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Bill Gates liberou mosquitos no Brasil?
Foto: Internet
Circula nas redes sociais notícia falsa que afirma que Bill Gates liberou mosquitos no Brasil. Mas, afinal, qual a relação do bilionário com os mosquitos?
Desde 2011, o Ministério da Saúde, juntamente com a Fundação Bill & Melinda Gates e National Institutes of Health, tem investido no método Wolbachia. A metodologia é inovadora, autossustentável e complementar às demais ações de prevenção ao mosquito transmissor de doenças como dengue, Zika, Chikungunya e febre amarela. A origem da desinformação está exatamente no apoio que essa fundação oferece para implantar o método em vários países, entre eles, no Brasil.
A metodologia consiste na liberação na natureza do mosquito Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, fator que reduz sua capacidade de transmissão de doenças.
Dados do Ministério da Saúde revelam que o Brasil registrou mais de 6 milhões de casos prováveis de dengue em 2024 até o momento. O número, atualizado constantemente, pode ser conferido no painel de monitoramento de arboviroses do Ministério da Saúde. O panorama contabiliza, ainda, 256.381 casos prováveis de chikungunya, também transmitida pelo Aedes. Em relação à zika, os dados contabilizam 6.569 casos prováveis em 2024.
A adoção da vacina no SUS é uma alternativa importante e uma ação constante do Ministério da Saúde. No entanto, o Método Wolbachia é uma das alternativas que se soma a outras ações.
Como funciona
A Wolbachia é uma bactéria presente em cerca de 60% dos insetos, inclusive em alguns mosquitos. No entanto, não é encontrada naturalmente no Aedes aegypti. Quando presente neste mosquito, a bactéria impede que os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela se desenvolvam dentro dele, contribuindo para redução das doenças.
O método funciona assim: mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia são liberados para que se reproduzam com os Aedes aegypti locais estabelecendo, aos poucos, uma nova população dos mosquitos, todos com Wolbachia.
Com o tempo, a porcentagem de mosquitos que carregam a Wolbachia aumenta, até que permaneça estável, sem a necessidade de novas liberações. Este efeito torna o método autossustentável e uma intervenção acessível a longo prazo.
Vale ressaltar que esta iniciativa não usa qualquer tipo de modificação genética. E que a Wolbachia não pode ser transmitida para humanos ou outros mamíferos.
Sobre a ação
As primeiras liberações dos mosquitos contendo Aedes aegypti com Wolbachia no Brasil ocorreram em 2015 nos bairros de Jurujuba, em Niterói, e Tubiacanga, na Ilha do Governador, ambos no estado do Rio de Janeiro.
Em Niterói, por exemplo, o resultado alcançado após as solturas de mosquitos com Wolbachia em todo o município (2023) foi a redução de 69,4% dos casos de dengue, 56,3% dos casos de chikungunya e 37% dos casos de zika na cidade.
Atualmente, a ação foi expandida, ainda como pesquisa, para Campo Grande (MS); Petrolina (PE); Belo Horizonte; e como uma nova política de saúde pública em Uberlândia (MG); Presidente Prudente (SP); Fortaleza (CE); Manaus (AM); Londrina e Foz do Iguaçu (PR); Natal (RN) e Joinville (SC).
A iniciativa, que integra o projeto World Mosquito Program Brasil (WMPBrasil) da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), conta com a parceria do Ministério da Saúde e o apoio dos governos estaduais e municipais. O World Mosquito Program (WMP), instituição que detém a patente da tecnologia, é uma iniciativa internacional sem fins lucrativos que trabalha para proteger a comunidade global das doenças transmitidas por mosquitos.
Além do Brasil, também desenvolvem ações do programa países como: Austrália, Colômbia, Índia, Indonésia, Sri Lanka, Vietnã, e as ilhas do oceano pacífico Fiji, Kiribati e Vanuatu.
Prevenção
Em períodos fora da sazonalidade da doença é que ações preventivas devem ser adotadas. É o momento ideal para manutenção de medidas que visem impedir epidemias futuras. A população deve realizar ações de prevenção, tais como:
- Uso de telas nas janelas e repelentes em áreas de reconhecida transmissão;
- Remoção e limpeza de recipientes nos domicílios que possam se transformar em criadouros de mosquitos (como vasilha de água do animal de estimação e vasos de plantas);
- Vedação dos reservatórios e caixas de água;
- Descarte do lixo em local adequado;
- Desobstrução de calhas, lajes e ralos; e
- Participação na fiscalização das ações de prevenção e controle da dengue executadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Fontes
As referências usadas nesta matéria são as seguintes:
Método Wolbachia reduz casos de dengue em Niterói
Você sabe o que é o Método Wolbachia?
Mosquitos do ‘bem’ combatem a dengue
Bactéria Wolbachia: a história do método que se fortalece no combate à dengue no Brasil
Tecnologia “blindará” mosquito contra dengue em teste de cidades com até 1,5 milhão de habitantes
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