Notícias
COMBATE À DENGUE
Esclarecimentos sobre a dengue em sete tópicos
Foto: Banco de imagens
Com apenas alguns cliques, é possível navegar pelas mais variadas informações sobre a dengue: como ela é transmitida, quais os principais sintomas da doença e, também, o tratamento mais eficiente. Como? É só “dar um google”. Mas será que todo esse conteúdo encontrado na internet e espalhado rapidamente pelas redes sociais é realmente confiável?
Para não restar dúvidas, o Saúde com Ciência conversou com Rivaldo Venâncio da Cunha, especialista em arboviroses e coordenador de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fiocruz, sobre as principais narrativas que circulam por aí.
Confira abaixo as orientações do especialista e afaste de vez qualquer tipo de desinformação sobre a doença. E lembre-se sempre: informação responsável e verificada salva vidas.
Vírus da dengue
A dengue é causada por um vírus chamado vírus dengue (DENV). São conhecidos quatro sorotipos diferentes do vírus: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4.
Vale lembrar que é possível pegar dengue até quatro vezes ao longo da vida. Isso ocorre porque uma pessoa pode ser infectada com os quatro sorotipos existentes do vírus. Uma vez exposto a um determinado sorotipo, após a remissão da doença, o indivíduo passa a ter imunidade para aquele sorotipo específico, ficando ainda suscetível aos demais.
Transmissão da doença
A única forma de transmissão do vírus da dengue é por meio da picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti.
IMPORTANTE! Sobre esse tema há muitas narrativas duvidosas, como conteúdos enganosos que falam que a transmissão da doença não tem relação com aplicação de vacinas. Isso é falso. E também não existe transmissão de pessoa para pessoa. Agora você já sabe.
Infecção do mosquito
O mosquito se infecta de duas formas.
- Primeira: a fêmea já pode nascer infectada, ou seja, se os ovos já estiverem infectados, a fêmea já nasce contendo o vírus e não precisa de uma primeira alimentação para se infectar. Ao picar uma pessoa, ela também já transmite o vírus.
- Segunda: a fêmea se alimenta do sangue de uma pessoa que está com o vírus circulando na corrente sanguínea, se infecta e, a partir de alguns dias, passa a transmitir o vírus a novas pessoas.
Sintomas da dengue
Os principais sinais da doença são febre alta, manchas vermelhas pelo corpo, diarreia, dor de cabeça ou ao redor dos olhos e dores musculares e nas articulações.
É importante ficar atento à chamada fase crítica, que ocorre após três a sete dias do início dos sintomas e pode evoluir rapidamente para uma forma mais perigosa. É quando a febre começa a baixar, que os sintomas da dengue grave surgem, com os seguintes sinais: dor abdominal intensa, vômito persistente, às vezes até com sangue, sangramento nas gengivas ou nariz, dificuldade respiratória, confusão mental, fadiga, náuseas, queda da pressão arterial e sangue nas fezes.
“A falta de ar naquelas pessoas que têm um derrame pleural também tem sido observada com muita frequência”, afirma o coordenador da Fiocruz.
Atenção! Ficar em casa e se automedicar não é seguro. As 24 a 48 horas seguintes aos sinais de alarme são determinantes para evitar complicações e até morte. A orientação é sempre procurar atendimento médico imediatamente.
Coceira no corpo
De um modo geral, várias doenças infecciosas, sobretudo virais sistêmicas, podem causar coceira no corpo, muitas vezes acompanhada de vermelhidão com manchas de várias características. No caso da dengue, é comum coceira na palma da mão e na planta dos pés. Esses sintomas ocorrem também na zika e chikungunya.
Dificuldade de diagnóstico
- Febre: é um dos principais sintomas da dengue. Porém, ela pode não aparecer ou ser leve. “É muito raro uma pessoa ter dengue sem febre. As vezes é uma febre baixa, um calafrio, e a pessoa não sente. Ela mede a temperatura e acha que é outro problema. É raro, mas pode acontecer de a pessoa ter dengue sem febre”, explica Rivaldo.
- Teste negativo: ocorre quando a pessoa tem todos os sintomas de forma leve, mas o teste para dengue dá negativo. “Se a pessoa de fato está com dengue e o teste deu negativo, em geral, é resultante do tempo entre o início dos sintomas e a metodologia para o diagnóstico que foi escolhido. É preciso ficar atento”, orienta o especialista.
- Hemorragias: O sangramento não ocorre em 100% das pessoas que estão evoluindo para a forma grave da doença. A pessoa pode estar com a forma grave sem hemorragia.
Por isso, não espere os sintomas piorarem. Procure imediatamente atendimento médico e siga as orientações.
Principais Fake News sobre a doença
- Ivermectina como prevenção da dengue: o medicamento não serve para combater ou prevenir a dengue. “O remédio é um excelente antiparasitário, mas não serve para covid, assim como não serve para dengue. Ele é bom para tratar lombriga”, diz o especialista.
- Vacina agrava a doença: isso é falso. “Muitas pessoas têm acreditado em um suposto agravamento das manifestações clínicas decorrentes da vacina contra a dengue e não da doença em si. Isso não é verdade”, completa. A doença pode ocorrer de forma grave e, se não for tratada, pode ocasionar na morte do paciente.
- Vacina da dengue é transgênica, altera o DNA e causa câncer: mais uma narrativa absolutamente falsa. “A vacina não tem a capacidade de alterar o DNA de ninguém, nem de causar câncer. É uma irresponsabilidade, quase um crime, determinado tipo de informação que circula nas redes sociais”, finaliza.
A prevenção é o melhor remédio. Reserve 10 minutos por semana para acabar com possíveis focos do mosquito. Elimine qualquer recipiente com água parada ou que possa acumular o líquido. Além disso, aplique repelente em toda a família, principalmente nas crianças, grupo de risco da doença. Telas em portas e janelas também são ótimas formas de prevenção.