Situação epidemiológica
Os casos individuais de DDA são de notificação compulsória em unidades sentinelas para monitorização das DDA (MDDA). O principal objetivo da Vigilância Epidemiológica das Doenças Diarreicas Agudas (VE-DDA) é monitorar o perfil epidemiológico dos casos, visando detectar precocemente surtos, especialmente os relacionados a: acometimento entre menores de cinco anos; agentes etiológicos virulentos e epidêmicos, como é o caso da cólera; situações de vulnerabilidade social; seca, inundações e desastres. Os casos de DDA são notificados no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica das DDA (SIVEP_DDA) e o monitoramento é realizado pelo acompanhamento contínuo dos níveis endêmicos para verificar alteração do padrão da doença em localidades e períodos de tempo determinados. Diante da identificação de alterações no comportamento da doença, deve ser realizada investigação e avaliação de risco para subsidiar as ações necessárias.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, as doenças diarreicas constituem a segunda principal causa de morte em crianças menores de cinco anos, embora sejam evitáveis e tratáveis. As DDA são as principais causas de morbimortalidade infantil (em crianças menores de um ano) e se constituem um dos mais graves problemas de saúde pública global, com aproximadamente 1,7 bilhão de casos e 525 mil óbitos na infância (em crianças menores de 5 anos) por ano. Além disso, as DDA estão entre as principais causas de desnutrição em crianças menores de cinco anos.
Uma proporção significativa das doenças diarreicas é transmitida pela água e pode ser prevenida através do consumo de água potável, condições adequadas de saneamento e hábitos de higiene. No Brasil, segundo estatísticas do IBGE, em 2016, 87,3% dos domicílios ligados à rede geral tinham disponibilidade diária de água, percentual que era de 66,6% no Nordeste, onde em 16,3% dos domicílios o abastecimento ocorria de uma a três vezes por semana e em 11,2% dos lares, de quatro a seis vezes. A região Norte apresentava o menor percentual de domicílios em que a principal forma de abastecimento de água era a rede geral de distribuição (59,8%). Por outro lado, a região se destacava quando se tratava de abastecimento através de poço profundo ou artesiano (20,3%); poço raso, freático ou cacimba (12,7%); e fonte ou nascente (3,1%).
Outra preocupação é a ocorrência de inundações e secas induzidas por mudanças climáticas, que podem afetar as condições de acesso de muitas famílias aos serviços de abastecimento de água e saneamento, expondo populações a riscos relacionados à saúde. Além disso, as inundações podem dispersar diversos contaminantes fecais, aumentando os riscos de surtos de doenças transmitidas pela água. No caso da escassez de água devido à seca, a utilização de fontes alternativas de água sem tratamento adequado, incluindo água de caminhão pipa, também aumenta os riscos de adoecimento por doenças diarreicas.
A seca e a estiagem são, entre os tipos de desastre, os que mais afetam a população brasileira (50,34%), por serem mais recorrentes, atingindo mais fortemente as regiões Nordeste, Sul e parte do Sudeste. As inundações são a segunda tipologia de desastres de maior recorrência no Brasil e atingem todas as regiões do país, causando impactos significativos sobre a saúde das pessoas e a infraestrutura de saúde.
Nesse cenário diversificado das regiões do país, relacionado ao desenvolvimento socioeconômico, às condições de saneamento, ao clima e às situações adversas, como os desastres, ocorrem anualmente, mais de 4 milhões de casos e mais de 4 mil óbitos por DDA, registrados por meio da vigilância epidemiológica em unidades sentinelas e pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM).
Dados de DDA: Painel de Monitoramento das Doenças Diarreicas Agudas