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SAÚDE COM CIÊNCIA
Saúde com Ciência foi apresentado no G20 temático de saúde
Foto: Internet
“A disseminação deliberada de notícias falsas não apenas contamina nossas vidas e o ambiente digital, mas também afeta diretamente a saúde das populações. O combate à desinformação, portanto, salva vidas e melhora a nossa qualidade de entendimento dos processos sociais. A integridade da informação é fundamental para garantir a confiança pública nas instituições e é por isso que propomos debater com o G20 como atuar no combate à desinformação”, afirmou a ministra da Saúde, Nísia Trindade, durante o primeiro dia do encontro do G20 temático de saúde, realizado de 29 e 31 de outubro, no Rio de Janeiro (RJ).
Ao trazer à pauta a defesa de uma aliança internacional para o enfrentamento à desinformação em saúde, a ministra apresentou o programa Saúde com Ciência aos participantes do debate “Combatendo a Desinformação em Saúde: Desafios e Soluções”. O programa é uma iniciativa inédita do Governo Federal para o enfrentamento à desinformação e valorização da ciência, que completou um ano no dia 24 de outubro.
Nísia também destacou a intenção de expandir o programa para o contexto internacional, propondo ao G20 desenvolver estratégias coordenadas para proteger a saúde pública e assegurar a implementação de políticas baseadas em evidências.
Os participantes do encontro discutiram ações para conter os danos causados pelas fake news, especialmente no que diz respeito à vacinação e à confiança nas medidas de saúde pública. Para a ministra, o problema da desinformação é urgente e requer cooperação global para ser enfrentado de forma eficaz.
Participantes e temáticas
A reunião contou com a participação de diversos representantes e especialistas de saúde de países do G20 e organizações como a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
“É fundamental direcionar as principais fontes de informação que as pessoas utilizam e em que confiam para tomar decisões sobre vacinação. Também precisamos preparar nossos profissionais de saúde”, afirmou Jarbas Barbosa da Silva, diretor da Opas.
A vice-ministra da Saúde e secretária de Estado da Gestão da Saúde de Portugal, Cristina Vaz Tomé, compartilhou que em seu país 75% da população está vacinada contra a gripe e a nação tem investido em campanhas de conscientização e confiança na ciência.
Já o secretário de Políticas Digitais da Presidência da República do Brasil, João Brant, enfatizou o papel dos influenciadores e da comunicação voltada para diferentes demografias. "Nossa estratégia envolve parcerias com influenciadores de ciência, como Dráuzio Varella, e o uso de plataformas para fortalecer a imunização e combater a desinformação junto à população," explicou. Segundo ele, o governo brasileiro planeja capacitar 400 mil profissionais de saúde até 2027 para atuarem como agentes de combate à desinformação.
O papel das plataformas digitais e das big techs também entrou na pauta. Ana Estela Haddad, secretária de Saúde Digital do Brasil, defendeu a importância de dados confiáveis para fortalecer o combate às fake news, destacando o papel do DataSUS.
“Temos um departamento DataSUS, com 30 anos, que produz uma herança no conjunto de dados e cuida de tratar os dados para que a informação seja confiável. É preciso que as bigs techs assumam suas responsabilidades sociais e tenha consciência do estrago que estão ocorrendo mundo afora”, destacou Estela.
Jagmeet Sra, do Wellcome Trust, explicou que a instituição trabalha com uma rede de pesquisadores e vozes confiáveis e que é essencial apoiar as comunidades cientificamente para alcançar a população em maior escala.
Garth Graham, diretor de saúde do YouTube, detalhou ações da plataforma no combate à desinformação, incluindo a marcação de conteúdos verificados e o uso de inteligência artificial para aumentar a precisão da informação. Segundo ele, campanhas de prevenção à dengue e parcerias para ampliar o alcance das informações corretas durante a pandemia de Covid-19 são exemplos de ações já em prática.
Ao final do encontro, ficou clara a intenção dos representantes em criar uma frente unificada no G20 para o enfrentamento à desinformação. A ministra Nísia Trindade propôs que o G20 fortaleça estratégias de cooperação para que, em 2024, a população mundial tenha acesso a informações precisas e confiáveis sobre vacinas e saúde pública.
Saúde com Ciência
O programa foi criado como resposta ao crescimento de conteúdos falsos e prejudiciais nas redes sociais, especialmente no contexto das campanhas de vacinação. A ideia é garantir que a população tenha acesso a informações confiáveis, que venham de fontes acreditadas e canais oficiais.
No período de um ano, cerca de 100 mil conteúdos e comentários foram analisados, revelando que as narrativas mais comuns associavam falsamente a vacina contra Covid-19 a doenças como câncer, AIDS, e até controle populacional por meio de chips implantados.
G20
O Brasil recebeu pela primeira vez a Reunião de Ministros de Saúde do G20, que trouxe o tema a construção de sistemas de saúde resilientes, com quatro prioridades: prevenção, preparação e resposta a pandemias, com foco na produção local e regional de medicamentos, vacinas e insumos estratégicos de saúde; saúde digital, para expansão da telessaúde, integração e análise de dados dos sistemas nacionais de saúde; equidade em saúde; e mudança do clima e saúde.
Segundo Nísia Trindade, a criação da coalizão para produção regional de insumos estratégicos de saúde é uma das principais propostas à frente do G20.
Na programação, a ministra participou de uma conversa com jornalistas, na quarta-feira (30), sobre mudanças climáticas, saúde e perspectivas para a COP30. Além disso, fizeram parte da pauta do encontro temas como resistência antimicrobiana, telessaúde e integração dos dados de sistemas nacionais.
O encerramento dos trabalhos, na quinta-feira (31), foi concluído com um acordo unânime em dois documentos: a Declaração Ministerial sobre Mudança Climática, Saúde e Equidade e Uma Só Saúde e a Declaração do Rio de Janeiro de Ministros da Saúde do G20. “Nosso compromisso é claro: devemos construir sistemas de saúde sustentáveis e resilientes. A mudança climática representa uma ameaça significativa à saúde, especialmente para as populações mais vulneráveis. É nosso dever garantir que ninguém fique para trás”, defendeu a ministra Nísia.