É falso afirmar que vacinas contra a covid-19 causam herpes-zóster

Não caia em narrativas falsas, procure informações em fontes oficiais

Publicado em 09/12/2024 18h22 Atualizado em 12/12/2024 14h53

Foto: Internet

Você já ouviu falar que herpes-zóster pode ser consequência da vacina contra covid-19? A afirmação é falsa e mesmo assim continua circulando nas redes sociais graças a grupos antivacinas. O objetivo é desacreditar as vacinas contra a doença e desestimular as pessoas a se vacinar.

O Saúde com Ciência mostra agora os motivos que fazem essa narrativa se tornar fake news.

O que é herpes-zóster

Também conhecida como cobreiro, a herpes-zóster é uma doença que aparece na pele. Ela é causada pelo vírus varicela-zoster (VVZ), o mesmo que provoca a catapora. Esse vírus permanece “adormecido” durante toda a vida da pessoa. A reativação ocorre na idade adulta ou em pessoas com imunidade comprometida, como as portadoras de doenças crônicas (hipertensão, diabetes), câncer, aids, transplantadas e outras.

Excepcionalmente, há pacientes que desenvolvem herpes-zóster após contato com doentes de varicela e, até mesmo, com outro doente de zóster, o que indica a possibilidade de uma reinfecção em paciente já previamente imunizado. É também possível uma criança adquirir varicela por contato com doente de zóster.

Um estudo de coorte publicado na JAMA Network Open, por exemplo, não encontrou associação entre a vacinação contra a covid-19 e um risco aumentado de infecção por herpes-zóster. Um estudo de revisão e metanálise, confirmou este resultado e sugeriu que estes eventos possam ter relação com a covid-19, mas não com a vacinação contra o vírus.

Apesar destes achados, um estudo identificou herpes-zóster como um sinal de segurança à vacina de RNA mensageiro contra a covid-19. Neste estudo os episódios de herpes zoster associada temporalmente à vacinação foram geralmente leves, sem mortalidade relacionada a casos relatados, e pouco frequentes. O que reafirma a risco benefício no uso da vacina.

Além disso, há na literatura alguns relatos (1, 2, 3, 4, 5, 6) de caso com associação temporal. Mas vale ressaltar que uma associação temporal não significa associação causal. Ou seja, sabe-se que o evento ocorreu após a vacinação, mas não há dados suficientes que comprovem que este evento está relacionado à vacinação contra covid-19.

Aprovadas e seguras

As vacinas contra a covid-19 utilizadas no mundo foram aprovadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e aplicadas em bilhões de pessoas em inúmeros países. Cada uma das vacinas liberadas passou por todas as fases de teste exigidas. Desde o lançamento, essas vacinas continuam sendo monitoradas pela OMS para garantir segurança e eficácia.

As vacinas utilizadas no Brasil e ofertadas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) são eficazes e seguras e possuem autorização de uso pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Além disso, elas passam por um rigoroso processo de avaliação de qualidade pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Como funciona a vacina contra a Covid-19

As vacinas de RNA mensageiro (mRNA) funcionam auxiliando as células a produzirem defesas para combater um vírus específico após uma infecção. Como todas as vacinas, as de mRNA beneficiam as pessoas, dando-lhes proteção contra doenças como a covid-19, as protegendo do quadro clínico grave da covid-19.

A tecnologia das vacinas de mRNA é nova, mas não desconhecida. Os pesquisadores vêm estudando e trabalhando com elas há décadas para outras doenças, como a gripe.

Confira aqui as diferenças entre as vacinas contra covid-19 aplicadas no Brasil.

Fake news, não!

Graças às vacinas foi possível reduzir o impacto da pandemia. Por isso, desconfie de narrativas que desqualificam vacinas. O imunizante contra a Covid-19 continua sendo a melhor ferramenta para salvar vidas e proteger a saúde de todos.

É importante lembrar: busque sempre informações em fontes oficiais e não compartilhe informações sem ter certeza da veracidade.

Combate à desinformação

O programa Saúde com Ciência é uma iniciativa interministerial de combate à desinformação na área da saúde e de valorização da ciência. A estratégia é promover informações íntegras e responder, de maneira preventiva, aos efeitos negativos das redes de desinformação.

Antes de repassar qualquer conteúdo, verifique se a fonte é confiável e procure a informação em sites oficiais. Desconfie de conteúdos sensacionalistas e que representam teorias da conspiração sem nenhum embasamento na realidade.

Fontes

Outras referências usadas:

Marcela Saad

Ministério da Saúde

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