Vigilância e controle do vetor
A vigilância entomológica é uma ação realizada pelas equipes municipais de saúde, com o intuito de realizar o levantamento de informações dos insetos vetores e sua interação com o ambiente. As metodologias recomendadas são realizadas a partir de levantamentos amostrais nos imóveis ou com o uso de armadilhas. A partir do levantamento entomológico é possível calcular indicadores para monitorar a presença, a distribuição geográfica e a densidade dos insetos no tempo e no espaço, permitindo estimar os riscos de transmissão de patógenos e definir as intervenções de prevenção e controle vetorial, preferencialmente por meio do manejo integrado de vetores (MIV).
Na vigilância entomológica, há diferentes metodologias para levantamento de acordo com as diferentes fases de vida do vetor. Os indicadores principais são aqueles relacionados:
- à fase de larva (Índice de Infestação Predial – IIP, Índice de Tipo de Recipientes – ITR e Índice de Breteau – IB), obtidos pelo Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegytpi (LIRAa) ou LIA (Levantamento de Índice Amostral);
- à fase de ovo (Índice de Positividade de Ovo – IPO e Índice de Densidade de Ovo – IDO com as armadilhas ovitrampas); e
- à fase de adulto (Índice de densidade de mosquitos nas residências, Índice de positividade de armadilhas e Índice de densidade de mosquitos em armadilhas).
Um ovo demora entre 7 e 10 dias para virar um mosquito adulto
Métodos para controle de vetores compreendem toda prática que busca a prevenção, repressão ou exclusão de um organismo vetor de doenças. Para controle do Aedes, devem ser orientadas medidas para evitar a transmissão dos arbovírus, aí incluídas medidas individuais como o uso de telas e repelentes pelos pacientes durante o período de viremia, a fim de se evitarem novas transmissões, em especial para os familiares e vizinhos. É importante destacar a realização das ações para bloqueio da transmissão, em resposta aos primeiros casos suspeitos na localidade, com orientação à comunidade, aplicação de adulticida e controle casa a casa no perímetro do local provável de infecção (LPI) de um indivíduo.
As orientações do Ministério da Saúde para controle do mosquito Aedes aegypti , vetor das arboviroses urbanas, dengue, chikungunya e Zika são disponibilizadas por publicações, disponíveis na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde.
Informações adicionais sobre monitoramento entomológico e métodos de controle do Aedes aegypti, podem ser solicitadas pelo e-mail arboviroses@saude.gov.br.
Manejo Integrado de Vetores
Para aplicação dos métodos de vigilância entomológica e das medidas de controle de controle do Aedes, os sistemas locais de saúde devem se orientar por Manejo Integrado de Vetores (MIV). MIV é um processo de tomada de decisões para controle populacional de vetores, para reduzir ou interromper a transmissão de doenças. A abordagem visa melhorar a eficácia, a relação custo-efetividade e a sustentabilidade do controle, ecologicamente adequado, de doenças transmitidas por vetores. Resumidamente, a adoção do MIV obedece a um processo cíclico que envolve análise situacional, desenho de operação e planejamento, implementação, monitoramento e avaliação.
Controle de Vetores
As principais práticas para Controle de vetores são brevemente descritas a seguir:
Mecânico
O controle mecânico consiste em práticas para a proteção, a eliminação ou a destinação adequada de criadouros (tais como pneus, materiais recicláveis e outros resíduos), que devem ser executadas sob a orientação/supervisão do ACE ou ACS, e pelo próprio morador/proprietário ou responsáveis pelos imóveis.
A recomendação principal neste controle é eliminar espaços e recipientes que acumulem água e evitar o novo acúmulo. Quando não puderem ser descartados, a orientação é que sejam devidamente vedados ou, ainda, tratados.
Com apenas uma ação semanal de controle mecânico, é possível interromper o ciclo de vida do mosquito. Uma ação simples com 10 minutos de vistoria de casas e espaços públicos pode interromper esse processo, como orienta o folder 10 minutos conta o Aedes, elaborado sob supervisão de especialistas da Fundação Oswaldo Cruz, do Ministério da Saúde
Metodologia para coleta ovos Aedes aegypti
Biológico
O controle biológico se baseia no uso de parasitas, patógenos ou predadores naturais ou moléculas biológicas para o controle de populações do vetor, tais como Bacillus thuringiensis israelensis (BTI), espinosina ou peixes predadores de larvas do mosquito como os peixes da espécie Gambusia affinis.
Legal
Quando ocorre instituição de normas ou medidas legais para viabilizar o controle do vetor.
O Ministério da Saúde elaborou a publicação Programa Nacional de Controle da Dengue: Amparo Legal à Execução das Ações de Campo – Imóveis Fechados, Abandonados ou com Acesso não Permitido pelo Morador, para orientar o trabalho dos agentes de saúde em situações específicas, quando o imóvel encontra-se fechado ou quando a visita é recusada pelo morador.
Outra legislação do Ministério da Saúde é a Portaria MS/GM nº 2.142, de 09 de outubro de 2008, que trata de normas específicas para direcionar atividades da vigilância sanitária (Visa) em ações de prevenção e controle da dengue, em particular na gestão de atividades como ferros-velhos e similares.
Químico
Trata-se da utilização de insumos químicos (inseticidas) para controle de insetos de acordo com a fase de vida (larva e adulto) e os hábitos do vetor.
Os inseticidas podem ser classificados como larvicidas, para fases larvárias, ou adulticidas, para controlar insetos adultos, para os quais é utilizada aplicação residual ou aplicação espacial. Na aplicação residual insetos adultos, por contato com uma superfície coberta com o inseticida, se contaminam e morrem. Já por nebulização espacial (popularmente chamada fumacê) o controle ocorre através de fina névoa de partículas de inseticidas que são distribuídas no ar e atingem os adultos voadores daquele momento.
O Ministério da Saúde avalia diferentes alternativas para controle químico do vetor a partir de novas formulações com base na análise do monitoramento da resistência de populações de Aedes aegypti aos inseticidas utilizados.
A utilização de inseticidas em saúde pública tem por base normas técnicas e operacionais provenientes da Organização Mundial de Saúde (OMS), que preconiza os princípios ativos desses produtos e recomenda as doses para os vários tipos de tratamento disponíveis.
Para executar ações de controle vetorial, devem ser seguidos cuidados operacionais visando a garantia da segurança da saúde do trabalhador, para isso o Ministério da Saúde publicou o Manual sobre medidas de proteção à saúde dos Agentes de Combate às Endemias.