Tratamento
É eminentemente clínico-epidemiológico, não sendo empregado na rotina hospitalar exame laboratorial para confirmação do tipo de veneno circulante. No loxoscelismo na forma cutâneo-hemolítica, as alterações laboratoriais podem ser subclínicas, com anemia aguda e hiperbilirrubinemia indireta. Elevação dos níveis séricos de ureia e creatinina é observada somente quando há injúria renal aguda. No latrodectismo, as alterações laboratoriais são inespecíficas. São descritos distúrbios hematológicos (leucocitose, linfopenia), bioquímicos (hiperglicemia, hiperfosfatemia), do sedimento urinário (albuminúria, hematúria, leucocitúria) e eletrocardiográficos (fibrilação atrial, bloqueios, diminuição de amplitude do QRS e da onda T, inversão da onda T, alterações do segmento ST e prolongamento do intervalo QT). As alterações laboratoriais do foneutrismo são semelhantes às do escorpionismo, notadamente aquelas decorrentes de comprometimento cardiovascular.
Tipo de acidente |
Antiveneno |
Classificação Clínica |
Nº de ampolas |
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Loxoscélico |
SALoxA, SAArB |
Forma cutânea leve: Lesão incaracterística sem alterações clínicas ou laboratoriais. Se a lesão permanecer incaracterística é fundamental a identificação da aranha no momento do acidente para confirmação do caso. |
- |
Forma cutânea moderada: Presença de lesão “característica” ou altamente sugestiva (palidez ou placa marmórea, menor de três centímetros no seu maior diâmetro, incluindo a área de enduração), e dor em queimação ou a presença de lesão sugestiva (equimose, enduração, dor em queimação). |
5 |
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Forma cutânea grave: Presença de lesão extensa (palidez ou placa marmórea, maior de três centímetros no seu maior diâmetro, incluindo a área de enduração), e dor em queimação intensa. |
10 |
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Forma cutânea-hemolítica: A presença de hemólise, independentemente do tamanho da lesão cutânea e do tempo decorrido pós‐acidente, classifica o quadro como grave. |
10 |
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Fonêutrico |
SAAr |
Leve: Dor, edema, eritema, irradiação, sudorese, parestesia, taquicardia e agitação secundárias à dor. |
- |
Moderado: Manifestações locais associadas à sudorese, taquicardia, vômitos ocasionais, agitação, hipertensão arterial. |
2 a 4 |
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Grave: Prostração, sudorese profusa, hipotensão, priapismo, diarreia, bradicardia, arritmias cardíacas, convulsões, cianose, edema pulmonar, choque. |
5 a 10 |
Fonte: Adaptado do Manual de Diagnóstico e Tratamento de Acidentes por Animais Peçonhentos (2001) e Ofício Circular Nº 2 2014-CGDT/DEVIT/SVS/MS.
ASALox = Soro antiloxocélico.
BSAAr = Soro antiaracnídico (Loxosceles, Phoneutria, Tityus).
Não há disponibilidade de tratamento soroterápico para os casos de acidentes latrodécticos. Nestes casos, utiliza-se para o tratamento, além de analgésicos, Benzodiazepínicos, Gluconato de Cálcio e Clorpromazina. Há relatos de utilização de Prostigmine, Fenitoína, Fenobarbital e Morfina. Deve-se garantir suporte cardiorespiratório e os pacientes devem permanecer hospitalizados por, no mínimo, 24 horas.