Notificação e óbitos
Conforme dispõe a Portaria de Consolidação nº 4, de 28 de setembro de 2017, a doença causada pela infecção do vírus Zika é de notificação compulsória, ou seja, todo caso suspeito e/ou confirmado deve ser obrigatoriamente notificado ao Serviço de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
As notificações de casos suspeitos de infecção pelo vírus Zika devem ser registradas na Ficha de Notificação Individual/Conclusão e inseridas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan NET).
Os óbitos suspeitos pela infecção do vírus Zika são de notificação compulsória imediata para todas as esferas de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), a ser realizada em até 24 horas a partir do seu conhecimento, pelo meio de comunicação mais rápido disponível. Posteriormente, os dados também devem ser inseridos no Sinan. Se o caso que evoluiu a óbito estiver notificado como caso suspeito no Sinan, deve-se apenas complementar a ficha de notificação com a evolução “Óbito pelo agravo”. Se não houver notificação anterior, deverá ser feita a notificação do caso de Zika e o óbito deverá inserido nesta notificação de suspeição de caso, atentando-se para o campo “evolução”.
No início da epidemia de Zika no Brasil, as infecções pelo ZIKV eram consideradas benignas, não sendo responsáveis por casos graves ou óbitos. Entretanto, vale ressaltar que, naquele momento, a própria infecção pelo ZIKV, incluindo os casos graves e óbitos, poderiam não estar sendo identificados, uma vez que a clínica é muito semelhante às outras arboviroses, além dos testes sorológicos utilizados para o diagnóstico apresentarem reação cruzada, particularmente para dengue.
No decorrer e após a epidemia, estudos começaram a demonstrar a ocorrência de casos graves e óbitos possivelmente associados a infecções pelo vírus Zika. No entanto, resultados graves parecem ser raros, e seria difícil atribuir com segurança resultados graves exclusivamente à infecção por ZIKV sem considerar outras causas contribuintes. Algumas comorbidades podem aumentar o risco de infecção grave pelo ZIKAV, mas também deve ser levada em consideração a infecção anterior por um flavivírus heterólogo, como o vírus da dengue, que pode contribuir para a patogênese do Zika grave.
Os médicos devem estar cientes de que a infecção pelo ZIKAV pode apresentar um quadro clínico semelhante a dengue e outros arbovírus, incluindo os sinais de alarme e gravidade.
A vigilância epidemiológica deverá, imediatamente, iniciar a investigação do óbito e informar o caso à equipe de controle vetorial local e ao gestor municipal de saúde, para a adoção das medidas necessárias ao combate ao mosquito vetor e outras ações. A investigação deve seguir as diretrizes disponíveis no Protocolo de Investigação de Óbitos por Arbovírus Urbanos no Brasil.