A Filariose Linfática (Elefantíase) é uma doença parasitária crônica, considerada uma das maiores causas mundiais de incapacidades permanentes ou de longo prazo. É causada pelo verme nematoide Wuchereria Bancrofti e transmitida pela picada do mosquito Culex quiquefasciatus (pernilongo ou muriçoca) infectado com larvas do parasita. Entre as manifestações clínicas mais importantes da Filariose Linfática estão edemas (acúmulo anormal de líquido) de membros, seios e bolsa escrotal, que podem levar a pessoa à incapacidade.
Em casos mais graves, algumas complicações podem surgir.
Importante: Atualmente, a Filariose Linfática está em fase de eliminação no Brasil. A área endêmica está restrita a quatro municípios situados na Região Metropolitana do Recife/Pernambuco: Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes e Paulista.
Transmissão
A transmissão da Filariose Linfática se dá pela picada do mosquito Culex quiquefasciatus (pernilongo ou muriçoca) infectado com larvas do parasita. Após a penetração na pele, por meio da picada do mosquito, as larvas infectantes migram para região dos linfonodos (gânglios), onde se desenvolvem até a fase adulta. Havendo o desenvolvimento de parasitos de ambos os sexos, haverá também a reprodução deles, com eliminação de grande número de microfilárias para a corrente sangüínea, o que propiciará a infecção de novos mosquitos, iniciando-se um novo ciclo de transmissão.
Sintomas
Os sintomas da Filariose Linfática (Elefantíase) estão relacionados ao processo de desenvolvimento das larvas causadoras da doença e também do local onde se alojaram os vermes adultos, podendo variar desde ausência de sintomas, até quadros graves e incapacitantes, muitas vezes permanentes.
No entanto, como os quadros clínicos e os sintomas são semelhantes ao de outras doenças, é preciso que sua caracterização seja feita criteriosamente por meio de diagnóstico específico.
Os sintomas crônicos da Filariose Linfática podem evoluir para:
- acúmulo anormal de líquido (edema) nos membros, seios e bolsa escrotal;
- aumento do testículo (hidrocele);
- crescimento ou inchaço exagerado dos membros, seios e bolsa escrotal.
Diagnóstico
O diagnóstico da Filariose Linfática (Elefantíase) deve ser específico e detalhado, para descartar a hipótese de outras doenças. Os testes laboratoriais que comprovam a presença do verme parasita causador da doença são:
- Exame direto em lâmina;
- Hemoscopia positiva;
- Ultrassonografia, que pode demonstrar a presença de filarias nos canais linfáticos.
- Outros testes, especialmente apoiados em cartões podem ser utilizados para triagem.
Importante: Uma característica deste parasito é a periodicidade noturna das microfilárias no sangue periférico do hospedeiro. O pico da parasitemia periférica coincide, na maioria das regiões. No Brasil, o horário preferencial de repasto do mosquito é entre 23h e 01h da manhã. Durante o dia, essas formas se localizam nos capilares profundos, principalmente nos pulmões e, durante a noite, aparecerem no sangue periférico, com maior concentração em torno da meia-noite, decrescendo novamente até o final da madrugada.
Tratamento
Orienta-se que devido à Filariose Linfática estar em vias de eliminação no Brasil, seja realizada a identificação morfológica do parasito (classificação da espécie filarial) antes do tratamento específico com a Dietilcarbamazina (DEC).
O procedimento de identificação morfológica se dá por meio do encaminhamento de material biológico para o Laboratório do Serviço de Referência Nacional em Filarioses (SRNF) no Instituto Aggeu Magalhaes (IAM) Fiocruz/Pernambuco.
A droga de escolha é a DEC na forma de comprimidos, de 50mg da droga ativa, sua administração se dá por via oral e apresenta rápida absorção e baixa toxicidade. Esta droga tem efeito micro e macro filaricida, com redução rápida e profunda da densidade das microfilárias no sangue, por isso sua indicação é para aquelas pessoas com infecção ativa.
Situação Epidemiológica
No Brasil, o perfil epidemiológico dessa doença foi estabelecido na década de 50, quando foram realizados inquéritos hemoscópicos em todo o país. Com base nos resultados desses inquéritos, foram identificados os focos, e eleitas áreas prioritárias para intervenção. Essas áreas, um total de 11 cidades em 6 estados foram considerados então os “focos de filariose” no país. Desde então uma série de ações foram implantadas/implementadas com o propósito de dar combate a essa endemia.
Tais ações visavam à redução da infecção principalmente por meio da eliminação das fontes humanas de infecção, assim, milhares de exames hemoscópicos foram realizados anualmente nas populações residentes nas áreas endêmicas. Em seguida foram realizados tratamentos dos casos individuais ou tratamentos coletivos de acordo com situação epidemiológica do local, levando ao sucesso na eliminação da doença na maior parte do país. Após anos de esforços, esta doença está em fase de eliminação no país. A área endêmica está restrita à Região Metropolitana de Recife, tendo o ano de 2017 como o último com identificação de caso confirmado.
Orientações
Existem países que ainda são endêmicos para Filariose Linfática e que possuem migração constante para o Brasil. Casos importados e com diagnóstico comprovado deverão ser informados a Vigilância de Filariose Linfática na esfera local e federal por e-mail: doençasemeliminacao@saude.gov.br.
Em geral para que ocorra a transmissão é necessário um tempo longo de permanência nas áreas endêmicas.
Viajantes
A transmissão da Filariose Linfática (Elefantíase) atualmente no Brasil está restrita a áreas endêmicas pertencentes aos municípios de Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes e Paulista, todos na Região Metropolitana do Recife.
Entretanto, para que ocorra a transmissão é necessário que exista um conjunto de fatores que propiciem a infecção, entre eles a presença do mosquito transmissor e sua infecção com larvas no estágio infectante.