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SEMS/RJ
Novembro Azul: Câncer de próstata, seus mitos e verdades
A longevidade do homem está diretamente ligada ao cuidado, prevenção e hábitos saudáveis
O Novembro Azul é uma campanha voltada para a conscientização do autocuidado, sobretudo ao combate precoce do câncer de próstata, que é o segundo câncer que mais atinge os brasileiros, perdendo apenas para o câncer de pele.
Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), realizados no ano passado, mostram que 29% da população masculina já foi diagnosticada com a doença, o que reforça a importância das ações de prevenção e de diagnóstico precoce no combate a essa neoplasia maligna.
Muitos desses diagnósticos poderiam ter sido evitados se o homem se cuidasse mais. Não é à toa que no último levantamento, foi comprovado que o homem vive cerca de sete anos a menos do que as mulheres.
A grande vilã desse cenário, a próstata, localiza-se abaixo da bexiga e sua principal função, juntamente com as vesículas seminais, é produzir o esperma. Tem um formato semelhante a uma castanha e pesa cerca de 20 gramas.
No caso da próstata, ainda existe muita dúvida, seja pelo exame de toque ou sobre mitos que acreditam ser verdade, mas não é. E o homem acaba não se cuidando.
O chefe do Serviço de Urologia do Hospital Federal da Lagoa (HFL), José Anacleto, esclarece alguns mitos e verdades sobre a próstata, além de reforçar a importância da prevenção.
É mito ou verdade que:
1. O câncer de próstata só acontece quando o homem chega na terceira idade. E se dá por fator genético.
MITO . O risco para o homem vir a ter um câncer de próstata é bem maior após os 50 anos, porém cerca de até 40% dos casos são diagnosticados em homens abaixo desta idade. Entretanto, a doença é rara antes dos 40 anos. O fator genético torna-se muito importante pois, aumenta esse risco em até duas vezes se o homem tiver um parente de primeiro grau com a doença, e em até cinco vezes se tiver dois familiares com a doença.
2. O câncer de próstata, na maioria das vezes, causa impotência sexual.
MITO . O câncer de próstata pode causar impotência sexual, porém não é uma condição comum. A impotência sexual é multifatorial e o risco de o homem com câncer de próstata desenvolvê-la precisa ser analisada de forma individualizada, caso-a-caso. Pode estar associado ao crescimento do tumor. Quando o câncer passa os limites da cápsula, infiltra os nervos, que passam ao redor da próstata, responsáveis pela ereção, problemas de ereção podem surgir. Porém a própria idade acaba sendo o principal fator e na maioria das vezes não se relaciona com o câncer. O fator psicológico também acaba sendo muito importante e muito comum nos homens com câncer de próstata, que tem sua libido e desejo sexual reduzido.
Porém quando falamos nas formas de tratamento do câncer de próstata, essas podem sim afetar negativamente a potência sexual.
3. Quando curado do câncer de próstata, o homem poderá ter uma vida sexual normal.
VERDADE . Com a evolução da tecnologia, melhores conhecimentos sobre a doença e ganho de habilidade dos urologistas, cada vez mais os homens tratados para o câncer de próstata vêm mantendo uma vida sexual normal. As taxas de impotência sexual vêm caindo para valores inferiores à 10%.
4. O exame de PSA substitui o exame de toque.
MITO . O PSA (antígeno prostático específico) produzido pela próstata e dosado por um exame de sangue, pode estar normal em até 15% dos homens com câncer de próstata. O exame de toque ainda é importante não somente para auxiliar na detecção, mas também para ajudar na estratificação da doença, ajudando assim a decisão do urologista, na melhor forma de tratamento.
5. Seguindo à risca o tratamento médico, o homem pode ser curado do câncer de próstata.
VERDADE . Uma vez fazendo o diagnóstico precoce e o tratamento mais adequado para o caso, o homem pode ter taxas de cura superiores a 98%.
6. O câncer de próstata não mata.
MITO . Uma vez retardando o diagnóstico e não tratando adequadamente, as chances do homem morrer pelo câncer de próstata podem ultrapassar os 70%.
7. O uso de anabolizantes, excesso de exercícios e pesos em academias causam mais riscos de câncer de próstata.
MITO . Por mais de seis décadas, os médicos viram uma correlação entre níveis elevados de testosterona e aumento do risco de câncer. Contudo, recentemente, vários estudos começaram a derrubar esse conceito, demonstrando que a reposição hormonal masculina com testosterona não vem aumentando esse risco, bem como quanto aos exercícios e pesos em academias. Porém o uso excessivo de anabolizantes e de exercícios precisam ser melhor estudados para que possamos fazer tal afirmação.
8. O homem que sofre de hiperplasia prostática tem predisposição a desenvolver câncer de próstata.
MITO . A hiperplasia de próstata é uma doença benigna, causando o aumento da mesma, podendo gerar sintomas como dificuldades para urinar. Até o momento, não temos qualquer evidência robusta que comprove que tal doença possa predispor o desenvolvimento do câncer de próstata.
9. Quem tem câncer de próstata sente dor ao urinar.
MITO . O homem com câncer de próstata, na sua maioria das vezes, até 90%, não apresentam queixa alguma. Daí a importância dos exames periódicos (dosagem do PSA, toque retal e/ou algum exame de imagem), a partir dos 45 anos (para quem tem histórico familiar) e 50 anos, para o diagnóstico precoce.
10. Quanto ao exercício de profissões: exposições a aminas aromáticas (comuns nas indústrias química, mecânica e de transformação de alumínio), arsênio (usado como conservante de madeira e como agrotóxico), produtos de petróleo, motor de escape de veículo, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA), fuligem e dioxinas estão associadas ao câncer de próstata.
VERDADE . O homem que se expõe com frequência à essas substancias, conforme vários estudos, têm o risco aumentado de desenvolver câncer de próstata.
Saúde do Homem
Sobre outras questões relacionadas à saúde, qual a importância do homem começar a se cuidar desde cedo?
Dr. José Anacleto (FOTO):
Em nossa cultura, a menina é orientada a se consultar com o ginecologista desde muito nova, porém com os meninos isso não acontece. Desde o nascimento, infância e principalmente adolescência, essas consultas deveriam fazer parte de uma rotina de saúde. Alterações hormonais, do desenvolvimento do crescimento e da genitália, bem como outros problemas urológicos poderiam e deveriam ser resolvidos nessa faixa etária e a não detecção e tratamento adequado pode impactar negativamente na sua vida adulta.
Quais são as dicas de prevenção e promoção aos cuidados integrais com o cuidado da saúde masculina?
Dr. José Anacleto: Educação, conhecimento, hábitos de vida saudáveis, associados a visitas periódicas ao seu médico especialista, ajudam a aumentar nossa expectativa de vida, bem como promover uma vida com muito mais qualidade.
Paciente em atendimento no setor de Urologia do HFL
Por Thiago Tostes