Situação epidemiológica
O perfil epidemiológico da PCM vem apresentando notáveis alterações em sua frequência, características demográficas e distribuição geográfica. Fatores ambientais, decorrentes da abertura de novas fronteiras agrícolas com a derrubada de florestas, sobretudo na Amazônia, também contribuíram para o atual panorama da micose. Além disso, a ocorrência de diferentes espécies de Paracoccidioides também pode estar influenciando a mudança no padrão epidemiológico.
Em 2016, aconteceu um surto de PCM após a construção de um anel rodoviário na Baixada Fluminense, área metropolitana do Rio de Janeiro, onde houve extensa derrubada de vegetação, acompanhada de grande movimentação de terra.
No Brasil, a maioria dos casos conhecidos ocorre nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Também há relato de ocorrência de casos em áreas de colonização mais recente, submetidas ao desmatamento, como na região da Amazônia, atingindo os estados do Maranhão, Tocantins, Pará, Mato Grosso, Rondônia, Acre e Amazonas, onde a PCM pode ser considerada uma micose sistêmica emergente.
As micoses sistêmicas não integram a lista nacional de doenças de notificação compulsória no Brasil. Elas também não são objeto de vigilância epidemiológica de rotina, com exceção dos estados brasileiros que instituíram essa notificação de iniciativa do seu âmbito de gestão. Por isso, não existem dados epidemiológicos da ocorrência, magnitude e transcendência da paracoccidioidomicose em nível nacional.
No plano estratégico 2020, o Ministério da Saúde iniciou a estruturação do sistema de vigilância e controle das micoses sistêmicas, incluída a paracoccidioidomicose. Com a estruturação do sistema de vigilância dessa micose, espera-se acompanhar a tendência temporal da doença, conhecer seu perfil epidemiológico e determinantes sociais, bem como definir as medidas de controle na contenção da sua magnitude e a decorrente vulnerabilidade no país.