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VACINAÇÃO HPV
A ciência garante: vacinas contra HPV são seguras e protegem crianças e adolescentes
Você sabia que o Brasil oferece gratuitamente a vacina contra o vírus HPV para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos? O imunizante previne uma série de doenças, como câncer do colo do útero, de pênis, de ânus, de uretra e de garganta, além de prevenir condiloma (verruga genital). Infelizmente, a vacina tem sido usada em conteúdos enganosos, que criam na população desconfiança em relação à segurança e à eficácia da ação.
A importância da vacinação e da saúde da população não podem ser minimizadas por narrativas falsas. No Brasil, o câncer do colo do útero, por exemplo, é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre mulheres, excluídos os tumores de pele não melanoma. Por isso, entenda a doença, os sintomas e a melhor forma de prevenção.
O que é o vírus HPV?
O HPV (sigla em inglês para Papilomavírus Humano) é a infecção sexualmente transmissível mais frequente no mundo. A doença está associada ao desenvolvimento da quase totalidade dos cânceres de colo de útero e, também, de diversos outros tumores em homens e mulheres. O vírus provoca verrugas nas regiões oral (lábios, boca, cordas vocais), anal, genital e na uretra, além de câncer, a depender do tipo de vírus.
Será que preciso mesmo vacinar meus filhos contra o vírus?
A vacina é a medida mais eficaz de prevenção contra o HPV. Ela estimula o sistema imunológico a produzir anticorpos contra a doença, o que evita a infecção pelos quatro tipos mais prevalentes do vírus, sendo que dois (tipos 16 e 18) estão altamente relacionados ao desenvolvimento de câncer do colo do útero.
Os outros dois tipos combatidos pela vacina (tipos 6 e 11) não são oncogênicos, ou seja, não têm associação comprovada entre a infecção e o câncer, mas provocam, entre outros sintomas, a formação de verrugas, como descrito acima.
Há uma crença de que vacinar crianças contra uma infecção sexualmente transmissível fará com que elas iniciem a vida sexual mais cedo. Isso não é verdade. O motivo para vacinar crianças é puramente biológico, já que elas costumam ter uma resposta imunológica mais efetiva às vacinas do que os adultos, principalmente antes de entrarem em contato com o vírus.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a vacina gratuitamente a crianças e adolescentes de 9 a 14 anos. A imunização é indicada para meninas e meninos. O grupo prioritário também inclui pessoas com imunocomprometimento, vítimas de violência sexual e outras condições específicas, conforme o Programa Nacional de Imunizações (PNI), podendo receber a vacina até os 45 anos.
O Ministério da Saúde lançou este mês uma nova estratégia de vacinação contra o HPV: a partir de agora, o esquema vacinal será de dose única, substituindo o antigo modelo de duas aplicações. Com a medida, o estoque disponível no país praticamente dobra. O principal objetivo é aumentar a adesão à vacinação e ampliar a cobertura vacinal, visando eliminar o câncer do colo do útero como problema de saúde pública.
A recomendação da dose única foi embasada em estudos com evidências robustas sobre a eficácia do esquema frente às versões com duas ou três etapas. Além disso, o esquema segue as recomendações mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
Mesmo vacinada, a mulher deve continuar fazendo o exame de papanicolau após o início da vida sexual, pois ele consegue detectar as lesões precursoras do câncer de colo de útero. Quando as alterações são identificadas e tratadas, é possível prevenir a doença em 100% dos casos.
Os efeitos colaterais da vacina podem prejudicar crianças e adolescentes?
Não. As vacinas contra o vírus são seguras e compostas, principalmente, por proteínas virais ou partículas semelhantes ao vírus, além de ingredientes como sais, conservantes e adjuvantes, que ajudam a estimular uma resposta imunológica eficaz.
Esses ingredientes são cuidadosamente selecionados e monitorados para garantir a segurança da vacina. Além disso, não existe nenhuma relação do imunizante com qualquer doença autoimune. Estudos e revisões sistemáticas foram realizados e, até o momento, não foi encontrada nenhuma ligação causal.
Vale lembrar que doenças autoimunes podem ocorrer em qualquer pessoa, independentemente de terem recebido ou não a vacina.
Eventos adversos, como ocorre com qualquer vacina ou medicamento, podem ocorrer, sendo a grande maioria leves, como edema, dor de cabeça (cefaleia) e febre.
Por isso, pais, mães e responsáveis não devem ter medo de vacinar as crianças. Consulte fontes seguras sobre o tema.
Quais são os sintomas do HPV?
A maioria das pessoas não apresenta sintomas da infecção pelo HPV. Em alguns casos, o vírus pode ficar latente por meses ou anos, sem manifestar qualquer sinal visível a olho nu. Também pode apresentar manifestações subclínicas não visíveis a olho nu.
A diminuição da resistência do organismo pode desencadear a multiplicação do HPV e, consequentemente, provocar o aparecimento de lesões. A maioria das infecções (sobretudo em adolescentes) são resolvidas espontaneamente pelo próprio organismo, em aproximadamente 24 meses.
Caso apareçam manifestações do HPV, a ocorrência pode ser entre dois a oito meses ou demorar até 20 anos para aparecer. Elas são mais comuns em gestantes e em pessoas com imunidade baixa. O diagnóstico do HPV é atualmente realizado por meio de exames clínicos e laboratoriais, dependendo do tipo de lesão.
- Lesões clínicas: verrugas na região genital e no ânus (denominadas tecnicamente de condilomas acuminados e popularmente conhecidas como "crista de galo", "figueira" ou "cavalo de crista"). Podem ser únicas ou múltiplas, de tamanhos variados, achatadas ou papulosas (elevadas e sólidas). Em geral, são assintomáticas, mas podem causar coceira no local. Essas verrugas, geralmente, são causadas por tipos de HPV não cancerígenos.
- Lesões subclínicas (não visíveis ao olho nu): encontradas nos mesmos locais das lesões clínicas e não apresentam sinal/sintoma. Essas lesões podem ser causadas por tipos de HPV de baixo e de alto risco para desenvolver câncer e podem acometer vulva, vagina, colo do útero, região perianal, ânus, pênis (geralmente na glande), bolsa escrotal e/ou região pubiana. Com menos frequência, podem estar presentes em áreas extragenitais, como conjuntivas, mucosa nasal, oral e laríngea.
Tratamento
O tratamento das verrugas na região genital deve ser individualizado, considerando características das lesões (extensão, quantidade e localização) e efeitos adversos. Os recursos utilizados variam entre químicos, cirúrgicos e estimuladores da imunidade.
É muito importante procurar ajuda médica. O tratamento pode ser feito em casa ou no serviço de saúde, conforme indicação profissional para cada caso.
Para pessoas com imunodeficiência, as recomendações são as mesmas para pessoas vivendo com HIV e transplantadas. Porém, o paciente precisa de um acompanhamento mais atento, já que pessoas com imunodeficiência tendem a apresentar pior resposta ao tratamento.
O tratamento das verrugas anogenitais não elimina o vírus, por isso as lesões podem reaparecer. Pessoas infectadas e parceiros devem retornar ao serviço, caso identifiquem novas lesões.
Não caia em Fake News
Com saúde não se brinca. Por isso, é importante verificar informações que insistem em desqualificar a ciência e as vacinas e colocar medo na população. A imunização já conseguiu eliminar diversas doenças. Procure fontes confiáveis, principalmente quando o assunto é saúde.
Proteja a sua saúde. Não compartilhe desinformação!
Fonte:
- www.paho.org/pt/vacina-contra-virus-do-papiloma-humano-hpv
- bvsms.saude.gov.br/vacina-contra-o-hpv-a-melhor-e-mais-eficaz-forma-de-protecao-contra-o-cancer-de-colo-de-utero/
- butantan.gov.br/noticias/virus-hpv-pode-ficar-latente-no-organismo-durante-anos--saiba-os-sintomas-e-como-se-proteger
- www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2024/abril/ministerio-da-saude-adota-esquema-de-vacinacao-em-dose-unica-contra-o-hpv