Situação epidemiológica
Os micetomas são considerados uma doença negligenciada, com ocorrência nos países tropicais da África ocidental (Senegal, Mali e Mauritânia), Ásia (Índia), e Américas do Sul e Central, especialmente Argentina, Brasil, Colômbia, Venezuela e México.
No Brasil, a maioria dos casos de micetomas se concentra na região Nordeste, geralmente em locais de clima árido, de curta estação chuvosa e pequena variação da temperatura, onde o fungo sobrevive no seu habitat natural. A doença acomete mais homens que trabalham na zona rural em contato com solo, plantas, farpas e espinhos contaminados pelo fungo.
As lesões dos micetomas no indivíduo evoluem lenta e progressivamente. Geralmente, a doença apresenta um bom prognóstico, mas pode ser de difícil cura. O efeito estético da doença é um estigma social relevante e pode afetar as relações sociais do indivíduo.
As micoses sistêmicas não integram a lista nacional de doenças de notificação compulsória no Brasil. Elas também não são objeto de vigilância epidemiológica de rotina, com exceção dos estados brasileiros que instituíram essa notificação de iniciativa do seu âmbito de gestão. Por isso, não existem dados epidemiológicos sobre a ocorrência, magnitude e transcendência dos micetomas em nível nacional.
No plano estratégico de 2020, o Ministério da Saúde iniciou a estruturação do sistema de vigilância e controle das micoses endêmicas. Com isso, espera-se conhecer o perfil epidemiológico da doença causada pelos micetomas e seus determinantes sociais em saúde, bem como definir as medidas de controle para a sua contenção no país e a redução da vulnerabilidade a ela associada.