A peste é uma doença infecciosa aguda, transmitida principalmente por picada de pulga infectada. A doença se manifesta sob três formas clínicas principais:
- bubônica;
- septicêmica;
- pneumônica.
A doença é conhecida popularmente como “peste negra”, “febre do rato” ou “doença do rato”.
Importante: A peste é um perigo potencial para as populações devido à persistência da infecção em roedores silvestres. Se não tratada corretamente, pode levar à morte.
Transmissão
A transmissão da Peste na forma bubônica ocorre por meio da picada de pulgas infectadas. Na forma pneumônica, a transmissão se dá por gotículas aerógenas lançadas pela tosse no ambiente. A maior transmissibilidade se dá no período sintomático, em que o bacilo circula no organismo em maiores quantidades. A transmissibilidade da peste pneumônica ocorre no início da expectoração, permanecendo enquanto houver bactérias no trato respiratório.
O período de incubação geralmente é de 2 a 6 dias na peste bubônica e de 1 a 3 dias na peste pneumônica. A peste continua sendo potencialmente perigosa em diversas partes do mundo. No Brasil, existem duas áreas distintas consideradas focos naturais:
- o foco do nordeste;
- foco de Teresópolis, no estado do Rio de Janeiro.
Existem outras áreas pestígenas localizadas no território mineiro do vale do Rio Doce e vale do Jequitinhonha, que podem ser consideradas como extensão do foco do nordeste. O foco do nordeste encontra-se distribuído nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco (com pequena extensão para o Piauí), Alagoas e Bahia. O Brasil não registra casos humanos de peste desde ano de 2005. O último caso ocorreu no estado do Ceará, no município de Pedra Branca.
Diagnóstico
O diagnóstico laboratorial da Peste é feito mediante o isolamento e a identificação da bactéria Y. pestis em amostras de aspirado de bubão, escarro e sangue. Pode-se realizar imunofluorescência direta e também sorologia, por meio das técnicas de hemaglutinação/inibição da hemaglutinação (PHA/PHI), ELISA, Dot-ELISA, e bacteriológica por meio de cultura e hemocultura. No diagnóstico diferencial, a peste bubônica deve ser diferenciada de adenites regionais supurativas, linfogranuloma venéreo, cancro mole, tularemia e sífilis. Em alguns focos brasileiros, a peste bubônica pode, inclusive, ser confundida com a leishmaniose tegumentar americana, na sua forma bubônica.
A forma septicêmica deve ser diferenciada de septicemias bacterianas, das mais diversas naturezas, e de doenças infecciosas de início agudo e de curso rápido e grave. Nas áreas endêmicas de tifo exantemático, tifo murino e febre maculosa, pode haver dificuldade diagnóstica com a septicemia pestosa. A peste pulmonar, pela sua gravidade, deve ser diferenciada de outras pneumonias, broncopneumonias e estados sépticos graves.
A suspeita diagnóstica pode ser difícil no início de uma epidemia ou quando é ignorada a existência da doença em uma localidade, já que suas primeiras manifestações são semelhantes a muitas outras infecções bacterianas. A história epidemiológica compatível facilita a suspeição do caso.
Tratamento
O tratamento da peste deve ser feito com antibióticos. Ele deve ser instituído precoce e intensivamente. Não se deve, em hipótese alguma, aguardar os resultados de exames laboratoriais, devido à gravidade e rapidez da instalação do quadro clínico que a peste provoca.
O ideal é que se institua a terapêutica específica nas primeiras 15 horas após o início dos sintomas, para evitar complicações e morte.
Prevenção
Algumas medidas simples podem ser adotadas para prevenir a Peste.
Evitar contato com roedores silvestres e suas pulgas.
Evitar contato com animais sinantrópicos, que se adaptaram a viver junto ao homem, pois eles podem estar infestados por pulgas infectadas.
Orientações
Notificação de casos suspeitos:
De acordo com a Portaria do MS de consolidação Nº 4 de 03 de outubro de 2017, todo caso de peste é de notificação obrigatória às autoridades locais de saúde. Deve-se realizar a investigação epidemiológica em até 48 horas após a notificação, avaliando a necessidade de adoção de medidas de controle pertinentes. A investigação deverá ser encerrada até 60 dias após a notificação.
A unidade de saúde notificadora deve utilizar a ficha de notificação/investigação do Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan encaminhando-a para ser processada, conforme o fluxo estabelecido pela Secretaria Municipal de Saúde.
Notificação imediata a todas as esferas do governo:
De acordo com a Portaria do MS de consolidação Nº 4 de 03 de outubro de 2017, um caso de peste deve ser notificado em até 24 horas as autoridades sanitárias competentes, por telefone, fax, e-mail ou qualquer outro meio de comunicação.
Caso a SMS e/ou SES não disponham de infraestrutura, principalmente nos fins de semana, feriados e período noturno, a notificação deverá ser feita à:
- Secretaria de Vigilância em Saúde – SVS/MS
- Disque-Notifica 0800-644-6645
- notifica@antigo.saude.gov.br
Viajantes
Os viajantes devem ser informados se no país ou região visitada existe possibilidade de transmissão da doença, principalmente no que se refere ao turismo ecológico. Havendo possibilidade de contato com roedores silvestres e pulgas nas regiões de serras e planaltos, nos quais exista circulação da Yersinia pestis, deverão ser adotadas medidas de precaução para evitar o contato homem-roedores e pulgas.