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SAÚDE COM CIÊNCIA
Vacina contra Covid-19 não está associada à Púrpura Trombocitopênica Idiopática
Foto: Internet
Recentemente, começou a circular nas redes sociais narrativa falsa que associa a vacina contra a Covid-19 à Púrpura Trombocitopênica Idiopática (também conhecida por PTI), doença autoimune hematológica, geralmente benigna e de causa desconhecida.
Doenças hematológicas são aquelas que comprometem a produção dos componentes do sangue. Segundo a postagem, pesquisadores acompanharam por um ano a incidência da doença e concluíram que se trata de uma reação relacionada à vacina. A relação causal entre a vacina e a PTI não foi estabelecida por nenhuma pesquisa científica e nem confirmada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Então anota aí: o conteúdo é falso.
Vamos aos fatos?
A PTI é uma doença autoimune. Pacientes com essa condição apresentam baixa contagem de plaquetas (trombocitopenia), que são as células responsáveis pela coagulação do sangue, o que pode gerar quadros de equimose, petéquias e hemorragias.
O nome “púrpura” está diretamente ligado a um dos sintomas: o surgimento de manchas roxas na pele. Ela é mais comum em pacientes do sexo feminino que estejam ainda em idade fértil, mas também pode surgir em pacientes do sexo masculino ou em crianças, geralmente após algum outro tipo de infecção ou de doença, como a caxumba ou o sarampo.
Desde o início da vacinação alguns relatos de casos tem sido publicados e estes apresentam uma relação temporal entre a PTI e vacinas da plataforma RNA-mensageiro, como as vacinas da Pfizer e Moderna. Entretanto uma relação temporal não significa relação causal e outros estudos mais robustos precisam ser realizados para melhor compreensão desse fenômeno.
Causas
A PTI se dá quando o sistema imunológico começa a atacar suas próprias plaquetas, destruindo-as ou fazendo-as funcionar de forma não eficaz. Por isso é considerada uma doença autoimune.
O termo “idiopática” indica que as causas da PTI são desconhecidas. A enfermidade pode também se desenvolver como uma resposta exacerbada do sistema de defesa do organismo. Assim, se o paciente teve alguma outra infecção ou doença, a púrpura trombocitopênica idiopática pode se manifestar em seguida.
Evento Supostamente Atribuível à Vacinação ou Imunização
A Organização Mundial da Saúde (OMS) já fez um alerta sobre outra reação rara à vacina AstraZeneca, mas nenhuma relação constatada com PTI.
Após o uso em massa da vacina AstraZeneca, um evento adverso muito raro, o que significa menos de 1 caso para cada 10.000 doses administradas, chamado Síndrome de Trombose com Trombocitopenia (STT), envolvendo casos incomuns de coagulação sanguínea associados a baixas contagens de plaquetas, foi identificado como sinal de segurança pela farmacovigilância de vacinas.
Em 2021, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) concluiu que casos de STT que surgiram em vacinados pela AstraZeneca deveriam ser listados como reações adversas “muito raras”.
Em 2023, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que produziu a vacina AstraZeneca no Brasil, esclareceu que reações adversas como a STT são extremamente raras e possivelmente associadas a fatores predisponentes (fatores de risco) individuais.
Após o início da vacinação, a aquisição de novas vacinas e a queda progressiva e intensa de hospitalizações e mortes pela Covid-19, o uso das vacinas de vetor viral, como a vacina ChAdOx-1 da AstraZeneca, foi limitada para os grupos com melhor perfil de segurança em dezembro de 2022, conforme Nota Técnica n.º 393/2022. Desde então, o Ministério da Saúde deixou de adquirir e distribuir vacinas de vetor viral, dando preferência para a aquisição de vacinas de outras plataformas, conforme as orientações internacionais e recomendação da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI).
Segurança da vacina da AstraZeneca
A OMS, além das principais agências reguladoras, como Anvisa no Brasil, FDA nos Estados Unidos, EMA no Reino Unido, atestaram, e atestam, a segurança da vacina Covid-19 ChAdOx-1 da AstraZeneca.
Após autorização de uma vacina, o Programa Nacional de Imunização (PNI) e a Anvisa realizam uma vigilância constante para detectar e prevenir qualquer problema relacionado à vacinação. Isso permite a identificação de Eventos Supostamente Atribuíveis à Vacinação ou Imunização (ESAVI) raros e inesperados, e a implementação de medidas adequadas para mitigar riscos.
Vale destacar que esse monitoramento permitiu ao Ministério da Saúde concluir que a ocorrência dessas reações adversas é muito rara e que os benefícios da vacinação superam, e muito, os riscos.
Combate à desinformação
As vacinas contra Covid-19 são alvo frequente de desinformação. Por isso, é preciso atenção. Os criadores de Fake News muitas vezes usam acontecimentos verdadeiros, mas distorcem ou omitem informações para convencer as pessoas a não se vacinar. Cheque os conteúdos em sites oficiais e confiáveis antes de repassá-los a outras pessoas.
Fontes
As referências usadas nesta matéria são as seguintes:
Púrpura Idipática Trombocitopênica (PTI) - Conitec
Entenda o efeito colateral raro da vacina da AstraZeneca contra covid-19 - Ministério da Saúde
Idiopathic Thrombocytopenic Purpura and the Moderna Covid-19 Vaccine
Acute immune thrombocytopenic purpura post first dose of COVID-19 vaccination