Prevenção e Cultura de Paz
Toda criança tem o direito de crescer e se desenvolver de forma saudável. A exposição de crianças a situações de violência pode comprometer seu desenvolvimento físico, emocional e mental. Quando maus-tratos ocorrem na infância, os prejuízos são maiores que em qualquer outra faixa etária. Como o aprendizado se dá pela imitação do comportamento dos adultos, crianças que assistem e/ou são vítimas de contínuas cenas de violência em casa podem achar que essa é uma forma natural de lidar com os conflitos e, assim, passar a adotar esse modelo de comportamento.
Os seguintes sinais: manchas roxas, queimadura de cigarros, mãos queimadas em "luva" (queimaduras que deixam marcas em forma de luvas), secreção/sangue na genitália e ânus, medo do contato físico, choro sem causa aparente, tristeza, isolamento, agressividade, ausência escolar frequente e negligência na saúde e higiene podem significar que a criança está sendo vítima de violência. Ficar atento a esses sinais ou sintomas é um papel contínuo dos pais/cuidadores e de profissionais.
Na educação de crianças, impor limites não significa bater ou castigar. O diálogo deve ser estimulado desde cedo pelos pais/cuidadores. Esse é o caminho.
A prevenção de violências e a promoção da cultura de paz incluem ações e estratégias de prevenção de acidentes, definidas como um dos eixos estratégicos da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC) para desenvolver um conjunto de ações para a proteção integral aos direitos fundamentais da criança, de modo que elas não sofram qualquer forma de negligência, discriminação e exploração, violência, crueldade e opressão, conforme definidos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Se você suspeitar que alguma criança está sofrendo violência, procure a Unidade de Saúde, o Conselho Tutelar ou a Vara da Infância e da Juventude, ou ligue gratuitamente para o número 100.
Para atuar de forma mais efetiva na prevenção de violências e colocar em prática ações de cuidado e proteção a crianças e adolescentes com direitos violados, o Ministério da Saúde lançou a Linha de Cuidado para a Atenção Integral à Saúde de Crianças, Adolescentes e suas Famílias em Situação de Violências, que articula o cuidado na atenção primária, na média e alta complexidade, exigindo a interação em rede com os sistemas da educação e assistência social para a garantia de direitos.
São objetivos da Linha de Cuidado:
- Estimular o desenvolvimento de ações de promoção da saúde, prevenção de violências, por meio da ação contínua e permanente no dia a dia dos serviços;
- Orientar os profissionais de saúde para a importância da integralidade do cuidado nas dimensões: acolhimento, atendimento, notificação e seguimento na rede de cuidado e de proteção social;
- Sensibilizar os gestores para a organização dos serviços em rede no território para a atenção integral às crianças, adolescentes e suas famílias em situação de violências.
A proposta de trabalho em formato linha de cuidado se constitui como um instrumento pedagógico que possibilita aos profissionais de saúde, no seu dia-a-dia nos serviços, desenvolver ações de promoção da saúde, de prevenção de violências e promoção da cultura de paz, na identificação de sinais de alerta e sintomas de violências, numa lógica que avança em direção à necessidade da atuação do cuidado em rede.
Também reforça a importância da integração das várias ações desenvolvidas nas redes de serviços que corresponsabilizam os gestores e os profissionais envolvidos, desde a atenção primária até o mais complexo nível de atenção, exigindo ainda a articulação com os demais sistemas de garantia de direitos, proteção e defesa de crianças e adolescentes.