Tratamento
As informações fornecidas neste site são exclusivamente para fins de conhecimento e não devem ser utilizadas como substituto para tratamento médico. Em caso de acidente com ofídicos ou qualquer outra emergência de saúde, recomendamos a procura imediata da orientação de um profissional de saúde qualificado.
O diagnóstico de envenenamento ofídico é eminentemente clínico-epidemiológico, não sendo empregado na rotina hospitalar exame laboratorial para confirmação do veneno circulante. Tempo de coagulação (TC), hemograma e função renal são importantes para o monitoramento da soroterapia e acompanhamento das complicações nos acidentes botrópicos, laquéticos e crotálicos.
Os acidentes causados por estas serpentes são divididos em quatro grupos, de acordo com o gênero da serpente causadora:
- Acidente botrópico: É causado por serpentes da família Viperidae, dos gêneros Bothrops e Bothrocophias (jararacuçu, jararaca, urutu, caiçaca, comboia). É o grupo mais importante, com cerca de 30 espécies em todo o território brasileiro, encontradas em ambientes diversos, desde beiras de rios e igarapés, áreas litorâneas e úmidas, agrícolas e periurbanas, cerrados, e áreas abertas. Causam a grande maioria dos acidentes ofídicos no Brasil;
- Acidente crotálico: É causado pelas cascavéis (Família Viperidae, espécie Crotalus durissus). As cascavéis são identificadas pela presença de guizo, chocalho ou maracá na cauda e têm ampla distribuição em cerrados, regiões áridas e semiáridas, campos e áreas abertas;
- Acidente laquético: Também é causado por serpentes da família Viperidae, no caso as espécies Lachesis muta e Lachesis rhombeata (surucucu-pico-de-jaca). A surucucu é a maior serpente peçonhenta do Brasil. Seu habitat é a floresta Amazônica e os remanescentes da Mata Atlântica;
- Acidente elapídico: É causado pelas corais-verdadeiras (família Elapidae, gêneros Micrurus e Leptomicrurus). São amplamente distribuídos no país, com várias espécies que apresentam padrão característico com anéis coloridos.
O tratamento é feito com o soro específico para cada tipo de envenenamento. Os soros antiofídicos específicos são o único tratamento eficaz e, quando indicados, devem ser administrados em ambiente hospitalar e sob supervisão médica.
Tipo de acidente | Antiveneno | Classificação Clínica | Nº de Ampolas |
---|---|---|---|
Botrópico | SABrB, SABLC ou SABCD | Leve: quadro local discreto, sangramento discreto em pele ou mucosas; pode haver apenas distúrbio na coagulação. | 2 a 4 |
Moderado: edema e equimose evidentes, sangramento sem comprometimento do estado geral; pode haver distúrbio na coagulação. | 4 a 8 | ||
Grave: alterações locais intensas, hemorragia grave, hipotensão/choque, insuficiência renal, anúria; pode haver distúrbio na coagulação. | 12 | ||
Crotálico | SACrE ou SABC | Leve: alterações neuroparalíticas discretas; sem mialgia, escurecimento da urina ou oligúria. | 5 |
Moderado: alterações neuroparalíticas evidentes, mialgia e mioglobinúria (urina escura) discretas. | 10 | ||
Grave: alterações neuroparalíticas evidentes, mialgia e mioglobinúria intensas, oligúria. | 20 | ||
LaquéticoA | SABL | Moderado: quadro local presente; pode haver sangramentos, sem manifestações vagais. | 10 |
Grave: quadro local intenso, hemorragia intensa, com manifestações vagais. | 20 | ||
Elapídico | SAElaF | Dor ou parestesia discretas, ptose palpebral, turvação visual. Considerar todos os casos como potencialmente graves devido ao risco de insuficiência respiratória, | 10 |
Fonte: Adaptado do Manual de Diagnóstico e Tratamento de Acidentes por Animais Peçonhentos (2001) e do Guia de Vigilância Epidemiológica (2019).
A Devido à potencial gravidade do acidente laquético, são considerados clinicamente moderados ou graves, não havendo casos leves.
B SABr = Soro antibotrópico (pentavalente);
C SABL = Soro antibotrópico (pentavalente) e antilaquético;
D SABC = Soro antibotrópico (pentavalente) e anticrotálico;
E SACr = Soro anticrotálico;
F SAEla = Soro antielapídico (bivalente).
Anexos:
- Boletim Epidemiológico - Volume 55 - n° 15 Epidemiologia dos acidentes ofídicos no Brasil em 2023.
- Ofício Circular nº 02/2014 - CGDT/DEVIT/SVS/MS - Protocolo clínico para acidente por serpente da família Elapidae em situação se escassez de antiveneno - “Coral Verdadeira”.
- Ofício Circular nº 04/2016 - CGDT/DEVIT/SVS/MS - Protocolo clínico para acidente por serpente do Gênero Bothrops em situação se escassez de antiveneno - “Jararaca”.