Situação Epidemiológica
As micoses sistêmicas não integram a lista nacional de doenças de notificação compulsória no Brasil. Elas também não são objeto de vigilância epidemiológica de rotina, por isso, não existem dados epidemiológicos da ocorrência, magnitude e transcendência da candidíase sistêmica em nível nacional. No Brasil, a taxa de incidência chega a 2,49 casos de candidemia por 1.000 admissões hospitalares, nos hospitais públicos terciários que corresponde a uma taxa de 2 a 15 vezes maior que relatadas em países dos EUA e da Europa.
As altas taxas de candidemia encontradas em hospitais brasileiros podem decorrer de diferenças nos padrões de atenção aos doentes graves, tais como: número de profissionais de saúde por paciente, qualificação dos profissionais de saúde e adesão a práticas padrão de controle de infecção hospitalar. Além disso, essa variabilidade pode ser decorrente da natureza das doenças de base e/ou doenças associadas, do perfil de atendimento do serviço, das unidades de internação e dos protocolos de tratamento adotados. A literatura mostra que as espécies de Candida são consideradas patógenos oportunistas.
Embora existam aproximadamente 200 espécies, uma minoria está relacionada a maior interesse clínico, são elas: Candida albicans, Candida parapsilosis, Candida tropicalis, Candida glabrata, Candida krusei, Candida guilliermondii, Candida lusitaniae. E mais recentemente, surgiu uma nova espécie, a Candida auris, de alta virulência e resistente a múltiplos medicamentos. Cada uma dessas espécies apresenta características distintas em relação ao perfil de suscetibilidade aos antifúngicos, perfil de virulência frente ao hospedeiro, distribuição entre países, nas diferentes localidades do país e até mesmo de um hospital para outro, em uma mesma região ou cidade. A Candida albicans, por exemplo, predomina no mundo todo e pode ser responsável por 44-70% dos casos, dependendo do local estudado.