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Combate à dengue
É boato: ivermectina não é eficaz no combate à dengue
- Foto: Rodrigo Nunes /MS
A ivermectina, remédio antiparasitário, volta novamente a ganhar holofotes como possível solução para combater doenças, dessa vez, a dengue. A narrativa falsa foi divulgada em alguns perfis de profissionais da saúde, inclusive com repercussão na mídia, mas sem nenhum dado ou fonte que comprove a afirmação.
Para quem não lembra, o medicamento foi defendido na época da pandemia da covid-19 como parte de um tratamento precoce de combate à doença, porém sem nenhuma eficácia comprovada. Estudos rigorosos foram realizados ao redor do mundo e o resultado é claramente a ineficácia do medicamento no combate à covid-19.
Para ficar claro: a ivermectina também não é eficaz em diminuir a carga viral da dengue. O Ministério da Saúde não reconhece qualquer protocolo que inclua o remédio para o tratamento da doença.
Disseminação de fake news, principalmente quando se trata de um cenário epidemiológico que pede atenção, é extremamente perigoso. Por isso, saiba quais são os sintomas da dengue e qual o tratamento adequado para combate-la.
Quais os sintomas?
A infecção por dengue pode ser assintomática ou apresentar quadro leve. Mesmo assim, é muito importante ficar atento aos sinais, pois pode haver a evolução de um quadro leve para um quadro mais grave.
Os principais sintomas são febre, dor no corpo e nas articulações, dor atrás dos olhos, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça, manchas vermelhas no corpo, dor abdominal intensa, vômitos, letargia ou irritabilidade.
A pessoa com dengue não terá necessariamente todos os sintomas. A febre alta associada a mal-estar, dor de cabeça e dores pelo corpo é a forma de apresentação mais comum. A forma grave da doença, conhecida como dengue hemorrágica, inclui dor abdominal intensa e contínua, náuseas, vômitos persistentes e sangramento de mucosas.
Está com alguns desses sinais e não tem certeza se é dengue? Não espere os sintomas piorarem. Procure atendimento em uma unidade de saúde mais próxima para diagnóstico com um profissional, que indicará o tratamento adequado. E lembre-se: não se automedique.
A identificação precoce de casos potencialmente graves é essencial para a eficácia do tratamento, que será iniciado o mais rápido possível.
Como é feito o tratamento?
O médico identificará os sintomas a partir de uma pesquisa com o próprio paciente e seguirá o protocolo oficial, que podem incluir exames laboratoriais.
O tratamento para dengue é baseado principalmente na reposição volêmica adequada, considerando sempre qual o sorotipo da doença (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4).
Para os casos leves, a recomendação é repouso, enquanto durar a febre; hidratação (ingestão de líquidos); administração de paracetamol ou dipirona em caso de dor ou febre; e não administração de ácido acetilsalicílico. Na maioria dos casos, há uma cura espontânea depois de 10 dias.
É muito importante retornar imediatamente ao serviço de saúde em caso de sinais de alarme (dor abdominal intensa e contínua, náuseas, vômitos persistentes e sangramento de mucosas). O protocolo sugere a internação do paciente para o manejo clínico adequado.
As condutas clínicas indicadas pelo Ministério da Saúde são sustentadas em bases científicas e evidências de eficácia que garantem a segurança do paciente. Os medicamentos prescritos para o tratamento têm aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e constam na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais do Sistema Único de Saúde.
O indivíduo pode ter dengue até quatro vezes ao longo da vida. Isso ocorre porque ele pode ser infectado com os quatro sorotipos existentes do vírus. Uma vez exposto a um determinado sorotipo, após a remissão da doença, o indivíduo passa a ter imunidade para aquele sorotipo específico, ficando ainda suscetível aos demais.
Mulheres grávidas, crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas (asma brônquica, diabetes mellitus, anemia falciforme, hipertensão, entre outras) são mais suscetíveis a desenvolver complicações pela doença.
Vacina contra a dengue
Cerca de 3,2 milhões de pessoas devem ser vacinadas contra a doença no Brasil ao longo de 2024, considerando a capacidade limitada de fabricação das doses da vacina pela farmacêutica.
O imunizante, disponível a partir de fevereiro para 521 municípios de regiões endêmicas, incluindo 16 estados e o Distrito Federal, será destinado prioritariamente a crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos.
O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer a vacina no sistema público de saúde. Em dezembro de 2023, o Ministério da Saúde incorporou a vacina contra a dengue, após análise e recomendação da Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS (Conitec).
Cuidado: fake news pode matar
Não acredite em tudo que aparece na internet. Não existe receita milagrosa quando o assunto é saúde. Por isso, não repasse conteúdos duvidosos. Cheque os dados em fontes oficiais e informe a todos que você conhece o perigo da desinformação. Saiba mais sobre como você pode fazer a diferença!
Fontes:
- https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/dengue
- https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/svsa/dengue/dengue-manejo-adulto-crianca-5d-1.pdf/view
- https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/arboviroses/publicacoes/fluxograma-manejo-clinico-da-dengue_nov_2023/view