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Combatendo a desinformação: o que você precisa saber sobre vacinas, miocardite e morte súbita
- Foto: Rodrigo Nunes /MS
Se você recebeu alguma mensagem dizendo que jovens estão tendo miocardite porque tomaram vacina contra a Covid-19, ou leu em algum lugar que esse imunizante provoca morte súbita e outros males, saiba que essas notícias são falsas e aproveite para se informar sobre a importância e os benefícios da vacinação.
O que é miocardite?
É uma condição rara de inflamação no coração, que pode surgir como complicação durante diferentes infecções no organismo, ingestão de toxinas, uso de medicamentos que afetam o coração e distúrbios sistêmicos. Ela pode causar sintomas como: dor no peito, falta de ar, tontura, batimento cardíaco irregular, inchaço nos membros inferiores e cansaço excessivo.
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Por que estão relacionando miocardite e vacina contra Covid-19?
Na verdade, a miocardite foi identificada como um evento adverso de interesse especial (EAIE) antes mesmo do início da vacinação contra a covid-19. Os EAIE são agravos que possuem relação com a doença ou com a tecnologia empregada para o desenvolvimento da vacina. Por isso, os EAIE devem ser monitorados, independentemente da relação causal com a vacina, para a detecção oportuna de sinais de segurança (mudança no risco de ocorrência do agravo) após o uso em massa da vacinação.
Este monitoramento, realizado por todos os países, permitiu a detecção do aumento de casos de miocardite após a vacinação contra a covid-19, principalmente em jovens do sexo masculino e após a segunda dose de vacinas mRNA. A partir disso, diversas investigações e estudos foram realizados para avaliar a causalidade entre a vacina e a miocardite. Trata-se de um evento extremamente raro (0,3 a 5 casos a cada 100 mil doses administradas) cuja evolução, geralmente, é benigna (sobrevida >99%). Por outro lado, a miocardite pós covid-19 é muito frequente (1.000 a 4.000 casos a cada 100 mil pessoas infectadas), sendo que o prognóstico não é tão favorável (sobrevida entre 30 e 80%).
Diversos estudos demonstraram que ao prevenir a covid-19, as vacinas reduzem, por conseguinte, o risco de miocardite pós infecção. No Brasil, o risco de miocardite foi bem menor em comparação a outros países, inclusive, não tivemos óbitos em crianças e adolescentes. Essa diferença tem relação com o esquema vacinal adotado no país, com maior intervalo entre as doses, diminuindo a dose-resposta necessária para o desenvolvimento de eventos graves. Contudo, muitas informações que foram divulgadas omitem as evidências que demonstram o benefício da vacinação de forma deliberada, visando modificar a percepção de risco das pessoas e o comportamento delas, que passam a se expor à infecção e suas complicações que são totalmente evitáveis pela vacinação.
Quem espalha a desinformação sobre esse assunto está usando um recurso muito conhecido para criar e disseminar fake news: o uso de informações do passado no presente, ou seja, fora de contexto.
E o que são eventos adversos?
Todo medicamento, incluindo as vacinas, pode causar eventos adversos, que são conhecidos pela população como “reação à vacina". A maioria deles são leves e autolimitados (duram poucos dias), como dor no local de injeção, dor de cabeça e febre baixa. Os eventos graves (que requerem hospitalização) são raros e necessitam ser investigados para o estabelecimento de uma relação causal com a vacinação. O Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Instituto Nacional de Controle de Qualidade (INCQS/Fiocruz), em conjunto com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, realiza a investigação, a avaliação e o monitoramento desses eventos, visando avaliar o benefício da vacinação e a segurança das vacinas em uso no país.
Posso confiar na vacinação?
Para além das iniciativas que o Ministério da Saúde lidera, você também pode atuar como agente de combate à desinformação. Aprenda a checar conteúdos duvidosos, informe seus círculos de convivência sobre os perigos das notícias falsas, notifique as instituições responsáveis por coibir e esclarecer as fake news que você identifica, denuncie casos de calúnia e difamação às autoridades competentes e, na dúvida, nunca repasse aquela mensagem suspeita. Saiba mais sobre como você pode fazer a diferença!
Ministério da Saúde
Referências:
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OSTER, Matthew E. et al. Myocarditis cases reported after mRNA-based COVID-19 vaccination in the US from December 2020 to August 2021. Jama, v. 327, n. 4, p. 331-340, 2022.
PATEL, Trisha et al. Comparison of multisystem inflammatory syndrome in children–related myocarditis, classic viral myocarditis, and covid‐19 vaccine‐related myocarditis in children. Journal of the American Heart Association, v. 11, n. 9, p. e024393, 2022.