que coordenava o programa na época.
Ana Paula comemora dez anos de sua cirurgia bariátrica no Hospital do Andaraí.
Antes de procurar o Satom, Ana Paula tinha feito tratamento para emagrecer com vários profissionais, mas nunca obtinha resultado: “Desde a minha infância, eu sofria com a obesidade. Quando cheguei ao Satom, eu já tinha diversos problemas de saúde agravados pelo sobrepeso, como hipertensão, intolerância à glicose e hérnia de disco. No Hospital do Andaraí, os exames mostraram que eu também tinha hérnia de hiato e esteatose hepática. Eu já tinha tentado diversas maneiras de emagrecer, mas sem sucesso”, contou.
Depois da cirurgia, Ana Paula ficou internada por cinco dias no HFA. No pós-operatório, seguiu com disciplina as orientações da equipe, contando sempre com o apoio da família. Um ano e quatro meses após o procedimento cirúrgico, ela engravidou. O filho Vítor nasceu pequeno, mas saudável.
Hoje, Ana Paula está com 75 quilos, seguindo uma rotina normal, como qualquer pessoa. Para manter a saúde, os pacientes submetidos à cirurgia bariátrica precisam realizar atividades físicas e cuidar da dieta: “Na minha alimentação, como praticamente de tudo, a adaptação foi muito fácil. Mas ainda tenho enjoo e posso ter complicações se comer muito doce, especialmente os muito gordurosos, como sorvete e milk-shake. Carne vermelha eu não tolero bem, mas não é um problema pra mim, pois nunca fui fã e dou preferência para outras proteínas tranquilamente”, contou.
Nestes dez anos de vida nova após a cirurgia, Ana Paula enfrentou alguns percalços, como o “dumping” uma semana após a operação, uma complicação que faz com que o alimento passe muito rápido do estômago para o intestino delgado. A gravidez também foi um momento difícil: “Foi uma gestação tensa, com muito enjoo e dor abdominal. Com seis meses de gravidez, passei por uma internação hospitalar e, depois, precisei pedir licença no trabalho até o nascimento do Vítor”, contou.
Mesmo tendo enfrentado algumas dificuldades após o procedimento, ela conta que faria tudo outra vez: “Foi a melhor escolha. O Satom me deu a oportunidade de começar uma vida nova e saudável. Tudo melhorou após a cirurgia: disposição, autoestima e vida social! ”
A cirurgia é uma das etapas do tratamento
A cirurgia é recomendada apenas nos casos em que não seja possível atingir o emagrecimento através do tratamento clínico, ou seja, com terapias e medicamentos. O procedimento é uma das muitas etapas do tratamento de pessoas que sofrem com a obesidade mórbida. No Satom, o paciente é acompanhado por uma equipe multidisciplinar desde o momento em que chega ao hospital. Este acompanhamento permanece após a cirurgia.
Guilherme Nahoum, responsável técnico do serviço, explica as etapas do tratamento: “A preparação para a cirurgia leva cerca de oito meses. Nesse período, o paciente é acompanhado por uma equipe formada por endocrinologista, nutricionista, assistente social e psicólogo. Esses especialistas avaliam se o obeso tem condições clínicas, psicológicas e sociais para a grande transformação que a cirurgia fará em sua vida”, explica Nahoum.
Após o procedimento cirúrgico, inicia-se uma rigorosa dieta para que o paciente se adapte à mudança na capacidade do seu estômago, que cai significativamente. Antes da bariátrica, o órgão pode armazenar até dois litros; após a cirurgia, o volume diminui para cerca de 50 ml, ou seja, uma xícara pequena.
O paciente operado no HFA permanece em acompanhamento pós-operatório por até dois anos com a equipe multidisciplinar do Satom. Quando atinge o objetivo do tratamento, o que inclui a melhoria da sua saúde de forma geral, é encaminhado à unidade básica para manter os resultados atingidos com a cirurgia.
As portas do Satom, porém, permanecem abertas aos pacientes operados no Andaraí, nos casos de eventuais intercorrências ou complicações tardias que não possam ser sanadas no posto de saúde.
Pacientes devem ser encaminhados pelas unidades básicas de saúde
Desde o início das atividades do Satom, passaram pela cirurgia de redução do estômago no Hospital do Andaraí 429 pacientes. Atualmente, o Serviço conta com dois cirurgiões: Guilherme Nahoum e Carolina Ribeiro. A equipe realiza oito cirurgias por mês.
Os pacientes são encaminhados ao Serviço através da Central de Regulação. Para ser incluído na fila, é preciso procurar um médico de família, na unidade básica de saúde. O clínico avaliará o caso e, havendo necessidade de intervenção cirúrgica, irá providenciar a inclusão.
Na rede de hospitais vinculados à Superintendência Estadual do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, além do Hospital Federal do Andaraí, os hospitais de Ipanema e dos Servidores do Estado também realizam cirurgias para redução do estômago.
Profissionais do HFA recebem a homenagem da paciente Ana Paula.
Equipe do Satom se reúne para comemorar dez anos da primeira cirurgia bariátrica no HFA.
Por: Gustavo Maia
Fotos: Alexandre Brum