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SAÚDE COM CIÊNCIA
Hidroxicloroquina não é recomendada como tratamento precoce contra Covid-19
Foto: Internet
De tempos em tempos, o medicamento hidroxicloroquina volta a ser apontado como tratamento precoce eficaz contra a Covid-19. A informação é falsa. Desde o início da pandemia da doença, o conteúdo já foi desmentido.
Recentemente, a narrativa voltou a circular, desta vez citando suposto estudo da Universidade de Oxford, no Reino Unido, que teria confirmado a eficácia da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19. Segundo o autor do texto, “revisitar a improvável saga do medicamento mais odiado da última década é um exercício de humildade para o establishment científico”.
Vamos aos fatos?
A hidroxicloroquina está presente em medicamentos contra a malária, reumatismo, inflamação nas articulações, lúpus, entre outros.
Durante a pandemia de Covid-19, a hidroxicloroquina foi considerada uma possível opção de tratamento precoce para a doença. No entanto, estudos científicos e análises de organizações de saúde, como o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS), concluíram que não há evidências científicas suficientes para comprovar a eficácia desse medicamento como tratamento precoce contra a Covid-19.
Ministério da Saúde
Em uma publicação de dezembro de 2021, o Ministério da Saúde destacou relatório da Comissão de Incorporação de Tecnologia ao Sistema Único de Saúde (Conitec), que rejeitou o “kit covid”, composto por medicamentos como cloroquina/hidroxicloroquina e azitromicina para tratamento precoce da doença, pois não há evidência que mostre qualquer benefício clínico.
OMS
Em uma página de perguntas e respostas do site da Organização Mundial da Saúde (OMS), atualizada em 2023, está publicada a recomendação contra o uso de hidroxicloroquina como tratamento precoce e como prevenção contra a Covid-19. O texto informa também que tomar o medicamento para prevenir a doença pode aumentar o risco de diarreia, náusea, dor abdominal, sonolência e dor de cabeça.
A OMS chegou a suspender, em definitivo, os testes com a hidroxicloroquina no ensaio clínico global Solidariedade, pois o remédio não apresentou benefícios contra a Covid-19. Em maio de 2020, ao suspender o estudo, a OMS ressaltou que: “Embora a hidroxicloroquina e a cloroquina sejam produtos licenciados para o tratamento de outras doenças – respectivamente, doenças autoimunes e malária –, não há evidência científica até o momento de que esses medicamentos sejam eficazes e seguros no tratamento da Covid-19.
“As evidências disponíveis sobre benefícios do uso de cloroquina ou hidroxicloroquina são insuficientes, a maioria das pesquisas até agora sugere que não há benefício e já foram emitidos alertas sobre efeitos colaterais do medicamento. Por isso, enquanto não haja evidências científicas de melhor qualidade sobre a eficácia e segurança desses medicamentos, a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) recomenda que eles sejam usados apenas no contexto de estudos devidamente registrados, aprovados e eticamente aceitáveis.”
Anvisa
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também já afirmou que não tem recomendação para uso de medicamentos que contém hidroxicloroquina e cloroquina no tratamento da covid-19. De acordo com a agência, não existe ainda nenhum ensaio clínico concluído que comprove os benefícios da hidroxicloroquina no caso da Covid-19, mesmo após diversos estudos. A Anvisa ressalta também que a automedicação pode representar um grave risco à sua saúde.
Pesquisa
Em artigo publicado na revista científica The Lancet Regional Health – Americas, pesquisadores relatam como ocorreu a disseminação do “tratamento precoce da Covid-19” com o chamado “kit covid” no Brasil.
De acordo com eles, referendado – sem comprovação científica – por autoridades públicas e médicos e bastante difundido nas redes sociais, nunca houve um embasamento científico que justificasse a prescrição desses medicamentos fora de um contexto de pesquisa.
Além disso, segundo eles, sempre houve diretrizes claras de entidades médicas e científicas internacionais, como National Institutes of Health (NIH) e Infectious Diseases Society of America (IDSA), e nacionais, como a Associação Médica Brasileira (AMB) e as Sociedades Brasileiras de Doenças Infecciosas e de Pneumologia e Tisiologia.
Orientação
Tanto o Ministério da Saúde quanto a OMS concluíram que a hidroxicloroquina não é eficaz como tratamento precoce para a Covid-19 e que seu uso pode estar associado a efeitos colaterais significativos.
É fundamental que as decisões terapêuticas sejam baseadas em evidências científicas robustas e nas diretrizes das autoridades de saúde competentes.
Segurança das vacinas
A Organização Mundial da Saúde destaca que diferentes estudos comprovam que as vacinas contra Covid-19 protegem contra formas graves da doença. Além disso, as vacinas desenvolvidas para combater a doença foram submetidas a rigorosos testes clínicos e revisões por pares antes de serem aprovadas.
Não caia em Fake News
Fique atento! Informações encontradas na internet e em grupos de trocas de mensagens, mesmo que encaminhadas por pessoas conhecidas, não devem substituir a busca por ajuda médica.
A desinformação envolve a disseminação deliberada de conteúdos desonestos para confundir e manipular a população. Ela pode se espalhar rapidamente, influenciando o comportamento das pessoas e potencialmente aumentando os riscos à saúde. Por isso, antes de repassar qualquer informação, verifique a fonte e o conteúdo e faça a checagem em sites oficiais.
Fontes
É falso que CDC admite que tratamento preventivo com antiviral para covid-19 é eficaz
OPAS/OMS esclarece posição atualizada sobre uso da hidroxicloroquina
Anvisa alerta: hidroxicloroquina não é recomendada contra coronavírus
Relatório da Conitec contraindica “kit covid”, reiterando posição do CNS
“Tratamento precoce” e “kit covid”: a lamentável história do combate à pandemia no Brasil