Síndrome Congênita associada à infecção pelo vírus Zika
A Síndrome Congênita associada à infecção pelo vírus Zika (SCZ) compreende um conjunto de anomalias congênitas que podem incluir alterações visuais, auditivas e neuropsicomotoras que ocorrem em indivíduos (embriões ou fetos) expostos à infecção pelo vírus Zika durante a gestação. Tais alterações podem variar quanto à sua severidade, sendo que quanto mais cedo a infecção ocorre na gestação, mais graves tendem a ser esses sinais e sintomas.
A principal forma de transmissão da infecção pelo vírus Zika em mulheres grávidas é através da picada pela fêmea do mosquito Aedes aegypti, mas a transmissão também pode ocorrer através de relação sexual com indivíduos infectados ou através de transfusão sanguínea, a qual apresenta baixo risco devido à triagem de doadores e testes hematológicos.
Esta síndrome foi descoberta em 2015, devido à alteração do padrão de ocorrência de microcefalia em nascidos vivos no Brasil. Na época, o evento foi considerado uma Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) e posteriormente Internacional (ESPII). Posteriormente, constatou-se que os casos de microcefalia, que também cursavam com outras anomalias cerebrais e alterações neurológicas, estavam associados à infecção pelo vírus Zika no período gestacional.
Diagnóstico
Orientações detalhadas para o diagnóstico da SCZ são encontradas no documento Orientações integradas de vigilância e atenção à saúde no âmbito da Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional. De modo geral, o diagnóstico da SCZ inclui a avaliação das manifestações clínicas presentes no indivíduo e suas complicações, realização da anamnese para investigação de histórico materno e de outros familiares sugestivos de infecção pelo vírus Zika, realização de exames físico, laboratoriais e de imagem.
As complicações e manifestações clínicas devem ser compatíveis com os sinais e sintomas descritos no tópico acima. Os exames de imagem, como a Ultrassonografia Obstétrica, Ultrassonografia Transfontanela, Tomografia Computadorizada de Crânio, entre outros, são importantes ao ajudarem na identificação de diferentes tipos de alterações do sistema nervoso central.
Para a realização do diagnóstico laboratorial, os exames que podem ser realizados incluem o PCR quantitativo em tempo real (RT-qPCR) para o vírus Zika, sorologia para detecção de anticorpos contra o vírus Zika (IgM e IgG) e teste rápido para detecção de anticorpos contra o vírus Zika (IgM e IgG). Além destes, é necessária também a realização do diagnóstico diferencial para outras infecções congênitas do grupo STORCH (Sífilis, Toxoplasmose, Rubéola, Citomegalovírus e Herpes vírus), para excluir o fato de que as complicações presentes no indivíduo sejam em função de alguma dessas infecções.
Assistência
A assistência aos indivíduos acometidos pela SCZ é direcionada conforme o tipo de anomalia e alterações funcionais presentes. Quanto mais precoce for a detecção das alterações e início das intervenções, sejam elas clínicas, reabilitadoras ou cirúrgicas, melhor tende a ser o prognóstico da criança.
De modo geral, as crianças com SCZ devem ser acompanhadas por uma equipe multiprofissional, incluindo pediatras, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, neurologistas, oftalmologistas, otorrinolaringologistas, entre outros, a depender da necessidade de cada caso. O acompanhamento psicossocial da família também é muito importante, especialmente para famílias em situação de vulnerabilidade social.
Orientações mais detalhadas para o cuidado das crianças com SCZ também são encontradas no documento Orientações integradas de vigilância e atenção à saúde no âmbito da Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional.
Prevenção
A prevenção da SCZ relaciona-se com evitabilidade da infecção materna pelo vírus Zika. Para tanto, é necessário o combate ao mosquito Aedes aegypti e a proteção individual contra sua picada, além do uso de preservativos para prevenir a infecção por via sexual.
Dentre as medidas de prevenção ao mosquito transmissor podemos citar:
- Eliminação de criadouros do vetor, por exemplo, impedir acesso do vetor aos reservatórios de água para consumo humano e animal, eliminar água armazenada que pode se tornar possível criadouro (em vasos de plantas, pneus, garrafas, calhas, telhados, etc), limpeza de terrenos, descarte apropriado do lixo, entre outras medidas;
- Redução da exposição ao mosquito com o uso de mosquiteiros, telas, repelentes e roupas que cubram a maior área possível da superfície corporal;
- Redução da exposição das gestantes nos horários maior atividade do mosquito (amanhecer e anoitecer).