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SAÚDE COM CIÊNCIA
Não há evidências robustas que a vacina contra covid-19 causa Síndrome de Guillain-Barré
Foto: Internet
Voltou a circular nas redes sociais mensagens de usuários que alegam que a vacina contra a covid-19 causa a Síndrome de Guillain-Barré (SGB), uma condição rara e grave que afeta o sistema nervoso. Mas, afinal, isso é verdade? Não há evidências robustas de que a vacina contra covid-19 causa Síndrome de Guillain-Barré até o momento.
Vamos aos fatos.
O que é a Síndrome de Guillain-Barré (SGB)?
A SGB é uma condição rara em que o sistema imunológico ataca os próprios nervos do corpo, causando fraqueza, com redução ou ausência de reflexos e, em casos mais graves, paralisia muscular. As causas exatas da síndrome ainda são desconhecidas, mas a doença geralmente é associada a um processo infeccioso anterior.
O Brasil registra um a quatro casos por 100 mil pessoas por ano de SGB, especialmente entre pessoas de 20 e 40 anos de idade. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a maioria das pessoas se recupera totalmente do distúrbio.
A síndrome ganhou esse nome em homenagem aos neurologistas franceses Georges Guillain e Jean Alexandre Barré, os primeiros a descrever a doença em conjunto com André Strohl em 1916.
A vacina contra a covid-19, como qualquer medicamento, pode estar relacionado a eventos adversos, mas isso não significa que ela esteja diretamente relacionada à Síndrome de Guillain-Barré. Os eventos supostamente atribuíveis às vacinas contra covid-19 têm sido, em sua maioria, leves a moderados e não duram mais do que alguns dias. São relatados, como reações à vacina, dor no local de injeção, dor de cabeça e febre baixa.
As vacinas são produzidas a partir de um rigoroso padrão de segurança e disponibilizadas à população após autorização da Anvisa. Em estudos e dados coletados, foi constatado que até o momento as evidências não são conclusivas sobre a associação causal entre a exposição à vacina e os eventos adversos neurológicos, como a SGB. Alguns estudos indicam que estes casos são mais frequentes entre indivíduos que testaram positivo para a covid-19 do que aqueles vacinados.
De acordo com o Programa Nacional de Imunizações (PNI), até o momento, eventos adversos graves supostamente atribuíveis às vacinas contra o coronavírus, como a síndrome de Guillain-Barré, se mostram extremamente raros e foram identificados mais rapidamente porque já constavam nas listas de eventos adversos de interesse especial que deveriam ser monitorados pelos países após a introdução das vacinas, aumentando a sensibilidade para a detecção de casos independentemente da vacinação.
Em julho de 2021, a Anvisa relatou que o Brasil totalizava, até aquele momento, 27 casos suspeitos de SGB após a vacinação contra covid-19. Apesar dos relatos, não houve uma confirmação científica da relação direta entre a vacina e a Síndrome. Ainda assim, à época, o PNI solicitou que os responsáveis pela regularização dos imunizantes AstraZeneca, Janssen e CoronaVac adicionassem em suas bulas informações sobre os possíveis riscos dessa reação.
Segurança
O Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), da Anvisa e do Instituto Nacional de Controle de Qualidade (INCQS/Fiocruz), em conjunto com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, realiza a investigação, a avaliação e o monitoramento de todos eventos supostamente atribuíveis à vacinação ou imunização (ESAVI), visando avaliar o benefício da vacinação e a segurança das vacinas em uso no país.
Os dados gerados pelo monitoramento de eventos supostamente atribuíveis à vacinação ou imunização (ESAVI), realizado pelo PNI, indicam que as vacinas contra covid-19 utilizadas no Brasil apresentam excelente perfil de risco/benefício, tendo um grande impacto positivo na saúde da população brasileira, evitando um número maior de óbitos e internações.
Tratamento para a SGB
O Sistema Único de Saúde (SUS) dispõe de tratamento para a Síndrome de Guillain Barré, incluindo procedimentos, diagnósticos clínicos, de reabilitação e medicamentos. O Brasil conta hoje com 136 Centros Especializados em Reabilitação, que atendem pacientes com a Síndrome de Guillain Barré pela rede pública de saúde. Além disso, a maior parte dos pacientes com Guillain Barré é acolhida em estabelecimentos hospitalares. O médico é o profissional responsável por indicar o melhor tratamento para o paciente, conforme cada caso.
Não caia em fake news
Antes de compartilhar informações nas redes sociais, verifique sempre a fonte e consulte portais oficiais, como o Ministério da Saúde, Anvisa e a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). A vacinação é uma das formas mais eficazes de combater a pandemia, e as vacinas passam por rigorosos testes de segurança e eficácia antes de serem aprovadas.
Fontes
As referências usadas nesta matéria são as seguintes: