Diagnóstico e Tratamento
O primeiro exame físico do recém-nascido é rotina nas maternidades e deve ser feito em até 24 horas após o nascimento. Este período é um dos principais para se identificar possíveis anomalias congênitas no recém-nascido. Neste sentido, para a aferição do perímetro cefálico, o profissional de saúde deve utilizar uma fita métrica inelástica, colocando-a no ponto mais proeminente da parte posterior do crânio (occipital) e sobre as sobrancelhas. Se houver alguma proeminência frontal e for assimétrica, o profissional deve passar a fita métrica sobre a parte mais proeminente. Atualmente, o uso das curvas da Organização Mundial da Saúde (OMS) para recém-nascidos à termo e das curvas de Intergrowth-21st para recém-nascidos pré-termo, ambas presentes na Caderneta da Criança (para meninas e meninos), são as mais adequadas para a identificação e classificação da microcefalia, uma vez que essas curvas consideram o sexo e a idade gestacional ao nascimento.
Além do exame físico, exames neurológicos e de imagem também devem ser realizados para a identificação de anomalias cerebrais. A ultrassonografia transfontanela (US-TF) é a primeira opção indicada e a tomografia, quando o tamanho da fontanela (moleira) impossibilita a realização da US-TF ou caso ainda persista dúvida diagnóstica após a US-TF.
Também é possível diagnosticar a microcefalia no pré-natal. Entretanto, somente o médico que está acompanhando a grávida poderá indicar o método de imagem mais adequado.
Não há tratamento específico para a microcefalia. No entanto, existem ações de suporte que podem auxiliar no desenvolvimento do bebê e da criança. Este acompanhamento é preconizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Todas as crianças com esta anomalia congênita devem ser inseridas no Programa de Estimulação Precoce, desde o nascimento até os três anos de idade - período em que o cérebro se desenvolve mais rapidamente. A estimulação precoce tem como objetivo estimular o potencial máximo de cada criança, englobando o crescimento físico e a maturação neurológica, comportamental, cognitiva, social e afetiva, o quais podem ser prejudicados pela microcefalia.
Os nascidos com microcefalia recebem a estimulação precoce em serviços de reabilitação distribuídos em todo o país, como nos Centros Especializados de Reabilitação (CER), Ambulatórios de Seguimento de Recém-Nascidos e nos atendimentos ofertados pelas equipes do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). Para orientar os profissionais de saúde no atendimento a estas crianças, o Ministério da Saúde lançou o documento Diretrizes de estimulação precoce que é voltado especialmente para crianças de zero a 3 anos com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. Essas Diretrizes abordam aspectos relacionados ao desenvolvimento neuropsicomotor da criança, incluindo a avaliação auditiva, visual, motora, cognitiva e da linguagem, a estimulação precoce, o uso de tecnologia assistiva (bengalas e cadeiras de rodas), além de outros aspectos, como a importância do brincar e a participação da família na estimulação precoce.