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SAÚDE COM CIÊNCIA
A vacina contra HPV é segura para crianças e adolescentes
Foto: Internet
Você já deve ter ouvido falar em HPV, sigla em inglês para Papilomavírus Humano. Ele é responsável pelo desenvolvimento de quase todos os cânceres de colo de útero, além de diversos outros tumores em homens e mulheres. O HPV é uma infecção sexualmente transmissível e está associado a verrugas, inclusive anogenitais (ânus e região genital). A boa notícia é que existe vacina contra a infecção pelo HPV, administrada ainda na infância ou adolescência (9 a 14 anos), como parte do Calendário Nacional de Vacinação.
Infelizmente, o imunizante é vítima de diversas Fake News, o que gera receio nas famílias em relação a aceitação da vacina. Muitas delas afirmam que o imunizante representa um perigo para o público infantil. Porém, a vacina é segura e eficaz e protege milhares de pessoas ao longo da vida.
Vamos saber mais sobre o HPV e as formas de proteção.
Transmissão
O HPV é transmitido sexualmente, e o uso de preservativos reduz o risco de sua transmissão durante o ato sexual, embora não elimine completamente a possibilidade de infecção. Isso ocorre porque o vírus é transmitido pelo contato direto entre a pele e as mucosas, ou entre as mucosas em si (como aquelas que revestem a vagina e o canal anal). Embora seja menos comum, não se pode descartar a chance de contaminação através de roupas ou objetos. Geralmente, a infecção tem resolução espontânea entre um a dois anos após a exposição. Caso a infecção persista após esse período, ela pode evoluir para as neoplasias relacionadas ao HPV.
A vacinação contra o HPV na infância e adolescência é essencial para prevenir infecções no futuro, quando a vida sexual e reprodutiva começar. Algumas pessoas erroneamente acreditam que a vacina pode incentivar o início precoce da vida sexual. No entanto, várias evidências desmentem essa suposição, demonstrando que não há relação entre a vacinação contra o HPV e o início precoce da atividade sexual nessa faixa etária.
Sintomas e sinais
A infecção pelo HPV não apresenta sintomas na maioria das pessoas. Em alguns casos, o vírus pode ficar latente de meses a anos, sem manifestar sinais (visíveis a olho nu), ou apresentar manifestações subclínicas (não visíveis a olho nu).
A diminuição da resistência do organismo pode desencadear a multiplicação do HPV e, consequentemente, provocar o aparecimento de lesões.
As primeiras manifestações da infecção surgem entre, aproximadamente, 2 a 8 meses, mas pode demorar até 20 anos para aparecer algum sinal da infecção. As manifestações costumam ser mais comuns em gestantes e em pessoas com imunidade baixa. O diagnóstico do HPV é realizado por meio de exames clínicos e laboratoriais, dependendo do tipo de lesão.
- Lesões clínicas: verrugas na região genital e no ânus (denominadas tecnicamente de condilomas acuminados e popularmente conhecidas como "crista de galo", "figueira" ou "cavalo de crista"). Podem ser únicas ou múltiplas, de tamanhos variáveis, achatadas ou papulosas (elevadas e sólidas). Em geral, são assintomáticas, mas podem causar coceira no local. Essas verrugas, geralmente, são causadas por tipos de HPV não cancerígenos.
- Lesões subclínicas (não visíveis ao olho nu): podem ser encontradas nos mesmos locais das lesões clínicas e não apresentam sinal/sintoma. Essas lesões podem ser causadas por tipos de HPV de baixo e de alto risco para desenvolver câncer.
Podem acometer vulva, vagina, colo do útero, região perianal, ânus, pênis (geralmente na glande), bolsa escrotal e/ou região pubiana. Menos frequentemente, podem estar presentes em áreas extragenitais, como conjuntivas, mucosa nasal, oral e laríngea.
Mais raramente, crianças que foram infectadas no momento do parto podem desenvolver lesões verrucosas nas cordas vocais e laringe (Papilomatose Respiratória Recorrente).
Prevenção
Vacinar-se contra o HPV é a medida mais eficaz de se prevenir contra a infecção. A vacina é distribuída gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e é indicada para:
- Meninas e meninos de 9 a 14 anos, com esquema de dose única;
- Mulheres e homens que vivem com HIV, transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea ou pacientes oncológicos na faixa etária de 9 a 45 anos, com esquema de três doses independentemente da idade, aplicadas aos 0 – 2 – 6 meses (segunda dose dois meses após a primeira e terceira 6 meses após a primeira dose);
- Vítimas de abuso sexual, imunocompetentes, de 15 a 45 anos (homens e mulheres) que não tenham tomado a vacina HPV ou estejam com esquema incompleto, com esquema de 2 doses para as pessoas de 9 a 14 anos e 3 doses para as pessoas de 15 a 45 anos;
- Usuários de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) de HIV, com idade de 15 a 45 anos, que não tenham tomado a vacina HPV ou estejam com esquema incompleto (de acordo com esquema preconizado para idade ou situação especial), com esquema de 3 doses.
- Pacientes portadores de Papilomatose Respiratória Recorrente/PRR a partir de 2 anos de idade.
- A vacina não previne infecções por todos os tipos de HPV, mas é dirigida para os tipos mais frequentes: 6, 11, 16 e 18.
O usuário de PrEP e a pessoa vivendo com HIV/aids (PVHA) pode se vacinar contra o HPV em qualquer sala de vacina pública (posto de vacinação, CRIE, Serviço de Atendimento/SAE, Centro de Testagem e Acolhimento), desde que apresente qualquer tipo de comprovação de que faz PrEP ou tratamento com antirretrovirais (TARV). Como sugestão aos prescritores, pode-se utilizar o formulário de "Prescrição de Imunizantes".
O exame preventivo contra o HPV, o Papanicolau é um exame ginecológico preventivo mais comum para identificar de lesões precursoras do câncer do colo do útero. Esse exame ajuda a detectar células anormais no revestimento do colo do útero, que podem ser tratadas antes de se tornarem câncer. O exame não é capaz de diagnosticar a presença do vírus, no entanto, é considerado o melhor método para detectar câncer de colo do útero e suas lesões precursoras.
Mesmo vacinada, a mulher deve continuar fazendo o exame de papanicolau após o início da vida sexual, pois ele consegue detectar as lesões precursoras do câncer de colo de útero. Quando as alterações são identificadas e tratadas, é possível prevenir a doença em 100% dos casos.
Segurança da vacina HPV
As vacinas contra o HPV são seguras e compostas, principalmente, por proteínas virais ou partículas semelhantes ao vírus, além de ingredientes como sais, conservantes e adjuvantes, que ajudam a estimular uma resposta imunológica eficaz.
Esses ingredientes são cuidadosamente selecionados e monitorados para garantir a segurança da vacina. Além disso, até o momento não existem evidências da relação entre o imunizante e doença autoimune ou qualquer outro evento grave. Estudos e revisões sistemáticas foram realizados e, até o momento, não foi encontrada nenhuma relação causal entre a vacina e esses eventos.
Vale lembrar que doenças autoimunes podem ocorrer em qualquer pessoa, independentemente de terem recebido ou não a vacina.
Eventos adversos, que são comuns a qualquer vacina ou medicamento, podem ocorrer, e são em sua maioria leves, como inchaço, dor de cabeça e febre. As Reações de Estresse à Vacinação (REV) podem ocorrer antes, durante ou após o processo de vacinação. No entanto, é fundamental que os profissionais de saúde estejam preparados para reduzir esse risco e reconhecer sua ocorrência de maneira imediata, a fim de tomar as medidas adequadas para prestar o atendimento correto, garantindo uma recuperação rápida do paciente. Por isso, a família e os responsáveis não precisam ter medo de vacinar as crianças. Consulte fontes seguras sobre o tema.
Fontes:
As referências usadas nesta matérias são as seguintes:
- Vírus HPV - PAHO
- Biblioteca - Ministério da Saúde
- Vírus HPV - Butantan
- Esquema de vacinação em dose única - Ministério da Saúde
- HPV - Ministério da Saúde
- Genovese C, LA Fauci V, Squeri A, Trimarchi G, Squeri R. HPV vaccine and autoimmune diseases: systematic review and meta-analysis of the literature. J Prev Med Hyg. 2018 Sep 28;59(3):E194-E199. doi: 10.15167/2421-4248/jpmh2018.59.3.998. PMID: 30397675; PMCID: PMC6196376.
Marcela Saad
Ministério da Saúde