A histoplasmose é uma infecção fúngica sistêmica que pode se apresentar desde uma infecção assintomática até a forma de doença disseminada com evolui para óbito. Ela é causada por fungos dimórficos da espécie Histoplasma capsulatum. Os indivíduos geralmente adquirem a infecção pela inalação (entrada) de partículas infectantes do fungo decorrente do manuseio do solo, frutas secas e cereais e nas árvores.
O fungo também é isolado nos excrementos de morcegos e aves, como galinhas e outras gregárias. Outras espécies animais podem se infectar com H. capsulatum, como cães, gatos, cavalos, bovinos, suínos, roedores e marsupiais, entre outros. Não há transmissão de homem a homem, e nem de animais para o homem. Como o fungo está disperso na natureza, os trabalhadores rurais constituem o principal grupo de risco, visto à sua exposição no meio ambiente.
Sintomas
As manifestações clínicas da histoplasmose dependem do estado imunológico do indivíduo, da virulência da cepa e do tamanho do inóculo. A sintomatologia inclui febre, calafrios, tosse seca, fraqueza, perda de peso, dor de cabeça e dores musculares. O indivíduo doente ainda pode apresentar dificuldade ao respirar, de intensidade variável e, ocasionalmente, dor no peito, dificuldade e dor ao deglutir.
A infecção primária pode ocorrer em indivíduos de qualquer idade e sexo, no entanto, crianças menores de 1 ano e adultos maiores de 50 anos de idade estão sujeitos a desenvolver formas mais graves, inclusive o óbito. Os sintomas podem ser confundidos com outras causas, como virais e bacterianas. As formas clínicas da doença são classificadas como assintomáticas, pulmonares e disseminadas. Com relação à evolução, a histoplasmose pode ser classificada em: aguda, subaguda e crônica.
Quanto ao início do quadro clínico:
- Primária;
- Por reativação.
Quanto à distribuição:
- Pulmonar;
- Mediastinal;
- Disseminada;
- Isolada extrapulmonar.
Quanto à gravidade:
- Assintomática;
- Leve;
- Moderada;
- Severa.
As formas mediastinais serão consideradas complicações da doença.
Diagnóstico
A histoplasmose pode ser diagnosticada por meio de uma correlação entre os dados clínicos, epidemiológicos e laboratoriais e/ou radiológicos. Os métodos diagnósticos que confirmam ou sugerem a infecção fúngica são o micológico, o histopatológico e o sorológico. A confirmação diagnóstica laboratorial é feita por meio do isolamento do fungo. Entretanto, resultado negativo em amostras suspeitas não afasta o diagnóstico.
O principal diagnóstico diferencial da histoplasmose é a tuberculose. Outros diagnósticos diferenciais incluem a leishmaniose tegumentar e visceral, malária, pneumonias, sarcoidose e neoplasias.
Tratamento
O tratamento da histoplasmose dever ser realizado após a avaliação clínica, com orientação e acompanhamento médico. Na grande maioria das vezes, a infecção evolui para cura espontaneamente, sem a necessidade de medicamentos antifúngicos.
Indivíduos não diagnosticados no estágio inicial da doença podem necessitar de terapia a longo prazo com antifúngicos.
Os antifúngicos utilizados para o tratamento da histoplasmose são o itraconazol e as formulações lipídicas de anfotericina B. O Sistema Único de Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde, oferece gratuitamente o itraconazol e o complexo lipídico de anfotericina B para o tratamento dos pacientes diagnosticados com histoplasmose.
Prevenção
A principal medida de prevenção e controle a ser tomada é evitar a exposição direta ao fungo, por meio da utilização de equipamentos de proteção individual (EPI), em especial, máscaras. Os trabalhadores rurais e motoristas de trator que são constantemente expostos à poeira mais densa, os profissionais que atuam em escavação de solo, terraplanagem e manipulação de aves, assim como profissionais que atuam em cavernas e grutas devem fazer uso de máscaras.
Máquinas com cabine vedadas ou máscaras protetoras, como N95, protege da infecção por Histoplasma capsulatum. Deve-se evitar exposição de crianças e indivíduos imunodeprimidos em áreas de provável fonte de infecção. Em laboratórios, a manipulação de isolados do fungo, sempre que possível, deve ser feita em cabine de segurança Classe II B2.
Situação epidemiológica
Histoplasmose é uma micose sistêmica endêmica de ampla distribuição mundial. A histoplasmose apresenta maior prevalência em locais de zonas tropicais e temperadas. Destaca-se o continente americano, especialmente na região centro-oeste dos Estados Unidos da América, localizados nos vales dos Rios Mississipi e Ohio, e na região dos Grandes Lagos. Há relatos de casos na América do Sul com registro na Argentina, Venezuela, Equador, Paraguai, Uruguai, Colômbia e Brasil. No Brasil, as microepidemias de histoplasmose estão relacionadas a grupos de indivíduos infectados em locais contaminados, como grutas habitadas por morcegos, galinheiros e pombais.
Essas microepidemias foram registradas em 10 unidades federativas, com maior concentração nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, como os estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso e Goiás. As micoses sistêmicas não integram a lista nacional de doenças de notificação compulsória no Brasil. Elas também não são objeto de vigilância epidemiológica, de rotina, com exceção de estados brasileiros que instituíram essa notificação de iniciativa do seu âmbito de gestão. Por isso, não existem dados epidemiológicos da ocorrência, magnitude e transcendência da histoplasmose em nível nacional.