Raiva Animal
A vigilância da raiva animal no Brasil é conduzida pelo Ministério da Saúde, que monitora casos de raiva em animais de interesse para a saúde pública, como cães, gatos e animais silvestres, especialmente canídeos, primatas não-humanos e morcegos. Informações sobre raiva em animais de interesse econômico, como bovinos e equinos, são fornecidas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). Esses dados ajudam a planejar ações de controle e prevenção da raiva, incluindo a vacinação, para impedir a disseminação do vírus entre diferentes espécies.
Raiva em cães e gatos no Brasil
Cães são os principais reservatórios do vírus da raiva em áreas urbanas. Gatos, embora não sejam reservatórios, também podem transmitir o vírus, especialmente quando estão próximos a cães infectados. No Brasil, a raiva em cães e gatos causada por variantes típicas de cães (AgV1 e AgV2) foi drasticamente reduzida graças à vacinação em massa e ao controle de focos em todo o país. O último caso de raiva em cão doméstico por AgV1 foi registrado em 2017, no Mato Grosso do Sul, e por AgV2 em 2019, no Maranhão. Hoje, a raiva em cães e gatos por essas variantes está sob controle.
No entanto, cães e gatos ainda podem ser infectados por variantes silvestres do vírus, transmitidas por morcegos, raposas e outros mamíferos silvestres. Por isso, é essencial manter as ações de prevenção e vigilância para evitar novos surtos.
Definição de raiva canina
No novo cenário que o Brasil se encontra, próximo a eliminação de raiva em cães domésticos, vimos esclarecer conceitos técnicos que serão utilizados para padronização da certificação junto a OPAS.
- Raiva canina: raiva da variante genética de cães.
- Raiva em cães: raiva de variantes genéticas de animais silvestres (distintas da raiva canina).
O número de casos de raiva canina caiu de 635 em 2002 para 9 em 2023, e até 2024, foram registrados 8 casos, a maioria envolvendo variantes de animais silvestres.
Número de casos de raiva animal em cães e gatos, Brasil, 2002 a 2024*
Fonte: SVSA/MS. Atualizado em 30/08/2024
Entre 2015 e 2024, foram registrados 241 casos de raiva em cães e gatos no Brasil, dos quais 77,2% (186 casos) foram confirmados em cães domésticos, sendo que, 74 casos de raiva canina variante típica de cães domésticos AgV1 e AgV2. Em 2015, 72 caninos (AgV1) originou uma epizootia na fronteira do Brasil com a Bolívia, que também resultou em um óbito humano em Corumbá e Ladário, Mato Grosso do Sul. Embora essa epizootia tenha sido controlada, continua sob monitoramento.
- Acesse os casos de Raiva Canina por UF e municípios com a variante viral (2015 a 2024)*
- Acesse os casos de Raiva Felina por UF e municípios com a variante viral (2015 a 2024)*
Além disso, diferentes linhagens genéticas do vírus da raiva silvestre foram identificadas em cães: 33% das amostras foram positivas para variantes de canídeos silvestres, especialmente no Nordeste, e 15% para variantes de morcegos em várias regiões do país.
No caso dos gatos domésticos, eles são considerados de alto risco para a transmissão do vírus da raiva (RABV) de linhagem silvestre aos humanos, principalmente devido ao seu comportamento predatório, que os expõe a morcegos. Apesar de estimativas indicarem uma grande população de gatos no Brasil, a subnotificação de casos suspeitos e as baixas taxas de vacinação felina em comparação aos cães são preocupantes.
Mesmo com a redução da raiva em cães e gatos, é crucial monitorar a circulação do vírus e identificar as variantes envolvidas em casos positivos, para que as medidas adequadas de controle e mitigação sejam implementadas. Em um cenário de baixa incidência, é importante qualificar as amostras enviadas para análise, priorizando animais com sinais neurológicos, que morreram durante o período de observação ou que foram encontrados mortos sem causa aparente. As amostras devem ser enviadas ao laboratório seguindo as orientações do Manual de Diagnóstico Laboratorial da Raiva.
Vacinação antirrábica canina e felina
O Programa Nacional de Profilaxia da Raiva (PNPR), criado em 1973, implantou a vacinação antirrábica canina e felina em todo o território nacional, entre outras ações. Essa atividade foi uma das principais ferramentas para o decréscimo nos casos de raiva naqueles animais e, com isso, permitiu um controle da raiva urbana no país. Na série histórica de 1999 a 2024, o Brasil saiu de 1.200 para 8 casos no ano de 2024.
Raiva em animais silvestres
As informações sobre raiva em animais silvestres de interesse para a saúde pública no Brasil, incluindo canídeos silvestres, primatas não-humanos e morcegos hematófagos e não hematófagos, estão apresentadas no gráfico 4. Dados relacionados a outros mamíferos, como animais de interesse econômico (bovinos, equinos e outros animais de produção), estão disponíveis nas tabelas 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15 e 16, organizadas por Unidade Federativa (UF) e ano de ocorrência.
Número de casos de raiva em animais silvestres, Brasil, 2002 a 2024*
Fonte: SVSA/MS. Atualizado em 30/08/2024
Obs.: os dados de animais de interesse econômico devem ser conferidos nos sites do MAPA.