Resistência aos antimicrobianos
A Resistência aos antimicrobianos (RAM) é a capacidade de microrganismos (bactérias, vírus, fungos e parasitas) de sobreviver aos efeitos de medicamentos antimicrobianos (antibióticos, antifúngicos, antivirais, antimaláricos ou anti-helmínticos) por meio de mutações do seu material genético. Esse fenômeno pode ocorrer naturalmente ou ser causado por ações humanas, como o uso incorreto de antibióticos, mudanças no clima e problemas de higiene e saneamento. O uso exagerado de antimicrobianos e o descarte inadequado de resíduos são os principais fatores que aceleram essa resistência. Por afetar a saúde humana, animal e ambiental, a RAM é tratada na abordagem integrada “Uma Só Saúde”.
Entenda a diferença
Antimicrobiano: Abrangência Ampla
Os antimicrobianos atuam contra diferentes tipos de microrganismos, incluindo: Bactérias, vírus, fungos e protozoários. Eles têm ampla aplicação, sendo utilizados tanto na saúde humana, animal e até na agricultura. Sua ação pode ser bactericida (eliminando bactérias) ou bacteriostática (inibindo o crescimento bacteriano).
Antibióticos: Subcategoria de Antimicrobianos
Os antibióticos, uma classe específica de antimicrobianos, atuam exclusivamente contra bactérias. Podem ser produzidos por microrganismos, como fungos do gênero Penicillium, ou sintetizados quimicamente. Não têm efeito contra vírus, fungos ou protozoários, sendo indicados apenas para infecções bacterianas.
Antibióticos não devem ser usados para tratar infecções virais, como gripes ou resfriados, enquanto antimicrobianos podem abranger uma gama maior de aplicações. O uso inadequado de antibióticos, como em casos não indicados, é um dos principais fatores que contribuem para a resistência antimicrobiana (RAM).
Dica importante: Nunca tome antibiótico sem receita. Siga sempre as orientações do médico. Se você tem sintomas de infecção, procure um médico. Evite a automedicação!
Por que preocupa?
A RAM é um dos maiores desafios de saúde pública atualmente, afetando a saúde humana, animal, ambiental e a segurança alimentar. Sem maiores investimentos em prevenção e controle, até 2035, a expectativa de vida global pode reduzir em até 1,8 anos chegando a 2,3 anos nos países de baixa e média renda das Américas, portanto a RAM festa diretamente os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) estabelecidos pela Assembleia Geral das Nações Unidas, principalmente o ODS3 (Saúde e Bem-Estar).
Impactos da RAM
- Mortalidade: A RAM é responsável por 1,27 milhões de mortes anuais diretamente e contribui para mais 4,95 milhões, tornando-se uma das 10 principais causas de óbito no mundo. Crianças menores de 5 anos são especialmente vulneráveis.
- Efeitos econômicos: Até 2030, o PIB global pode perder US$ 3,4 trilhões por ano devido à RAM, e 24 milhões de pessoas podem ser levadas à extrema pobreza até 2050.
- Redução de acesso: Infecções resistentes tornam os tratamentos mais caros, longos e menos acessíveis, especialmente em países mais pobres. Além disso, o desenvolvimento de novos antibióticos está em declínio.
Projeções futuras
Se não houver mudanças significativas, óbitos relacionados à RAM podem chegar a 39 milhões até 2050. No Brasil, são 33.200 mortes diretas e 137.900 associadas à RAM por ano.
RAM e a saúde pública
A resistência antimicrobiana é um problema relevante de saúde pública devido ao impacto negativo que pode causar no tratamento de infecções bacterianas comuns. O uso indiscriminado de antibióticos tem levado ao surgimento de cepas resistentes, tornando os medicamentos menos eficazes e aumentando o risco de complicações graves. Além disso, a resistência antimicrobiana também afeta a segurança de procedimentos médicos e cirúrgicos, trazendo consequências significativas para o sistema de saúde como um todo.
- Infecções mais difíceis de tratar: Doenças comuns, como infecções urinárias, pneumonia ou feridas, podem se tornar graves, pois os medicamentos que costumavam funcionar não têm mais efeito.
- Tempo de recuperação maior: Tratamentos que deveriam ser rápidos podem se estender por semanas ou meses, exigindo medicamentos mais fortes e caros.
- Maior risco em hospitais: Pacientes internados, especialmente aqueles que passaram por cirurgias, têm maior risco de contrair infecções resistentes, que são mais difíceis de controlar.
- Ameaça a procedimentos médicos: A RAM pode comprometer tratamentos importantes, como quimioterapia e transplantes, onde infecções controladas são essenciais para o sucesso.
- Impacto financeiro: O tratamento de infecções resistentes custa mais caro, o que afeta tanto o sistema de saúde quanto os pacientes.