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SAÚDE COM CIÊNCIA
Esclarecimentos e cuidados sobre acidentes com escorpiões
Foto: Internet
É muito comum ouvir relatos sobre o aparecimento de escorpião dentro de casa, mesmo que seja um apartamento. Ao se deparar com o animal, o que fazer? Há várias orientações na internet, em especial um vídeo que afirma que o “período de reprodução do escorpião ocorre nos meses de agosto e setembro e que nesta fase há uma maior concentração de veneno. Será?
O Saúde com Ciência conversou com especialistas e esclarece para você estes pontos e como é possível se prevenir se o animal aparecer na sua casa ou, ainda, se alguém for machucado.
Período de reprodução
Não existe um mês específico para reprodução dos escorpiões. A espécie que mais causa acidentes no Brasil é o escorpião-amarelo (Tityus serrulatus). Esta espécie, junto com outras poucas, se reproduz de forma partenogênese, ou seja, os ovos se desenvolvem sem serem fecundados. O escorpião-amarelo macho praticamente inexiste na natureza e os ovos não fertilizados das fêmeas se desenvolvem gerando novas fêmeas.
Se os escorpiões desta espécie estiverem em boas condições de alimentação, conseguem se reproduzir mais de duas vezes ao ano, o que pode ser feito logo após a ninhada anterior estar dispersa, geralmente algumas semanas após o nascimento. Estes filhotes vão procurar novos locais onde se abrigar e alimentar, o que favorece o aparecimento nas residências em áreas urbanas e, assim, a probabilidade de acidentes. Por isso, não há um mês determinado para a reprodução do animal e as pessoas devem se prevenir durante todo o ano.
Concentração de veneno
É importante entender que não existe relação entre período reprodutivo e concentração de veneno. O concentrado de toxinas depende da espécie, distribuição geográfica, estado nutricional e grau de maturidade do escorpião. Além disso, um escorpião nunca utiliza todo seu veneno em uma única picada. Ele pode causar um segundo acidente imediatamente após o primeiro. Outra possibilidade é o animal picar e não inocular veneno, é a chamada “picada seca”.
Uso de gelo após picada
Atenção! Para acidentes causados por escorpião-amarelo, gelo ou compressa de água gelada não devem ser utilizados, pois acentuam a sensação de dor, assim como pomadas ou medicamentos caseiros. O que pode auxiliar no alívio da dor, enquanto a pessoa picada procura atendimento médico, é o uso de compressa de água morna.
Sintomas
- Manifestações locais: dor imediata em praticamente todos os casos, podendo se irradiar para o membro e ser acompanhada de parestesia, eritema e sudorese local. Em geral, o quadro mais intenso de dor ocorre nas primeiras horas após o acidente.
- Manifestações sistêmicas: após intervalo de minutos até poucas horas (duas a três) podem surgir, principalmente em crianças, os seguintes sintomas: sudorese profusa, agitação psicomotora, tremores, náuseas, vômitos, sialorreia, hipertensão ou hipotensão arterial, arritmia cardíaca, insuficiência cardíaca congestiva, edema pulmonar agudo e choque. A presença dessas manifestações indica a suspeita do diagnóstico de escorpionismo, mesmo na ausência de história de picada ou identificação do animal. Crianças fazem parte do grupo mais suscetível ao envenenamento sistêmico grave.
Prevenção e primeiros-socorros
- Utilize nas casas e apartamentos soleiras nas portas e janelas, telas em ralos do chão, pias e tanques;
- Vede frestas e buracos em paredes e assoalhos;
- Acondicione lixo domiciliar em sacos plásticos, evitando a proliferação de baratas;
- Mantenha jardins e quintais limpos, não deixando acumular entulhos, folhas secas, lixo doméstico e materiais de construção nas proximidades das casas;
- Use calçados e luvas de raspas de couro nas tarefas de limpeza em jardins e quintais;
- Sacuda e examine roupas e sapatos antes de usá-los;
- Afaste camas e berços das paredes e evite que roupas de cama e mosquiteiros encostem no chão;
- Preserve os inimigos naturais de escorpiões: aves de hábitos noturnos (coruja, joão-bobo), lagartos, sapos, galinhas, gansos, macacos, quatis, entre outros;
- Em caso de acidente, a primeira coisa a ser feita é acalmar a pessoa e afastá-la do escorpião causador do acidente. Deve-se limpar o local da picada com água e sabão e a vítima deve então ser encaminhada, sem demora, para o ponto de atendimento médico de referência da região. Compressa de água morna ajuda no alívio da dor.
Tratamento
O diagnóstico de envenenamento por escorpião é eminentemente clínico-epidemiológico, não sendo empregado na rotina hospitalar exame laboratorial para confirmação.
Alguns exames complementares são úteis para auxílio no diagnóstico e acompanhamento de pacientes com manifestações sistêmicas, como
eletrocardiograma, radiografia do tórax, ecocardiografia e exames bioquímicos.
O tratamento específico é feito com o soro antiescorpiônico, de preferência, ou na falta deste, com o Soro Antiaracnídico (Loxosceles, Phoneutria e Tityus). Os soros devem ser administrados em ambiente hospitalar e sob supervisão médica.
Outras informações
Escorpiões são animais noturnos que não regulam a própria temperatura. Nos meses mais frios costumam diminuir seu metabolismo, ficando menos ativos. Por isso, os acidentes causados por escorpiões costumam aumentar nos meses mais quentes (e chuvosos), o que varia dependendo de cada região. Na Região Sudeste, por exemplo, que é a região onde os acidentes escorpiônicos são mais notificados, os meses de outubro e novembro são os mais prevalentes. Isso não significa que não ocorram nos demais meses do ano.
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