Viajantes e a Malária
Os riscos de adoecimento durante uma viagem são variáveis e dependem das características do indivíduo, da viagem e do local de destino e as orientações a serem feitas se baseiam nestas informações. Recomenda-se que os viajantes recebam uma avaliação e orientação criteriosa realizada por profissionais especializados em saúde do viajante antes da viagem. Uma lista dos contatos das Gerências de Malária e dos Centros de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) estaduais é divulgada pelo Ministério da Saúde para verificar onde se possa realizar diagnóstico e o tratamento para malária.
Ao ser identificado potencial risco de adquirir malária devem ser orientadas as medidas de prevenção contra picada de mosquitos:
- Uso de mosquiteiros ou cortinados, preferencialmente impregnado com inseticida (piretróides), em camas e redes;
- Uso de telas nas portas e janelas;
- Uso de camisas com manga longa e calças compridas, cobrindo áreas do corpo em que o mosquito possa picar;
- Uso de repelentes nas áreas de pele expostas, seguindo as orientações do fabricante do produto quanto à faixa etária e frequência de aplicação;
- Evitar se possível, locais próximos a criadouros naturais dos mosquitos vetores (beira de rios e lagos, áreas alagadas ou coleções hídricas, região de mata nativa), principalmente nos horários da manhã e ao entardecer, por ser neste horário a maior atividade dos mosquitos vetores da malária;
- É recomendado o uso de ar condicionado ou ventiladores em ambientes fechados.
Atenção! Após a manipulação do mosquiteiro, lave sempre as mãos e evite contato com os olhos. Em caso de irritação lave com água em abundância.
Outra informação importante é a orientação para busca ao diagnóstico e tratamento imediatamente após o início dos sintomas, uma vez que o atraso no tratamento está associado a um maior risco de gravidade e óbito, principalmente em viajantes que, em geral, são não imunes
É importante frisar que o viajante que se desloca para áreas de transmissão de malária deve procurar orientação de prevenção antes da viagem e acessar o serviço de saúde, caso apresente sintomas de doença dentro de 6 meses após retornar de uma área de risco de transmissão.
Quimioprofilaxia
A área endêmica de malária no Brasil abrange a chamada região amazônica, composta por 9 estados (AC, AM, AP, PA, RO, RR, MA, TO e MT). No país temos principalmente três parasitos responsáveis pela doença – Plasmodium falciparum, Plasmodium vivax e Plasmodium malariae. O P. vivax é responsável por cerca de 85% ou mais dos casos no país.
Na África praticamente todos os casos são causados pelo P. falciparum. Na Ásia temos a presença dos dois parasitos na maioria dos países.
Atualmente, os medicamentos destinados à quimioprofilaxia da malária servem apenas para o P. falciparum de forma geral.
Assim, em alguns países do mundo é possível utilizar medicamento para evitar parcial e temporariamente um dos tipos de malária. A quimioprofilaxia (QPX), uso de antimaláricos em pequenas doses durante o período de exposição, deve ser reservada para situações específicas, nas quais o risco de adoecer de malária grave por Plasmodium falciparum for superior ao risco de eventos adversos graves, relacionados ao uso das drogas quimioprofiláticas.
No Brasil, onde há predomínio de P. vivax em toda a área endêmica, deve-se lembrar de que a eficácia da profilaxia para essa espécie de Plasmodium é baixa. Assim, pela ampla distribuição da rede de diagnóstico e tratamento para malária, não se indica a QPX para viajantes em território nacional. Entretanto, a QPX poderá ser, excepcionalmente, recomendada para viajantes que visitarão regiões de alto risco de transmissão de P. falciparum na região amazônica que permanecerão na região por tempo maior que o período de incubação da doença (e com duração inferior a 6 meses) em locais cujo acesso ao diagnóstico e tratamento de malária estejam distantes (mais de 24 horas).
É importante frisar que o viajante que se desloca para áreas de transmissão de malária deve procurar orientação de prevenção antes da viagem e acessar o serviço de saúde, caso apresente sintomas de doença dentro de 6 meses após retornar de uma área de risco de transmissão, mesmo que tenha realizado quimioprofilaxia.
É essencial usar medidas de proteção como repelentes e mosquiteiros e buscar atendimento médico aos primeiros sintomas. Referir sempre ao profissional de saúde se houve viagens/visitas às áreas endêmicas no Brasil ou em outros países nos últimos meses.
Não há medicamentos para uso em quimioprofilaxia de malária disponíveis na lista de medicamentos do Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária no Brasil.