Notícias
Vacina contra pólio
Tudo o que você precisa saber para vacinar as crianças contra a poliomielite
Foto: Victor Gautier
A poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, é uma doença contagiosa grave, que pode infectar crianças e adultos. Causada pelo poliovírus selvagem, a doença invade o sistema nervoso e pode causar paralisia permanente em pernas e braços e deixar sequelas motoras por toda a vida.
O Ministério da Saúde lançou a Campanha de Vacinação contra a Pólio, que vai até o dia 14 de junho, e reforça a importância da imunização como a única forma de prevenção contra a paralisia infantil. Vale lembrar que a vacina protege as crianças por toda a vida e é segura.
Para saber mais sobre a doença e a vacina, reunimos algumas respostas dos principais questionamentos sobre o tema. Confira abaixo.
A poliomielite não tinha acabado no Brasil? Por que a vacina é necessária?
O Brasil celebrou, em março deste ano, 35 anos de eliminação da paralisia infantil. Porém, isso não significa que o perigo não existe mais, pois a doença ainda existe em outras partes do mundo, e pode voltar. Até os anos de 1980, era comum ter crianças com pólio ainda nos primeiros anos de vida. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ao menos mil crianças ficavam paralisadas a cada dia no mundo em decorrência da doença. Graças à vacinação, única forma de prevenir a pólio, essa realidade mudou e nossas crianças não apresentam mais a doença.
Desde 2016, a adesão à vacinação vem caindo no Brasil. Por isso, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) incluiu o país na lista das nações que correm o risco de ter a reintrodução do vírus da pólio. De acordo com a ciência, quanto menos pessoas vacinadas, sobretudo crianças, grupo mais vulneráveis ao vírus, maior o risco da pólio voltar a se espalhar.
A doença permanece endêmica em dois países: Afeganistão e Paquistão, com registro de doze casos em 2023.
Quem deve se vacinar contra a pólio?
Na rotina de vacinação, todas as crianças menores de 5 anos devem ser vacinadas. Para as que tem menos de 1 ano, devem ser vacinadas com três doses de vacina inativada poliomielite (VIP) aos 2 meses, 4 meses e 6 meses de idade. Já as crianças de 1 a 4 anos devem receber dois reforços com vacina oral poliomielite (VOP) aos 15 meses e aos 4 anos de idade.
Onde encontro a vacina?
Procure uma unidade básica de saúde e leve as crianças menores de cinco anos de idade para atualizar a situação vacinal. A vacina é gratuita. Se a criança não tiver a caderneta de vacinação, não tem problema. Basta levar outro documento de identificação.
Como ocorre a transmissão da pólio?
A transmissão é feita pelo contato direto com fezes ou com secreções eliminadas pela boca das pessoas doentes. A falta de saneamento, as más condições habitacionais e a higiene pessoal precária constituem fatores que favorecem a transmissão do poliovírus, causador da poliomielite.
Como prevenir para que crianças não peguem a doença?
A vacinação é a única forma de prevenção da poliomielite. Todas as crianças menores de cinco anos de idade devem ser vacinadas, seguindo o esquema vacinal de rotina e a campanha nacional de vacinação.
Desde 2016, o esquema vacinal contra a poliomielite passou a ser de três doses da vacina inativada poliomielite – VIP (2, 4 e 6 meses) e mais duas doses de reforço com a vacina oral poliomielite – VOP (gotinha). A mudança está de acordo com a orientação da OMS e faz parte do processo de erradicação mundial da pólio.
Quais os sintomas da pólio?
Os sinais e sintomas da doença variam de acordo com as formas clínicas, desde ausência de sintomas até manifestações neurológicas mais graves. A pólio pode causar paralisia e até mesmo a morte, mas a maioria das pessoas infectadas não fica doente e também não manifesta sintomas, deixando a doença passar despercebida.
Os sintomas mais frequentes são: febre; mal-estar; dor de cabeça; dor de garganta e no corpo; vômitos; diarreia; constipação (prisão de ventre); espasmos; rigidez na nuca; e meningite.
Na forma paralítica, ocorre: instalação súbita de deficiência motora, acompanhada de febre; assimetria acometendo sobretudo a musculatura dos membros, com mais frequência os inferiores; flacidez muscular, com diminuição ou abolição de reflexos profundos na área paralisada; sensibilidade conservada; persistência de paralisia residual (sequela) após 60 dias do início da deficiência motora.
Quais as sequelas da pólio?
As sequelas da doença estão relacionadas com a infecção da medula e do cérebro pelo poliovírus, normalmente são sequelas motoras e não tem cura.
As principais são: problemas e dores nas articulações; pé torto, conhecido como pé equino, em que a pessoa não consegue andar porque o calcanhar não encosta no chão; crescimento diferente das pernas, o que faz com que a pessoa manque e incline-se para um lado, causando escoliose; osteoporose; paralisia de uma das pernas; paralisia dos músculos da fala e da deglutição, o que provoca acúmulo de secreções na boca e na garganta; dificuldade de falar; atrofia muscular; hipersensibilidade ao toque.
Essas sequelas são tratadas por meio de fisioterapia e da realização de exercícios que ajudam a desenvolver a força dos músculos afetados, além de ajudar na postura, melhorando, assim, a qualidade de vida e diminuindo os efeitos delas. Além disso, pode ser indicado o uso de medicamentos para aliviar as dores musculares e das articulações.
Como é feito o diagnóstico e tratamento da doença?
O diagnóstico da poliomielite deve ter atenção sempre que houver paralisia flácida de surgimento agudo com diminuição ou abolição de reflexos tendinosos em menores de 15 anos. Ele é realizado através da detecção de poliovírus nas fezes. Os exames de líquor (cultura) e a eletroneuromiografia são recursos diagnósticos importantes, que auxiliam no diagnóstico.
Todas as vítimas de contágio devem ser hospitalizadas, recebendo tratamento dos sintomas de acordo com o quadro clínico do paciente.
Importante: Não existe tratamento específico da poliomielite.
Moro no Rio Grande do Sul e não será possível ir no período da campanha (até o dia 14 de junho). Como faço?
Vá quando puder. O Movimento Nacional pela Vacinação dura o ano todo. As vacinas contra poliomielite fazem parte do Calendário Nacional de Vacinação e estão disponíveis todos os dias do ano nas salas de vacinação para as faixas etárias recomendadas pelo Ministério da Saúde. O importante é vacinar e proteger as crianças.
Adultos podem pegar pólio?
Embora ocorra com maior frequência em crianças, adultos não vacinados também podem pegar poliomielite. Por isso, é fundamental ter atenção aos cuidados que ajudam a reduzir a transmissão do poliovírus, como, por exemplo, lavar bem as mãos, ter cuidado com o preparo dos alimentos e beber água tratada.
O Ministério da Saúde orienta os serviços de saúde e usuários sobre a vacinação de viajantes internacionais contra a poliomielite, provenientes ou que se deslocam para áreas com circulação de poliovírus selvagem e derivado vacinal, conforme Nota Informativa nº 315/2021 - CGPNI/DEIDT/SVS/MS.
O Brasil recomenda, ainda, a emissão do Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia para a última dose da vacina contra a poliomielite a todo viajante residente no país. Esse certificado é emitido nos Centros de Orientação à Saúde do Viajante da Anvisa e credenciados.
Fontes:
Campanha de vacinação contra a Poliomielite