Orientações para Profissionais de Saúde
Frente a uma possível exposição ao vírus da raiva, não se recomenda a sutura dos ferimentos e, quando for absolutamente necessário, aproximar as bordas com pontos isolados e, o soro antirrábico, se indicado, deverá ser infiltrado uma hora antes da sutura. A profilaxia do tétano segundo o esquema preconizado (caso não seja vacinado ou com esquema vacinal incompleto) e uso de antibióticos devem ser indicados após avaliação médica.
Em casos de contato indireto, ou seja, quando ocorre por meio de objetos ou utensílios contaminados com secreções de animais suspeitos, e lambedura na pele íntegra por animal suspeito, indica-se apenas lavar bem o local com água corrente e sabão.
Tanto os casos de profilaxia antirrábica humana quanto os casos suspeitos ou confirmados de raiva humana, precisam ser adequadamente investigados e notificados no SINAN. Também os casos de eventos adversos pós-vacinal precisam ser adequadamente investigados e informados.
Notificação
Todo caso humano suspeito de raiva é de notificação individual, compulsória e imediata aos níveis municipal, estadual e federal. Portanto deve ser investigado pelos serviços de saúde por meio da ficha de investigação, padronizada pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Todo atendimento antirrábico deve ser notificado, independente do paciente ter indicação de receber vacina ou soro antirrábico.
Existe uma ficha específica padronizada pelo Sinan, que se constitui em um instrumento fundamental para decisão da conduta de profilaxia a ser adotada pelo profissional de saúde, que deve ser devidamente preenchida e notificada.
Caso humano de raiva
Todo caso humano suspeito de raiva é de notificação compulsória e imediata nas esferas municipal, estadual e federal. A notificação deve ser registrada no Sinan, por meio do preenchimento e envio da Ficha de Investigação da Raiva.
Acidente por animal potencialmente transmissor da raiva
Todo atendimento por acidente por animal potencialmente transmissor da raiva deve ser notificado pelos serviços de saúde, por meio da Ficha de Investigação de Atendimento Antirrábico do Sinan. A ficha deve ser devidamente preenchida e inserida no Sinan, independentemente de o paciente ter indicação de receber vacina ou soro.
Eventos Supostamente Atribuíveis à Vacinação ou Imunização (ESAVI)
Devem ser notificados todos os eventos ocorridos após a aplicação de um produto imunobiológico, respeitando-se a plausibilidade biológica da ocorrência, realizando-se um diagnóstico diferencial abrangente e descartadas condições ocorridas concomitantemente ao uso da vacina sem qualquer relação com ela. No Manual de Vigilância de Eventos Adversos Pós-Vacinação (2021), encontram-se definições de caso para os eventos adversos específicos ou não para cada vacina.
Aspectos epidemiológicos
Há muitas interfaces entre a raiva humana e a animal. Na vigilância da raiva, os dados epidemiológicos são essenciais tanto para os profissionais de saúde, para que seja tomada a decisão de profilaxia de pós-exposição em tempo oportuno, como para os médicos veterinários, que devem adotar medidas de bloqueio de foco e controle animal. Assim, a integração entre assistência médica e a vigilância epidemiológica e ambiental são imprescindíveis para o controle dessa zoonose.
Definição do caso
- Suspeito: Todo paciente com quadro clínico sugestivo de encefalite, com antecedentes ou não de exposição à infecção pelo vírus rábico;
- Confirmado.
Critério laboratorial
Caso suspeito com sintomatologia compatível, para a qual a IFD, ou PB, ou PCR, foi positiva para raiva.
Critério clínico-epidemiológico
Paciente com quadro neurológico agudo (encefalite), que apresente formas de hiperatividade, seguido de síndrome paralítica com progressão para coma, sem possibilidade de diagnóstico laboratorial, mas com antecedente de exposição a uma provável fonte de infecção.
Aspectos laboratoriais
O diagnóstico laboratorial - ante mortem (apenas para casos humanos) e post mortem - é essencial para a confirmação de casos de raiva humana e animal.
- Diagnóstico post mortem: é realizado com fragmentos do sistema nervoso central, através das técnicas de imunofluorescência direta (IFD) e isolamento viral, podendo ser está última realizada por inoculação em camundongos (recém-nascidos ou de 21 dias) ou por cultivo celular;
- Diagnóstico ante mortem: A confirmação laboratorial em vida, dos casos suspeitos de raiva humana, pode ser realizada pelo método de IFD, em impressão de córnea, raspado de mucosa lingual (swab) ou tecido bulbar de folículos pilosos, obtidos por biópsia de pele da região cervical – procedimento que deve ser feito por profissional habilitado, mediante o uso de equipamento de proteção individual (EPI). A sensibilidade dessas provas é limitada e, quando negativas, não se pode excluir a possibilidade de infecção. A realização da autópsia é de extrema importância para a confirmação diagnóstica.
Na atualidade, técnicas de biologia molecular são importantes instrumentos para o diagnóstico ante mortem da raiva em humanos, inclusive para a identificação da variante do vírus e, possivelmente da fonte infecção, otimização das ações de investigação, vigilância e controle de foco.