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COMBATE À DENGUE
Você sabe o que é o Método Wolbachia?
Insetário da Biofábrica do Rio de Janeiro (foto: Flávio Carvalho/WMP Brasil)
Você já ouviu falar no Método Wolbachia? Com o aumento de casos de dengue em 2024, o termo voltou a circular e muitas dúvidas surgiram sobre a eficácia da ação. Por isso, reponderemos às principais perguntas sobre o tema.
Entenda o método
A Wolbachia é uma bactéria presente em cerca de 60% dos insetos, inclusive em alguns mosquitos. No entanto, não é encontrada naturalmente no Aedes aegypti. Quando presente neste mosquito, a bactéria impede que os vírus da dengue, Zika, Chikungunya e febre amarela se desenvolvam dentro dele, contribuindo para redução das doenças.
O método funciona assim: mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia são liberados para que se reproduzam com os Aedes aegypti locais estabelecendo, aos poucos, uma nova população dos mosquitos, todos com Wolbachia.
Com o tempo, a porcentagem de mosquitos que carregam a Wolbachia aumenta, até que permaneça estável, sem a necessidade de novas liberações. Este efeito torna o método autossustentável e uma intervenção acessível a longo prazo.
IMPORTANTE! Os Wolbitos, como são chamados, não são transgênicos, ou seja, não há qualquer modificação genética no método, e também não transmitem doenças. A wolbachia não pode ser transmitida para humanos ou outros mamíferos.
Biofábrica Wolbachia
No final de abril, o Ministério da Saúde, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Governo de Minas Gerais e a prefeitura de Belo Horizonte, inaugurou a Biofábrica Wolbachia, em Belo Horizonte.
A nova unidade contará com laboratórios para a produção do método Wolbachia, uma das principais tecnologias no combate à dengue e outras arboviroses.
A administração da Biofábrica ficará a cargo da Fiocruz, em parceria com o World Mosquito Program (WMP), instituição que detém a patente da tecnologia. A previsão é de que a operação seja iniciada em 2025. A unidade será responsável pela manutenção do ciclo completo dos wolbitos, desde a produção de ovos aos mosquitos adultos, além da distribuição destes materiais biológicos e a alocação de equipes administrativas.
A estimativa é de que a produção semanal da Biofábrica chegue a dois milhões de mosquitos por semana. Na primeira fase, os mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia serão soltos na cidade de Brumadinho e em outros 21 municípios da Bacia do Rio Paraopeba. A expectativa da Secretaria Estadual de Saúde é que, posteriormente, ocorra a expansão da distribuição de mosquitos para todos os municípios mineiros.
A ação é uma estratégia para enfrentar futuras epidemias e proteger a população. O Método Wolbachia já havia sido implementado em partes da cidade de Belo Horizonte com a liberação de mosquitos. A primeira etapa, na região de Venda Nova, foi finalizada em janeiro de 2021. Em 2022, uma nova expansão foi iniciada e as liberações foram finalizadas em 2023.
Um amplo estudo clínico está sendo realizado para a comprovação da eficácia e impacto para proteger a população.
Exemplos bem-sucedidos
A cidade de Niterói (RJ) recebeu o Método Wolbachia e o resultado foi a redução de 69,4% dos casos de dengue, 56,3% dos casos de chikungunya e 37% dos casos de Zika na cidade. Outras localidades do país também estão se valendo do método, como Rio de Janeiro (RJ), Campo Grande (MS), Petrolina (PE), Joinville (SC), Foz do Iguaçu (PR) e Londrina (PR).
O trabalho de engajamento comunitário começará a ser realizado em breve também em Uberlândia (MG), Presidente Prudente (SP) e Natal (RN).
Reparação ambiental
Os recursos para a obra, iniciada em fevereiro de 2023, provém do acordo de reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem da mineradora Vale, em Brumadinho, em janeiro de 2019.
A tragédia tirou a vida de 272 pessoas e gerou uma série de impactos sociais, econômicos e ambientais na região.
Fontes:
Bactéria Wolbachia: a história do método que se fortalece no combate à dengue no Brasil
Ministério da Saúde inaugura biofábrica de mosquitos Wolbachia em Minas Gerais