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CÂNCER TURBO
A mentira do “câncer turbo” e vacinas contra covid-19
Uma das estratégias dos criadores de desinformação é usar notícias em evidência no momento para espalhar conteúdos falsos, em especial sobre vacinas. Recentemente, surgiu a teoria enganosa do "câncer turbo". Ela afirma que há pessoas vacinadas contra a covid-19, especialmente as que receberam vacinas de mRNA, enfrentando algum tipo de câncer de rápido desenvolvimento. Isso é falso.
Grupos antivacinas usaram inclusive a princesa Kate Middleton, da família real britância, que anunciou estar em tratamento contra o câncer, como sendo resultado da vacina contra covid-19. A disseminação desse tipo de conteúdo tem gerado preocupação e dúvidas nas pessoas. Por isso, vamos esclarecer a desinformação e entender quais são as evidências.
A Ciência garante
Não há relação entre vacinas e câncer. É importante esclarecer que não há qualquer evidência que sugira que a imunização possa causar câncer, levar à recorrência da doença ou, ainda, acelerar a progressão.
O "câncer turbo", termo criado por grupos contrários à vacinação para vender a ideia de que imunizantes são perigosos, é baseado em relatos isolados de casos ou em especulações sobre mecanismos biológicos, sem respaldo em pesquisas científicas sérias e robustas.
Correlação x Causalidade
Primeiro, é preciso entender que a mera observação de eventos simultâneos não implica uma relação de causa e efeito. Por exemplo, um relatório europeu publicado pela The Lancet Oncology, importante revista científica sobre oncologia, estimou que, durante o primeiro ano da pandemia, cerca de 100 milhões de rastreios (exames realizados para detecção de casos suspeitos de câncer) foram perdidos. Menos de 1,5 milhão de pacientes com câncer foi atendido pelos médicos, 50% não receberam tratamento em tempo hábil e até um milhão pode ter tido câncer não diagnosticado.
Quando a pessoa não faz exames de rastreio, conforme as recomendações do Ministério da Saúde e sociedades médicas, a detecção do câncer pode ocorrer quando ele já estiver evoluído o suficiente para causar sintomas graves, reduzindo a sobrevida e acelerando o desfecho por falta de tratamento
Portanto, a queda nos exames durante a pandemia pode ter levado ao aumento de câncer detectado tardiamente, o que não tem nenhuma relação com as vacinas.
Posicionamento Científico
O Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos (National Cancer Institute) se posicionou de forma enfática: não há evidências de que as vacinas contra a covid-19 causem câncer ou afetem negativamente a saúde das pessoas nesse aspecto.
Mais uma vez, o único fato verdadeiro é o de pessoas espalhando um conteúdo sem nenhuma fonte confiável, caso concreto ou, ainda, solução para o possível problema. O único intuito é desacreditar as vacinas.
Funcionamento das vacinas de mRNA
Vale ressaltar que o RNA mensageiro (mRNA) não entra no núcleo das células, onde o DNA é armazenado. As vacinas de mRNA funcionam auxiliando as células a produzirem proteínas que ensinam o corpo humano a combater o vírus após uma infecção e, assim, contribuem para a prevenção de casos graves e óbitos pela doença.
Após cumprir sua missão, as moléculas de mRNA são rapidamente degradadas e eliminadas do organismo.
Importante! Desinformação pode matar
Uma narrativa falsa pode fazer com que milhares de pessoas recusem vacinas para prevenir diversas doenças evitáveis. O resultado? Mais pessoas doentes, hospitais lotados e, em alguns casos, até o aumento de mortes. Lembre-se de basear suas decisões de saúde em informações científicas confiáveis e evitar a propagação de desinformação.
As vacinas contra a covid-19 são seguras e ferramentas essenciais para controlar a doença e proteger a saúde pública. Não repasse narrativas sensacionalistas e que querem colocar medo na população.
Fontes:
www.reuters.com/article/factcheck-turbocancer-vaccine-idUSL1N3340PQ/