Raiva Humana
Desde os anos 2000 até janeiro de 2025, o perfil da raiva humana no Brasil mudou significativamente. Os casos de raiva transmitida por cães, conhecidos como ciclo urbano da doença, foram drasticamente reduzidos devido a campanhas de controle da raiva em cães e à profilaxia antirrábica adequada para a população (Gráfico 1).
Os últimos casos de raiva em humanos transmitidos por cães ocorreram em 2013, no Maranhão, e em 2015, em Mato Grosso do Sul, ambos com variantes do vírus típicas de cães (AgV1/AgV2). Portanto, o Brasil está há quase 10 anos sem registros de raiva humana transmitida por cães, superando o prazo de 5 anos exigido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para declarar uma área livre de raiva.
A OMS estabeleceu 2030 como a meta para eliminar a raiva humana transmitida por cães nas Américas. No entanto, o Brasil assumiu o compromisso de atingir essa meta antes, durante a 17ª Reunião dos Diretores dos Programas de Raiva das Américas (17º REDIPRA) em Bogotá, Colômbia, em outubro de 2023. O objetivo é obter a validação de área livre de raiva canina pela OMS/OPAS até 2026.
Apesar dos avanços no controle da raiva transmitida por cães, o Brasil enfrenta novos desafios, com o aumento de casos de raiva humana causados por variantes do vírus rábico em animais silvestres, especialmente morcegos. Hoje, a transmissão por morcegos é a principal fonte de infecção da raiva em humanos no país.
Casos de Raiva humana segundo espécie animal de agressor, 1986-2024*, Brasil
Desde os anos 2000 até janeiro de 2025, o perfil da raiva humana no Brasil mudou significativamente. Os casos de raiva transmitida por cães, conhecidos como ciclo urbano da doença, foram drasticamente reduzidos devido a campanhas de controle da raiva em cães e à profilaxia antirrábica adequada para a população (Gráfico 1).
Fonte: SVSA/MS. *Atualizado em 11/09/2024.
Entre 2010 e 2025, foram registrados 50 casos de raiva humana no Brasil (Tabela 1). Desses, nove foram causados por mordidas de cães, 22 por morcegos, sete por primatas não humanos, dois por raposas, cinco por felinos, e um por bovino. Em quatro casos, não foi possível identificar o animal que provocou a agressão (Tabela 2). Na história dos casos de raiva humana no Brasil, apenas dois pacientes sobreviveram; todos os outros evoluíram para óbito (Tabela 3 e Tabela 4).
Notificações entre 2015 e 2025
Entre 2010 e 2025, foram registrados vários casos de raiva humana no Brasil, com diferentes fontes de transmissão (Tabela 5).
2010: Três casos, dois no Ceará (um transmitido por cão com a variante 2 e um transmitido por primata não humano com a variante de sagui) e outro no Rio Grande do Norte, transmitido por um quiróptero com a variante 3.
2011: Dois casos no Maranhão, um transmitido por um cão e outro transmitido por um gato, os dois animais com a variante 2 do vírus.
2012: Cinco casos, um no Ceará transmitido por um primata não humano com a variante de sagui, dois no Maranhão transmitido por cão com a variante 2, um e Minas Gerais transmitido por quiróptero com a variante 3 e um caso no Mato Grosso onde não foi possível identificar nem o animal agressor e nem a variante.
2013: Cinco casos, três no Maranhão (dois transmitidos por cão com a variante 2 do vírus e um transmitido por primata não humano com a variante de sagui) e dois no Piauí (um transmitido por cão com a variante 2 e um transmitido por primata não humano com a variante de sagui), sendo que este foi o último ano em que foi registrada a variante 2 no país.
2014: Não houve registro de casos de raiva humana.
2015: Dois casos, um na Paraíba transmitido por um felino com a variante 3 do vírus e outro em Mato Grosso do Sul, transmitido por um cão com a variante 1 (último caso registrado dessa variante).
2016: Dois casos, um em Roraima por um felino infectado com a variante 3 e outro no Ceará, transmitido por um morcego.
2017: Seis casos, todos pela variante 3 transmitida por morcegos, com cinco ocorrências diretas de ataques de morcegos e uma por um gato de rua infectado.
2018: Onze casos, dez deles em um surto em Melgaço, Pará, causado por morcegos, e um no Paraná, relacionado a um ataque de morcego em São Paulo.
2019: Um caso em Santa Catarina, transmitido por um felino com a variante 3.
2020: Dois casos, um no Rio de Janeiro, por morcego, e outro na Paraíba, por raposa.
2021: Um caso no Maranhão, por uma raposa com variante de canídeos silvestres.
2022: Cinco casos, quatro em uma aldeia indígena em Minas Gerais e um no Distrito Federal, todos com a variante 3.
2023: Dois casos, um em Minas Gerais por um bovino e outro no Ceará por um primata não-humano.
2024: Dois casos, um caso registrado no Piauí, causado por um primata não-humano com a variante de sagui e outro no Tocantins, cuja variante do vírus identificada foi a 3, e o provável animal agressor foi um cão.
2025: Até o momento, dois casos foram registrados, um no Pernambuco e outro no Ceará, ambos causados por primata não-humano com a variante de sagui.