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SARAMPO
O que é fato e o que é boato sobre o aumento de casos de sarampo
- Foto: Erasmo Salomão /MS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) divulgaram, no final de 2023, um relatório que aponta o seguinte dado: em 2022, houve um aumento de 43% nas mortes ligadas ao sarampo em todo o mundo.
A constatação foi um prato cheio para os criadores de fake news. O grupo usou uma informação isolada – a alta de mortes pela doença – e espalhou que a razão dos óbitos é uma consequência da vacina da covid-19. Porém, não é isso que dizem as pesquisas. A narrativa é absolutamente falsa. Entenda o caso.
Menos vacina, mais doença
De acordo com o relatório, 136 mil vidas foram perdidas pela doença em 2022, sendo a maioria dos casos em crianças. Além disso, 9 milhões de casos foram registrados, o que representa uma alta de 18% em relação ao ano anterior.
A razão? O aumento de surtos e mortes por sarampo é realmente preocupante, mas, infelizmente, não é inesperado, já que houve uma baixa na taxa de vacinação contra a doença. Ou seja, a alta no registro de mortes por sarampo se deu exatamente pela falta de cobertura vacinal. A queda ocorreu, em grande parte, pelas dificuldades impostas pela pandemia da covid-19 e pelo crescimento do movimento antivacina.
Segundo o painel de vacinação da OMS, 83% dos bebês em todo o mundo receberam a primeira dose do imunizante em 2022. Já o esquema de vacinação completo foi concluído por cerca de 74% do grupo, número bem abaixo dos 95% recomendados pelas autoridades de saúde. Todos esses números significam que 22 milhões de bebês não receberam nem a primeira aplicação do imunizante.
A matemática é quase exata: menos proteção, mais risco de pegar a doença e ter consequências graves. A vacinação é a melhor defesa contra o sarampo. Crianças não vacinadas contribuem para a disseminação da doença na comunidade, afetando também outros indivíduos mais vulneráveis, como bebês que ainda não podem se vacinar e pessoas imunossuprimidas (com algum tipo de deficiência imunológica).
Ao contrário do que dizem os adeptos do movimento antivacina, a eficiência do imunizante é reconhecida e comprovada e pode durar a vida toda. Vale lembrar que, ao longo da história, imunizantes conseguiram erradicar ou eliminar diversas doenças e salvar milhares de vidas. É a ciência trabalhando a favor da saúde.
Brasil e o sarampo
Entre os bebês brasileiros, de acordo com o Programa Nacional de Imunizações (PNI), apenas 57,6% receberam as duas doses da vacina em 2022.
A queda da vacinação levou o Brasil a perder o certificado de eliminação do sarampo, concedido pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) em 2016, após uma eficiente campanha que ajudou a acabar com os casos da doença no país. Em 2018, o vírus voltou a circular e a provocar surtos. Um ano depois, em 2019, os casos da enfermidade explodiram e o país perdeu a certificação.
O cenário pede atenção e as medidas para enfrentar esse desafio já estão sendo tomadas, como investimento para uma série de ações, fortalecimento das campanhas de vacinação e ações de conscientização da população. Em 2023, o governo federal lançou o Movimento Nacional pela Vacinação, com foco prioritário na retomada das altas coberturas vacinais do Brasil. O movimento é uma das prioridades do governo federal para fortalecer o SUS e a cultura de vacinação do país. O movimento inclui a campanha de Multivacinação, com a estratégia de microplanejamento, método recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que consiste em diversas atividades com foco na realidade local.
Por isso, é muito importante mostrar ao maior número de pessoas a importância e segurança das vacinas e esclarecer as narrativas falsas que circulam pelas redes sociais e aplicativos de mensagens
Sarampo: um perigo a vista
O sarampo é uma infecção grave, causada por um vírus, e altamente contagiosa. Ela é transmitida de pessoa a pessoa ao tossir, espirrar, falar ou respirar. Um indivíduo infectado pode transmitir a doença para 90% das pessoas próximas que não estejam imunes. Por isso, o melhor e mais efetivo remédio para evitar a enfermidade é a vacina.
As consequências do sarampo são graves, principalmente em crianças pequenas, e incluem complicações como pneumonia, encefalite, convulsões, e, em alguns casos, pode levar a danos cerebrais permanentes ou até a morte.
Os principais sintomas do sarampo são manchas vermelhas no corpo e febre alta, que podem vir acompanhadas de tosse seca, irritação nos olhos (conjuntivite), nariz escorrendo ou entupido ou mal-estar intenso. Após o aparecimento das manchas, a persistência da febre é um sinal de alerta, principalmente para menores de 5 anos. Nestes casos, a indicação é procurar uma unidade de saúde para diagnóstico e orientação médica.
Toda criança tem o direito de ser protegida e a vacina é a melhor barreira para evitar doenças e suas consequências. Atualmente, a proteção faz parte da dose tríplice viral, imunizante que evita sarampo, rubéola e caxumba. No Brasil, as duas doses estão disponíveis gratuitamente no sistema público de saúde e são aplicadas no calendário regular do PNI aos 12 e 15 meses de idade. Porém podem ser aplicadas após esse período se houver atraso, sem perda da eficácia.
Eficácia da vacina contra a covid-19
A segurança do imunizante que combate a covid-19 é usada por grupos antivacinas para criar pânico e rejeição da população à vacinação. Porém, não há nenhuma razão para desconfiança. Vacinas contra a covid-19 são seguras. Os efeitos adversos são raros e, em sua maioria, leves. Os relatos mais comuns são cansaço, tosse, calafrios, dor no local da aplicação, coceira, hematoma, febre, dor no corpo, diarreia, náusea, dores musculares e nas articulações e dor de cabeça.
As vacinas aplicadas no Brasil passam por rigorosas análises de segurança. Mesmo após a comercialização e administração em massa dos imunizantes na população, eles continuam sendo monitorados e avaliados, de forma contínua e sistemática, pelas autoridades de saúde pública (Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Imunizações, e Anvisa).
Combate à desinformação
Não acredite em teorias conspiratórias sobre a vacinação. Descarte de vez as fake news! Elas confundem, geram medo e podem trazer consequências graves. Vacinas salvam vidas. Busque a unidade de saúde mais próxima e vacine-se!
Não repasse conteúdos duvidosos e ajude a combater a desinformação.
Fontes: