Situação Epidemiológica
Apesar do risco de infecção aumentado, associado a ocupações relacionadas ao trato do solo, muitos casos são identificados em pessoas que não referem exposição ocupacional, em virtude da fácil aerossolização e dispersão dos artroconídios. Tempestades de areia e terremotos têm sido associadas a surtos epidêmicos da micose, inclusive com aparecimento de casos à distância, ou seja, em áreas não endêmicas.
A coccidioidomicose constitui uma doença de importância de saúde pública regional emergente no país, pois atinge áreas do semiárido do Nordeste, com registros nos estados do Piauí, Ceará, Maranhão, Bahia e Pernambuco. Frequentemente, os casos são diagnosticados na forma de pequenos surtos da forma pulmonar aguda, que acomete homens e cães, dias após exposição à poeira nas caçadas a tatus e na escavação de suas tocas. Geralmente apresenta-se como infecção respiratória benigna e de resolução espontânea, mas uma parcela dos indivíduos infectados evolui com quadros progressivos em pulmões e outros órgãos, especialmente sistema osteoarticular e SNC.
Animais domésticos e silvestres são suscetíveis ao fungo, mas o cão é o melhor marcador epidemiológico desta micose. Destaca-se o Brasil quanto à atividade de caçar e desentocar tatus de seu habitat, onde a infecção natural por C. immitis (posadasii) já foi diagnosticada em cães e tatus (D. novemcinctus) no estado do Piauí. Várias microepidemias e muitos casos isolados já foram identificados resultantes dessa atividade.
As micoses endêmicas sistêmicas não integram a lista nacional de doenças de notificação compulsória no Brasil. Elas também não são objeto de vigilância epidemiológica, de rotina, com exceção de estados brasileiros que instituíram essa notificação de iniciativa do seu âmbito de gestão.
Por isso não se dispõe de dados fidedignos acerca da coccidioidomicose no Brasil, cujo diagnóstico clínico e laboratorial ainda é precário ou tardio, e os dados disponíveis desta micose baseiam-se em inquéritos intradérmicos e relatos de casos.
No plano estratégico 2018, o Ministério da Saúde iniciou a estruturação do sistema de vigilância e controle das micoses endêmicas. Com a estruturação do sistema de vigilância, espera-se conhecer o perfil epidemiológico e seus determinantes sociais em saúde, bem como definir as medidas de controle na contenção da sua magnitude e vulnerabilidade no país.